Um novo coquetel de drogas sintéticas, conhecido como cocaína rosa, está invadindo a Europa e preocupando as autoridades locais. A substância, que combina estimulantes com alucinógenos, também é chamada de tucibi (2C-B), rosada, tusi, nexus ou eros.
A droga tem se tornado popular em festas e boates noturnas, principalmente na Espanha, onde um garoto de 14 anos morreu após ingerir a cocaína rosa sem perceber, Bélgica e Reino Unido. Na América do Sul, ganhou popularidade na Colômbia.
Na Argentina, o psicodélico está associado à morte de uma brasileira, encontrada morta em março de 2023 após cair do prédio de um empresário local. As investigações ainda não definiram se ela se suicidou ou foi jogada. A autópsia constatou o consumo da droga, mas a família contesta e crê em assassinato. Francisco Sáenz Valiente, dono do apartamento, está preso.
O que é a cocaína rosa?
A versão original do 2C-B foi sintetizada pela primeira vez na década de 1970. E é daí que surgiu o nome “tucibi”, gerado pela pronúncia em inglês. do do número 2 e das letras C e B. Mais recentemente, a droga voltou a ganhar força em 2010, já com o nome cocaína rosa.
No entanto, análises mostram que o produto vendido hoje raramente é o 2C-B. A droga é vendida como um pó rosa, que lembra a cocaína, o que explica a nova nomenclatura. Apesar do nome, o item também não costuma ter a própria cocaína.
Segundo relatórios do Observatório Espanhol sobre Drogas e Dependências, a maioria da droga analisada era uma mistura de outras substâncias mais baratas. 44% das amostras de cocaína rosa continham cetamina, cafeína e MDMA, popularmente conhecido como ecstasy.
Mas o que explica a coloração? A cocaína rosa têm essa cor pela adição de corantes alimentícios. Em alguns casos, foram detectados a adição de morango ou outros aromas. Esses itens são adicionados para a inalação do pó seja “menos desagradável”, segundo Claudio Vidal, diretor do serviço de monitoramento de drogas na Espanha.
Os perigos da cocaína rosa
Os riscos do consumo da cocaína rosa já são evidentes pelas substâncias misturadas para gerar o pó inalável. Porém, uma questão a torna ainda mais perigosa: a droga que circula atualmente é uma mistura imprevisível de substâncias. Ou seja, é uma roleta russa.
Os efeitos esperados pelos usuários são semelhantes à cocaína convencional, como euforia, alterações sensoriais e alucinações visuais e auditivas. No entanto, a imprevisilidade faz com que as consequências variar drasticamente entre os usuários.
A mistura de substâncias químicas da composição pode causar sedação, desmaios,desorientação, problemas cardiovasculares e neurológicos. O consumo de cocaína rosa é aindam mais perigoso ao ser misturado com o álcool, que pode aumentar os efeitos depressivos de ambas as substâncias.
Outro grande problema é a atração de jovens e novos usuários. Estas pessoas tendem a encarar a cocaína rosa como algo novo e separado da droga já conhecida. Até por isso, produtores e traficantes investem na nova coloração e aromas.
O relatório anual do OEDT analisa que a “cocaína rosa é um exemplo do ‘marketing’ mais sofisticado de substâncias sintéticas para consumidores, que provavelmente têm muito pouco entendimento sobre quais os produtos químicos que estão realmente a consumir”.