O Dia das Crianças será celebrado no próximo sábado (12) e, portanto, aumentam as expectativas dos pequenos em relação a ganhar presentes, passeios ou até mesmo um PIX para usar como desejam. No entanto, tais expectativas devem caber no orçamento da família. Neste cenário, você sabe como impulsionar a educação financeira dos filhos?
“Não há uma idade mínima para começar a falar de dinheiro. Mesmo para os menores é possível introduzir o tema de maneira lúdica, ajudando-os a escolher entre duas coisas que eles desejam, por exemplo. Passo a passo, essas lições vão crescendo e ajudando a formar um adulto consciente da importância de se ter um planejamento financeiro”, afirma Lucas Moura, consultor da TudoNoBolso, à AnaMaria.
Alguns pais preferem educar financeiramente os pequenos com uma mesada. De acordo com dados do Boa Vista Negócios, 30% dos pais possuem o hábito de oferecer verba mensal ou semanal para que os filhos adquiram responsabilidade e valorizem o dinheiro recebido. Em outro estudo realizado pelo Pic Pay, 70% dos responsáveis só oferecem mesada quando necessário, e 13% condicionam o valor ao alcance de metas.
Para o especialista Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor de novos negócios da Multimarcas Consórcios, é necessário que a educação financeira seja cada vez mais incentivada na nossa sociedade.
“Se conseguirmos emular as crianças desde o início, elas crescerão preparadas para lidar com o dinheiro e obter uma relação muito mais saudável com as contas. A consciência de gastos e o planejamento para realização de grandes projetos beneficia não apenas o detentor do dinheiro, mas todos ao seu redor”, diz.
Como impulsionar a educação financeira dos filhos?
É normal que as crianças não entendam sobre orçamentos, dívidas, cartões e outros conceitos que envolvem dinheiro. No entanto, este cenário pode mudar para que os pequenos cresçam entendendo como se responsabilizar e valorizar aquilo que ganham.
O Dia das Crianças e as férias são boas oportunidades para falar sobre educação financeira com os filhos. Isso porque é possível aplicar uma técnica conhecida como diagnóstico financeiro. Ela consiste em observar, no período de um mês, quais foram as vezes que os filhos pediram dinheiro, para quais objetivos, e qual a quantia total que foi gasta.
“As atividades do dia a dia são o melhor meio para iniciar a educação financeira logo na primeira infância. A forma como tratamos os objetos e a nossa relação com o poder de compra impacta diretamente as crianças. Por isso, nas datas especiais, como o Dia das Crianças, ter atenção ao tema dinheiro pode ser ainda mais importante, uma vez que a expectativa por ganhar um presente é maior”, explica Mila Gaudencio, economista e consultora financeira do will bank.
Educação financeira no dia a dia
A curiosidade dos pequenos pode ser também uma chance de impulsionar a educação financeira dos filhos no dia a dia. A seguir, veja como conversar sobre dinheiro com as crianças.
1. Como evitar o “se não tem dinheiro, é só comprar no cartão”?
Quem tem filhos já deve ter ouvido esta resposta, depois de dizer que não podia comprar algo, pois não tinha dinheiro. Isso porque as crianças da geração alpha estão mais familiarizadas com o cartão de crédito e o PIX, e menos com o dinheiro em papel.
Logo, a dica é usar a criatividade para mostrar o preço em quantidades. Vale apelar para caroços de feijão, por exemplo. Quando a criança fala que quer muito ganhar algo, como um brinquedo, é importante mostrar em quantidade o quanto custa. Esse hábito pode ser utilizado para a pizza do final de semana, alimentos e coisas que a criança gosta de consumir.
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2. Dinheiro não cai do céu, mas vem de onde então?
Explicar a relação de tempo de trabalho e dinheiro é importante, para que a criança entenda que o dinheiro é consequência de uma ação, como o trabalho.
Sempre que puder, dê exemplos mais concretos, que ajudam os pequenos a formar uma noção mais próxima sobre algo abstrato como dinheiro. “Uma forma de fazer isso é conversar sobre o tempo que é necessário para conquistar certa quantia, seja comparando as horas que você fica fora para trabalhar ou mesmo em casa, em frente ao computador, no trabalho home office”, aconselha Mila.
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3. Inclua alguns conceitos mais complexos do dia a dia
Mostrar que os preços mudam e que alguns itens podem ficar mais caros com o passar do tempo, em outras palavras, é introduzir uma conversa sobre inflação. Mas nem tudo precisa ser conceitual ou difícil, quando a apresentação dos preços se torna uma rotina, essa conversa tende a se tornar ainda mais fácil.
Escolha itens de consumo constante da criança e tenha um lugar para anotar, por um período de tempo, o preço desses produtos. Desta forma, é possível realizar um comparativo de preços e indicar, por exemplo, que a bolacha, que antes era comprada com R$ 1 agora precisa de R$2.
4. Incentive os questionamentos sobre necessidade e o consumo consciente
Aproveite aqueles momentos de “eu quero” para conversar com a criança sobre o que ela já tem. Se for um brinquedo, por exemplo, ajude a perceber a necessidade daquilo, sem apelar muito para a racionalidade, que pode ainda não estar presente no comportamento de crianças pequenas, mas envolva a criança na decisão. Essas também são boas oportunidades de introduzir o consumo consciente, afinal, não gastar dinheiro em algo também é uma boa lição.
5. Deixe que as crianças participarem do planejamento
Se você conseguir implementar na prática uma ou mais dessas etapas, falar sobre planejar a compra de um brinquedo, ou até mesmo uma viagem de férias, se torna algo muito mais leve. A etapa de planejamento pode ser implementada como um momento de diversão da família.
“Criar um quadro com colagens e desenhos para a visualização do próximo destino de férias, por exemplo, pode ser bastante interessante para estimular o planejamento para realização de sonhos e até para entender que um brinquedo, ou um consumo imediato pode distanciar os planos da viagem”, diz Mila.
6. Recompense pela ajuda
Quem não quer pagar uma mesada pode adotar a técnica de recompensa. Isto é, a criança ajuda com as tarefas domésticas ou cumpre com o prazo da lição de casa e acaba ganhando um valor em troca.
“Os filhos podem ser melhor estimulados a ajudar nas tarefas domésticas se forem ‘recompensados’ por isso. Tente definir um valor para cada atividade; você pode, inclusive, estipular uma ‘multa’ para coisas erradas que eles façam, pois isso trará também bastante responsabilidade”, pontua o economista Igor Lucena.
Posteriormente, é possível ajudá-las a dividir o valor em compras, economias e doações, além de uma poupança e reserva de emergência para futuras despesas inesperadas.
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7. Use e abuse dos jogos educativos
Alguns jogos podem ser grandes aliados nessa jornada de educação financeira dos filhos. Um exemplo é o Banco Imobiliário, que torna o aprendizado leve e divertido, ensinando conceitos financeiros de uma maneira interativa. O passatempo reforça esses princípios e facilita a compreensão no dia a dia.
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