A remuneração de políticos e juízes federais no Brasil é, em média, 22 vezes maior do que a renda média do trabalhador brasileiro. Essa realidade não só evidencia uma grande disparidade salarial no país, mas também nos coloca atrás de nações vizinhas, como Argentina e Chile, em termos de igualdade.
Mas afinal, por que a diferença de renda entre quem nos governa e a população é tão gritante? A questão central está nos vencimentos de quem ocupa cargos públicos de alto escalão. Para exemplificar, enquanto o salário do presidente e dos deputados federais foi de R$ 44 mil em 2024, a renda domiciliar média no Brasil era de R$ 2.069, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Essa disparidade de renda tem um impacto direto na qualidade de vida das famílias e na distribuição de recursos na sociedade. Além disso, quando o salário de políticos e juízes é muito mais alto do que a média da população, gera-se uma sensação de distanciamento entre o poder público e os cidadãos.
O estudo “Índice de Disparidade Salarial 2025”, do grupo Livres, comparou 16 países e mostrou que a realidade brasileira é mais acentuada. O índice de desigualdade no Brasil é de 22, enquanto a média de países em desenvolvimento é de 16,8. Isso significa que, em relação à desigualdade salarial entre o alto escalão do poder e a população, nosso país está mais distante do equilíbrio.
Quando a disparidade salarial ultrapassa o teto constitucional
O teto salarial do serviço público federal é estabelecido com o objetivo de conter a remuneração e evitar excessos. No entanto, a realidade dos magistrados federais no Brasil muitas vezes supera esse limite. O Conselho da Justiça Federal (CJF) define a renda bruta dos juízes em cerca de R$ 35,8 mil para os substitutos e R$ 39,7 mil para os desembargadores. Porém, verbas indenizatórias podem elevar os vencimentos acima desse teto.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aponta que a renda média dos magistrados federais foi de R$ 48,6 mil no ano passado, o que já ultrapassa a regra do CJF. Essa discrepância se aprofunda ainda mais quando se observam casos específicos, onde juízes receberam até R$ 444 mil, conforme o jornal Folha de S.Paulo.
A realidade dos países vizinhos
É relevante notar que a situação da disparidade salarial brasileira é mais crítica quando comparada à de vizinhos. Na Argentina, por exemplo, o presidente teve uma remuneração que era 9,2 vezes maior do que a renda média da população. No Chile, a diferença é de 13,7 vezes.
O levantamento do grupo Livres destaca que a remuneração dos políticos e magistrados federais tem um peso significativo nessa conta. Os salários dos membros da Suprema Corte brasileira são 22 vezes maiores do que a renda média da população, enquanto na Suíça e na Alemanha, essa diferença é de apenas 6 vezes.
Resumo: A desigualdade salarial no Brasil, especialmente entre o alto escalão do serviço público e a população, é um desafio notável. Os vencimentos de políticos e juízes evidenciam uma disparidade que nos coloca em uma posição menos favorável do que a de outros países, o que reforça a necessidade de discutir a distribuição de renda e os critérios de remuneração pública.
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