Viver bem vai além do conforto aparente. Em um mundo de redes sociais e consumo estimulado, um padrão de vida elevado parece sinônimo de sucesso. Mas, sem consciência financeira, o custo é alto: emocional, profissional e físico. Uma pesquisa da plataforma Creditas Benefícios, em parceria com o Opinion Box, mostra a ligação entre dinheiro e bem-estar: 71% dos brasileiros trabalham melhor com contas em dia; 64% dizem que dívidas atrapalham a rotina profissional; e 66% relatam que problemas financeiros afetam a saúde mental (estresse, ansiedade, insônia).
Para Adriana Melo, contadora e mentora financeira, muitos vivem acima de suas posses, consumindo por hábito, impulso ou comparação. Isso gera fragilidade financeira, mesmo com alta renda. O problema não é o que se ganha, mas não saber para onde o dinheiro vai. Adriana defende que é preciso entender o que realmente sustenta o padrão de vida e o que ocupa o orçamento sem valor. Economizar não é abrir mão do importante, mas manter o essencial com equilíbrio e propósito, buscando segurança e autonomia.
Pensando nisso, a especialista reuniu orientações práticas para preservar o padrão de vida sem comprometer a saúde financeira:
Mantenha o padrão de vida, mas reveja os excessos invisíveis
Você não precisa abrir mão de tudo que gosta para ter saúde financeira, mas é fundamental entender quanto custa viver como você vive hoje. Revise despesas recorrentes que, isoladas, parecem pequenas, mas somadas comprometem boa parte do orçamento: planos pouco usados, assinaturas despercebidas, pedidos frequentes por delivery, múltiplos serviços de streaming e pequenos mimos que se tornam hábito.
“Analise mensalmente: o que realmente é essencial para seu bem-estar e o que está drenando recursos sem gerar valor? O desafio não é gastar, e sim gastar sem perceber. Revisar os excessos permite manter o que importa com mais tranquilidade”, comenta Adriana.
Atenção ao que vem embalado como presente
Roupas que chegam perfumadas, dobradas com fitas e etiqueta destacada não são apenas presentes: são estratégias de venda. Grifes e serviços de curadoria personalizada usam conveniência e sedução para incentivar compras impulsivas.
“O problema não é o serviço, mas quando você se torna alvo da meta de um vendedor. A peça que parece feita para você pode nunca ser usada e ainda ocupar espaço e dinheiro. Comprar deve ser decisão sua, não da loja”, alerta Adriana.
Evite parcelar a vida: antecipe sempre que possível
Viver de parcelas passa uma falsa sensação de controle, mas compromete o futuro. A lógica ideal é comprar à vista sempre que possível, seja para produtos, viagens ou presentes.
“Quando o pagamento é imediato, a escolha se torna mais criteriosa e menos emocional. Além disso, evita acúmulo de parcelas simultâneas e sensação constante de aperto financeiro. Quem aprende a esperar para comprar consome com liberdade, não com culpa”, orienta a especialista.
Estabeleça metas claras
Poupar sem propósito pode parecer em vão. Quando há objetivos concretos – cuidar dos pais, poupar para os filhos, mudança de carreira ou sonho da casa própria – o sacrifício ganha sentido.
“Mesmo pequenas economias com intenção reforçam disciplina e senso de progresso. Metas transformam gastos em escolhas estratégicas. Sem meta, reagimos ao que surge; com meta, filtramos melhor os gastos e seguimos rumo ao que realmente importa”, explica Adriana.
Atualize seu padrão de vida com consciência
O aumento de renda costuma vir acompanhado de gastos maiores – o chamado “efeito elástico”. Mas se toda promoção vira pretexto para compromissos extras, sobra pouco para investir.
“Antes de elevar seu padrão de vida, crie um tempo de observação. Quite dívidas, monte reserva e invista em conhecimento. Subir o padrão é positivo, desde que seja escolha consciente. A liberdade financeira vem do que você faz com seu dinheiro. Ganhou mais? Ótimo. Mas antes de gastar mais, garanta uma base sólida”, conclui Adriana.
Resumo: Manter um padrão de vida sem comprometer a saúde financeira é possível. Revisar gastos, evitar compras impulsivas, antecipar pagamentos e definir metas transformam hábitos e garantem equilíbrio emocional, liberdade e segurança financeira.
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