A minissérie Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, produção original da HBO Max, estreia em 13 de novembro e promete revisitar um dos casos mais emblemáticos da história recente do Brasil. Estrelada por Marjorie Estiano, a obra narra o assassinato da socialite mineira conhecida como “Pantera de Minas” — uma mulher elegante, independente e ousada, cujas atitudes desafiaram os padrões conservadores da década de 1970.
A produção promete ir além dos fatos. Por meio de uma abordagem sensível e contundente, ela busca compreender quem foi Ângela Diniz antes de se tornar símbolo de um crime que escancarou o machismo da sociedade e do sistema judiciário da época.
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O crime que chocou o país e expôs o machismo no julgamento
Em 1976, Ângela tinha 32 anos e vivia um relacionamento conturbado com Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street. Durante uma discussão na casa dela, na Praia dos Ossos, em Búzios (RJ), ele atirou quatro vezes contra a companheira, matando-a. O motivo? Doca não aceitava o fim do relacionamento.

Mesmo após confessar o assassinato, ele foi tratado por parte da imprensa e da opinião pública como vítima. No julgamento, a defesa de Doca alegou “legítima defesa da honra”, argumento que responsabilizava a própria Ângela por sua morte. O discurso, amplamente aceito à época, mostrava o quanto o país ainda tolerava a violência contra a mulher.
A pressão social, contudo, mudou o rumo da história. Em 1981, o Ministério Público recorreu da sentença inicial, e Doca foi condenado a 15 anos de prisão. Cumpriu cinco e obteve liberdade condicional em 1987.
Por que o caso Ângela Diniz ainda importa
Mais do que uma narrativa policial, o caso Ângela Diniz tornou-se um marco para o movimento feminista brasileiro. Sua morte mobilizou campanhas como o célebre “Quem ama não mata”, que denunciava a naturalização da violência de gênero e questionava a ideia de que o amor pudesse justificar um crime.
Décadas depois, o tema continua atual. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional o uso da “legítima defesa da honra” em tribunais do júri — uma vitória simbólica para mulheres que, como Ângela, foram silenciadas por sistemas que protegiam agressores.
Com a nova série da HBO Max, a história ganha um novo olhar e reforça a importância de falar sobre o assunto. Afinal, relembrar Ângela Diniz é também reafirmar a luta por respeito, justiça e igualdade.
Resumo:
A minissérie “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada”, da HBO Max, revive o caso que chocou o país em 1976. O crime, cometido por Doca Street, transformou-se em símbolo da luta contra o machismo estrutural e pela valorização da vida das mulheres.
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