Mais um ano se inicia e, com isso, os gastos escolares também! Após um ano intenso para os estudantes por conta da pandemia do novo coronavírus, 2021 traz novas perspectivas para os pais e alunos. Entretanto, uma coisa é certa: o dinheiro desembolsado permanece o mesmo.
Tudo porque janeiro é conhecido por ser o mês queridinho dos estudantes, sempre animados para comprar o material escolar novo. Os utensílios escolares, porém, podem acabar custando verdadeiras fortunas, especialmente após um ano difícil para as finanças.
Em entrevista à AnaMaria Digital, mães, professoras e especialistas dão dicas relevantes para reduzir ao máximo os custos com a volta às aulas de 2021.
ORGANIZAÇÃO ANTES DE TUDO
Segundo Christian Coelho, CEO do Grupo Rabbit, consultora em gestão escolar, um bom ponto de partida é organizar os gastos. Para isso, é possível criar planilhas financeiras que contemplem todo o dinheiro investido na educação dos pequenos.
“Educação não é só o valor da mensalidade que os pais pagam todo ano. […] Atividades extracurriculares, passeios escolares, transporte e alimentação, para que os pais tenham consciência de quanto é o investimento que eles estão realizando”, explica.
REUTILIZAÇÃO
Débora Regina Magalhães, mãe de três filhos, professora e ativista por uma infância livre do consumismo, conta que a reutilização de materiais em bom estado é uma etapa essencial e que nem sempre é preciso sair comprando tudo novo.
“Muitas vezes têm coisas que mal usou, como cadernos que utilizou apenas três folhas, lápis que estão novos”, observa. “Antes de sair para comprar, pegamos todos os materiais do ano anterior, vemos o que dá para reciclar e o que dá para lavar, como mochila e estojo.”
Christian Coelho também sugere fazer uso de checklists com os itens que já possui, para que não se gaste com materiais desnecessários.
TROCA DE LIVROS E MATERIAIS
Livros didáticos normalmente estão entre os itens que mais encarecem a lista de materiais escolares. Por esse motivo, o Colégio Franciscano Pio XII, em São Paulo, desenvolveu um método de trocas de exemplares entre os alunos, a ‘Bibliotroca’.
De acordo com a organizadora do projeto, Mary Elizabeth Azevedo, todos os alunos da escola, independentemente da série em que estão, podem participar do projeto.
Na ocasião, as mães que entregam livros e materiais do ano anterior, têm o direito de requerer os livros da série em que os filhos irão cursar. Devido à pandemia da Covid-19, a ‘Bibliotroca’ ocorreu por meio do modelo drive-thru. Os livros também permaneceram em uma espécie de quarentena em uma sala isolada, antes de serem preparados para serem enviados às novas famílias.
“A economia gerada por esse projeto varia muito, pois as crianças pequenininhas usam só livros de leitura, economiza um pouco […] Já um aluno do 9º pode receber todo o material escolar na troca, todos os livros didáticos e paradidáticos e essa economia vai chegar muito provavelmente na casa de R$1500 à R$2000. […] O pai nunca vai perder dinheiro participando da ‘Bibliotroca’, ele sempre vai ganhar”, assegura.
Ana Cristina de Paula Tavares Grande, mãe de dois filhos, já participa da ‘Bibliotroca’ há sete anos e revela que, além da economia, o projeto também ensina os pequenos a terem cuidado com seus materiais.
“Com o passar dos anos eles [os filhos] foram aprendendo cada vez mais a importância de serem cuidadosos com os livros, pois sabem que no ano seguinte algum outro colega poderá usá-lo. Aprenderam também que apagando os livros podem reutilizá-los, sobrando uma economia extra que pode ser usada com outras coisas”, relembra.
DEIXE OS PEQUENOS EM CASA
Independentemente das compras serem feitas presencialmente ou online, o empresário salienta a importância dos filhos não estarem presentes no momento em que os pais irão fazer as compras para o ano letivo.
“Essa estratégia ajuda a evitar qualquer oportunidade que apareça de eles pedirem mais coisas, encarecendo os preços dos materiais”, diz.
COMPRAS COLETIVAS
Magalhães também sugere que as mães reúnam forças na hora de irem em busca dos materiais necessários. A co-fundadora do ‘Movimento Infância Livre de Consumismo’ (MILC), explica que as compras coletivas são vantajosas para todos os envolvidos. A dica também é interessante, em especial para as mães que, assim como ela, têm mais de um filho.
“Como são três, fica fácil me juntar com outras mães que têm também. A gente faz uma compra coletiva no atacado, levamos uma caixa de borracha, uma caixa de canetas, de lápis e assim vai dividindo”, revela.
Coelho sugere fazer o uso da web para colocar a ideia em prática. Basta procurar mães que também tenham interesse em reduzir gastos ao participar da compra coletiva. “Aproveite os grupos de pais nas redes sociais para tentar fazer compras coletivas dos novos materiais. Dessa forma, é possível conseguir descontos especiais com os lojistas”, conta.
FUJA DOS LICENCIADOS
Para finalizar, Magalhães chama atenção para o sobrepreço que os produtos de marcas licenciadas apresentam no mercado. A educadora ressalta que os pais que pretendem economizar nos materiais podem optar por um investimento mais alto, caso estejam visando a qualidade dos produtos, mas não por conta dos personagens famosos.
“Não ficar caindo nessa de ‘Ah, mas é bonitinho, tem adesivos’, eu sempre brinco que essa história de ter adesivo é algo que fica com dó de usar e depois vai para o lixo junto com o caderno no final do ano. Então, é uma bobagem você pagar mais caro em um caderno por causa de um adesivo”, enfatiza.
A ativista relembra que, com um pouco de criatividade, mesmo os materiais mais básicos podem ser decorados. “Não precisa ser feio, você pode encapar, pode caprichar, pode fazer uma coisa legal, bonita, atraente, o que não pode é cair nessa garra do consumismo, nessas artimanhas”, indica.