O programa Péde-Meia tem ganhado cada vez mais atenção no cenário político e econômico do Brasil. Com a proposta do governo federal de incluir o Pé-de-Meia no Orçamento de 2025, o debate sobre suas implicações fiscais e sociais tomou novo fôlego. Essa mudança traz questionamentos importantes sobre o financiamento da educação pública e a gestão de recursos em tempos de restrição orçamentária. Neste artigo, vamos entender o que é o Pé-de-Meia, como o governo pretende incluí-lo no orçamento anual, quais são os desafios legais e técnicos envolvidos e, principalmente, o que essa decisão representa para os estudantes e para a estrutura do ensino público brasileiro. Continue lendo para compreender todos os aspectos dessa pauta que une educação, economia e cidadania.
O que é o Pé-de-Meia e qual seu objetivo principal?
O Pé-de-Meia é um programa de incentivo à permanência de estudantes do ensino médio na escola pública, com foco em jovens de baixa renda inscritos em programas sociais. O objetivo é reduzir a evasão escolar, oferecendo um auxílio financeiro mensal ao aluno, que poderá ser resgatado ao final da conclusão do ensino médio. Criado para funcionar como uma poupança educacional, o Pé-de-Meia estimula a conclusão dos estudos e a continuidade na vida acadêmica. A lógica é simples: ao vincular um benefício financeiro ao desempenho e frequência escolar, o governo espera combater um dos principais gargalos do sistema educacional brasileiro — a desistência durante o ensino médio.
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Por que o governo quer incluir o Pé-de-Meia no Orçamento?
A inclusão do Pé-de-Meia no Orçamento de 2025 é uma resposta direta a uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), que exige que todos os programas com impacto fiscal estejam adequadamente previstos na lei orçamentária anual. Atualmente, o programa opera fora do fluxo tradicional, o que gera insegurança jurídica e limita sua expansão. Ao inseri-lo formalmente na peça orçamentária, o governo busca garantir sustentabilidade financeira, transparência na execução e segurança para sua continuidade nos próximos anos. Além disso, essa inclusão permite que o programa seja auditado e acompanhado com maior precisão pelos órgãos de controle e pela sociedade.
Quais despesas devem ser cortadas para abrir espaço no orçamento?
Para encaixar o Pé-de-Meia sem extrapolar o teto de gastos da educação, o governo pretende remanejar recursos dentro do próprio Ministério da Educação. A estratégia envolve cancelar despesas já previstas no orçamento, especialmente aquelas que possam ser reclassificadas ou substituídas por ações do programa. Entre os gastos sujeitos a cortes, estão despesas consideradas discricionárias, como projetos complementares ou programas com baixa execução. A meta é substituir esses valores por investimentos no Pé-de-Meia, sem comprometer o cumprimento do piso constitucional da educação, que exige a destinação de 18% da receita líquida de impostos para o setor.
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O Pé-de-Meia conta como gasto obrigatório da educação?
Essa é uma das maiores controvérsias sobre o programa. O TCU entende que o Pé-de-Meia, para ser considerado no piso da educação, precisa atender aos critérios de “manutenção e desenvolvimento do ensino”. Ou seja, não basta que seja um benefício voltado a estudantes; ele deve contribuir diretamente para a melhoria do processo educacional. O governo tenta enquadrá-lo nesse escopo argumentando que o programa combate a evasão escolar e promove a equidade. Ainda assim, há divergências técnicas sobre se a poupança estudantil pode ser equiparada a investimentos em infraestrutura ou material didático. Essa definição legal será crucial para o futuro do programa dentro do Orçamento federal.
Como a inclusão no Orçamento afeta os estudantes beneficiados?
Para os estudantes, a formalização do Pé-de-Meia no Orçamento significa maior segurança quanto à continuidade do programa. Além disso, garante previsibilidade de pagamentos e reduz o risco de cortes abruptos em momentos de crise fiscal. Isso é especialmente relevante para famílias em situação de vulnerabilidade social, que contam com esse recurso como incentivo à formação escolar. Outro benefício indireto é a ampliação da visibilidade do programa, que pode resultar em novas melhorias e maior alcance. A alocação orçamentária cria um compromisso institucional com a educação pública e reforça a importância de políticas que combatem a desigualdade de oportunidades.
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O Pé-de-Meia tem potencial para ser permanente no orçamento?
A permanência do Pé-de-Meia no orçamento depende de três fatores principais: segurança jurídica, viabilidade fiscal e apoio político. Com a decisão do TCU, o respaldo legal já começa a se estruturar. No entanto, a sustentabilidade fiscal do programa exige planejamento de longo prazo, principalmente considerando o valor necessário para atender todos os alunos elegíveis. Estima-se que, para funcionar plenamente, o Pé-de-Meia precisaria de até R$ 10 bilhões anuais — muito acima do valor atual previsto. Isso requer não apenas cortes estratégicos, mas também uma gestão eficiente e novas fontes de receita, ou realocação de prioridades dentro do Ministério da Educação. Se bem estruturado, o programa tem tudo para se tornar uma política de Estado e não apenas de governo.
Qual o impacto orçamentário real do Pé-de-Meia?
Embora o Orçamento de 2025 reserve cerca de R$ 1 bilhão para o Pé-de-Meia, a Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados estima que até R$ 10 bilhões estejam sendo executados fora da peça orçamentária. Isso indica uma discrepância entre o que é oficialmente planejado e o que realmente é necessário para atender a demanda. Esse cenário revela a urgência de uma solução estruturada, com previsão legal e financeira adequada. Sem isso, o programa corre o risco de ser interrompido ou operado de forma precária, afetando diretamente a eficácia do investimento público em educação. A inclusão no Orçamento é, portanto, um passo estratégico e necessário para consolidar a política pública.
O que podemos esperar para o futuro do Pé-de-Meia?
Com a formalização orçamentária em andamento e discussões legais sobre sua natureza educacional, o futuro do Pé-de-Meia tende a ser mais estruturado. A expectativa é que, em 2026, o programa seja totalmente operado dentro das regras orçamentárias, com fonte de financiamento estável e metas claras de impacto social. Se bem conduzido, o Pé-de-Meia pode se transformar em um dos pilares da educação pública brasileira, contribuindo para a redução da evasão escolar e para a promoção da inclusão social. Para isso, será necessário um esforço contínuo de articulação entre Executivo, Legislativo e órgãos de controle, além de escuta ativa das necessidades dos estudantes.
Um caminho de responsabilidade e oportunidade
A proposta de inclusão do Pé-de-Meia no Orçamento de 2025 representa muito mais do que um ajuste fiscal. Trata-se de uma ação estratégica que pode consolidar uma política de incentivo à educação pública com alto impacto social. Ao buscar meios legais e financeiros para garantir a continuidade do programa, o governo dá um passo importante na direção da responsabilidade orçamentária aliada à promoção da equidade. Esse movimento também abre espaço para o debate sobre como o Brasil pode, de forma eficiente, utilizar seus recursos para transformar a realidade de milhões de jovens. O Pé-de-Meia, quando inserido no contexto certo e com os mecanismos de controle adequados, tem potencial para ser uma ferramenta de transformação e de esperança para o futuro da educação no país.