Mais do que flores ou jantares à luz de velas, o maior presente que muitos casais podem dar (e receber) neste Dia dos Namorados é uma conversa sincera sobre dinheiro. E isso tem motivo: segundo um levantamento da plataforma Meu Compromisso em parceria com a B3, 36% dos casais brasileiros brigam por questões financeiras pelo menos uma vez por semana. Ou seja, relacionamento e finanças estão mais conectados do que se imagina.
O alerta vem da educadora financeira Thaisa Durso, da Rico: “Conversar sobre orçamento, despesas e metas é tão importante quanto falar de sonhos e valores. Dinheiro e sentimentos caminham lado a lado”, orienta.
Amor que soma (no bolso também)
Segundo uma simulação baseada em custos médios de grandes centros urbanos, casais que dividem despesas fixas como aluguel, condomínio e alimentação podem economizar até R$ 1.092 por mês – ou R$ 13.104 por ano. O valor é suficiente, por exemplo, para montar uma boa reserva de emergência, fazer uma viagem ou até dar entrada num imóvel.
Mas para essa economia funcionar na prática, é fundamental combinar como as contas serão divididas.
Divisão justa, não igual
Nem sempre dividir tudo pela metade é o mais justo. Para casais com diferenças salariais, a divisão proporcional costuma ser o modelo mais equilibrado. Se um ganha R$ 6 mil e o outro R$ 4 mil, por exemplo, uma conta de R$ 2 mil pode ser paga na proporção de 60% (R$ 1.200) e 40% (R$ 800), respeitando a renda de cada um.
Essa lógica também ajuda a reduzir desigualdades históricas. Dados do 2º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios mostram que as mulheres ainda ganham, em média, 79,3% do salário dos homens em cargos equivalentes.
O método 50-30-20 para casais
Outro modelo prático é o 50-30-20: 50% da renda vai para despesas essenciais, 30% para desejos (como lazer) e 20% para metas (como investimentos ou poupança). Para casais, dá para adaptar o modelo à soma das rendas ou seguir individualmente, desde que o diálogo esteja em dia.
Conta conjunta ou separada? Depende
De acordo com um estudo publicado no Journal of Consumer Research, casais que usam contas conjuntas tendem a ter mais transparência e menos discussões sobre dinheiro. Mas isso não significa que esse modelo sirva para todos. Veja os principais tipos:
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Contas separadas: cada um cuida do seu dinheiro e contribui para os gastos comuns. Requer organização.
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Conta conjunta: todas as receitas entram numa conta única. Pode funcionar bem quando há objetivos 100% compartilhados, mas exige confiança e acordos claros.
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Modelo misto: cada um tem sua conta pessoal, mas ambos contribuem para uma conta comum usada para pagar as despesas do casal. É o mais equilibrado, segundo especialistas, pois une autonomia com parceria.
Morar junto: uma economia invisível (mas poderosa)
A economia de dividir um lar vai além das contas óbvias. Uma simulação considerando aluguel, condomínio, luz, internet e alimentação mostra que morar com o par pode representar uma redução de mais de R$ 1 mil por mês, isso porque muitos gastos não dobram ao se somar uma pessoa, como internet ou energia.
E se essa economia virar investimento?
A Rico fez uma projeção: um casal que economiza R$ 1.092 por mês e investe esse valor com rendimento real de 5% ao ano (acima da inflação) pode acumular mais de R$ 870 mil em 30 anos. Já se cada um investir R$ 200 por mês, o patrimônio final seria de R$ 318 mil. Ou seja: organizar a vida financeira a dois pode mais que dobrar o valor investido no longo prazo.
Planejar juntos, mas respeitar as diferenças
Vale lembrar que contas de investimento são sempre individuais no Brasil. Mas isso não impede que o casal tenha planos financeiros em comum. A dica é respeitar o perfil de risco de cada um: se um é conservador e prefere renda fixa, por exemplo, não há por que forçá-lo a investir em ações ou criptomoedas. O mais importante é que as decisões sejam combinadas.
E antes de pensar em altos retornos, o primeiro passo é construir uma reserva de emergência para cobrir entre três e seis meses das despesas do casal. Esse colchão financeiro é o que garante segurança em momentos difíceis e evita dívidas desnecessárias.
Mais do que conta conjunta, discutir finanças em casal é parceria emocional!
No fim das contas, cuidar do dinheiro a dois é mais do que uma estratégia para economizar: é um exercício de confiança, diálogo e construção de sonhos em conjunto. Como diz Thaisa Durso, “o casal que conversa sobre dinheiro não constrói apenas patrimônio, mas também estabilidade emocional, cumplicidade e liberdade para sonhar e realizar juntos.”
Resumo:
Conversar sobre dinheiro pode ser o melhor presente do Dia dos Namorados. Casais que dividem despesas de forma justa e investem juntos podem economizar até R$ 13 mil por ano – e transformar isso em quase R$ 1 milhão no futuro. O segredo está no diálogo e no planejamento conjunto.
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