Se você perdesse a sua fonte de renda hoje, teria dinheiro para sobreviver por quanto tempo até encontrar uma nova alternativa? E no caso de um dos canos da sua cozinha estourar, inundando tudo? Você teria como consertar assim que possível ou precisaria pedir um empréstimo? E se fosse necessário fazer uma cirurgia de emergência particular agora? É exatamente por isso que precisamos falar de reserva de emergência.
A pandemia no novo coronavírus pegou muita gente de surpresa. Quem tinha dinheiro guardado conseguiu evitar -ou pelo menos reduzir- os impactos causados pelo perda do emprego ou fechamento do negócio. Mas o fato é que nem todos conseguiram fazer este tipo de planejamento.
E para te ajudar a entender melhor o assunto, AnaMaria Digital fez uma live com a jornalista Nathalia Arcuri, CEO de um dos maiores canais de finanças do mundo no YouTube, o ‘Me Poupe!’. Durante o bate-papo, dentre os principais pontos ela destacou a importância de se investir em uma boa reserva de emergência para evitar maiores problemas no futuro.
MAS O QUE É RESERVA DE EMERGÊNCIA?
Sabe aquele dinheirinho guardado que pode salvar as contas no final do mês caso as coisas apertem? Este valor é mais conhecido como reserva de emergência, que fica guardada para possíveis imprevistos ou eventuais necessidades que possam vir a acontecer.
No entanto, a cultura de educação financeira ainda não é comum no Brasil e, por este motivo, milhares de pessoas continuam sofrendo para manter as contas em dia. Parte delas, inclusive, nem sequer consideram a possibilidade de guardar um montante para os momentos de necessidade, o que é considerado um grande erro.
PERDI O EMPREGO E NÃO TENHO RESERVAS. E AGORA?
Essa é a atual realidade de muita gente. Mas quando a ‘fonte’ seca, será que existe uma maneira de resolver? Arcuri explica que o problema está justamente em não se organizar para momentos de emergência como este. “Se eu estava empregado, a minha responsabilidade era ter feito a minha reserva de emergência. É legal até para pensarmos sobre o que não foi feito no passado”, alerta.
A especialista ainda chama a atenção para uma ‘desculpa’ muito comum usada pela maioria: a de não saber que poderia perder o emprego. “É importante ressaltar que todo mundo que está empregado, pode ficar desempregado, sim. Essa espécie de segurança que a gente acha que tem é muito irreal”, completa.
Se você é o mais novo desempregado do pedaço, a especialista orienta que a melhor coisa a fazer é parar tudo e observar seus hábitos envolvendo dinheiro. Dá para fazer isso pegando seus extratos bancários dos últimos três meses para avaliar como andou gastando.
“Já faz cinco anos que eu tenho lidado com anseios e angústias de pessoas do Brasil inteiro, e já vi gente que ganhava R$ 40 mil por mês com problemas provocados pela mesma questão: maus hábitos financeiros”, aponta a especialista.
MAS POR ONDE COMEÇO?
Segundo Nathalia, existe uma questão importante na hora de organizar a sua reserva financeira: é preciso consciência e planejamento. Sabe a história do extrato? Você também vai usá-lo para descobrir qual é o seu custo de vida mensal. Olhe lá e avalia os gastos que são importantes: Por exemplo: A de aluguel, X de supermercado, Y de farmácia e Z de transporte, fundamental para correr atrás de uma fonte de renda nova.
Vamos supor que você somou A+X+Y+Z e descobriu serem necessários R$ 2 mil todo mês. Basta multiplicar esse valor por seis meses, o que resultará em R$ 12 mil. Este deverá ser o valor mínimo da sua reserva emergencial. “É muito legal porque essa análise exige que a pessoa saiba quanto a vida dela custa, porque muitos acham que o custo de vida é o quanto ganham, mas, na verdade, é o quanto gastam, quanto usam para viver”, explica.
MAS COMO EU MONTO MINHA RESERVA?
O próximo passo é definir uma meta de valor para poupar todo mês. E é importante que isso seja feito regularmente. “Recebeu uma grana? Manda automaticamente 10% para o investimento. Não espere sobrar dinheiro no final do mês porque nunca vai acontecer”, aconselha Arcuri. Isso significa que, se você recebeu R$ 100, por exemplo, o ideal é poupar R$ 10. Já se você ganha R$ 3000, o ideal é guardar R$ 300 todo mês.
ONDE GUARDAR?
Como estamos falando de valores que precisam ser facilmente resgatados em caso de emergências, é preciso optar por investimentos que sigam esse perfil. E se você achou que a gente te indicaria a poupança, errou feio!
Atualmente, de acordo com Nathália, o lugar mais seguro para deixar a reserva de emergência é no Tesouro Selic. Não será um “estouro” de rendimento, mas certamente renderá muito mais do que a poupança.
Ela também cita outras alternativas, como os CDBs de liquidez imediata que paguem no mínimo 100% do CDI. Mas o que isso significa? O CDI nada mais é do que uma taxa que os bancos usam para emprestar dinheiro entre eles. Atualmente ele está perto de 2% ao ano.
“Já a liquidez imediata significa que eu vou poder pegar esse dinheiro a qualquer momento, assim como a poupança. Mas acontece que a poupança paga muito menos que o tal do CDI, então quando eu coloco o meu dinheiro em um CDB -hoje vários bancos digitais oferecem essa opção- vai pagar a mesma coisa lá que o tesouro SELIC, por exemplo”, detalha a especialista.
Outra vantagem, de acordo com Nathalia, é que caso tenha uma emergência e precise retirar o dinheiro, é possível fazer isso sem perder a rentabilidade. Vantajoso, não?