“Estou casada há dois anos e sempre brigamos por causa de dinheiro. Ele é gastador, não pensa em fazer planos, e eu sou mais controlada. Qual a melhor forma de nos entendermos?”
P.H., por e-mail
A sua situação não é nada incomum. Segundo pesquisa do SPC Brasil, em 12% das famílias não há consenso sobre o destino do dinheiro. Além disso, só seis em cada dez pessoas contam ao companheiro todas as compras pessoais. Entre os que omitem, a maioria o faz pra evitar brigas. O ideal sempre é conversar sobre as finanças para construir um sonho em comum e fazer com que o melhor da personalidade de cada um seja levado em conta. Como você é mais controlada, ajude-o a gastar com um pouco mais de consciência e a pensar mais no futuro. Entretanto, essa mudança deve ser feita aos poucos, sem forçar demais. A minha sugestão é que vocês comecem organizando os ganhos e despesas. Depois, que passem a gastar de forma eficiente, fazendo uma reserva financeira para sonhos conjuntos (férias, carro novo, um filho…) e para alguns imprevistos também. E como lidar com o fato de que homens e mulheres têm preferências tão diferentes na hora de gastar dinheiro? Minha dica: façam o cálculo de quanto sobra após pagar as contas da casa e os gastos fixos do casal, como alimentação e educação, por exemplo. Depois de separar um valor para a reserva, dividam o restante em duas partes. Assim, cada um pode gastar da maneira que julgar mais conveniente. O casal terá liberdade pra fazer gastos considerados supérfluos, sem prejudicar o orçamento. E o mais importante é lembrar sempre que vocês têm em comum um objetivo de vida único e, por isso, se casaram. Portanto, o planejamento financeiro também deve ser unificado.
Falar sobre dinheiro nunca é demais
Quando a conversa sobre as finanças da casa já faz parte do hábito familiar, é muito mais fácil identificar algum problema, além
de o assunto fluir naturalmente. Você evita que o papo aconteça somente quando alguém está de fato envolvido em questões
mais sérias, como dívidas e inadimplência. Com tranquilidade, os problemas conseguem ser resolvidos mais facilmente.
Planejamento compartilhado
Organizar as finanças começa com os gastos do dia a dia, mas não acaba aí. Planeje um futuro em conjunto: muitos casais já
fazem esse trabalho, especialmente quando vão comprar um bem. Mas não se esqueça de planejarem a aposentadoria para poderem parar de trabalhar com tranquilidade.
Marcela Kawauti é formada em economia pela USP e tem mestrado da FGV. Com mais de dez anos de experiência, é economista-chefe do SPC Brasil e colaboradora do portal de Educação Financeira Meu Bolso Feliz.