O cenário é bem injusto: enquanto algumas pessoas comem de tudo e parecem nunca engordar, outras estão sempre em briga com a balança, mesmo tentando controlar a alimentação. De acordo com Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista da Unifesp, a culpa está na genética: “Herdamos dos nossos pais diversos genes ligados à regulação do apetite e ritmo do metabolismo”, explica. Por isso, para alguns não parece ser uma provação recusar um doce ou fritura, enquanto para outros a tarefa é bem mais complicada. Em geral, as pessoas com propensão a engordar também possuem parentes com sobrepeso, uma vez que essa característica vem de família. Mas não se engane: mesmo com essa desvantagem natural, é possível cultivar hábitos saudáveis e mudar o cenário da obesidade. “Apenas metade do nosso peso corporal é determinada pela genética. O restante depende de fatores externos e que podem ser transformados”, completa. Confira as dicas da especialista para atingir seus objetivos:
- ALIMENTAÇÃO: não se deixe assustar com as dietas da moda e nem classifique os alimentos entre mocinhos e vilãos. O ideal é fazer pequenas mudanças no dia a dia e que impactem de maneira positiva na saúde. Por exemplo: reduza a ingestão de bebidas açucaradas, tais como sucos de caixinha, refrigerantes (e até sucos naturais com açúcar). Invista no consumo de frutas com baixo índice glicêmico, como maçã, pera, morango e ameixa. Prefira sempre os carboidratos integrais, para aumentar a sensação de saciedade. Comer devagar e realmente saboreando a comida (sem se distrair com o celular ou pensar nos problemas que precisam ser resolvidos durante o dia) é fundamental para esse processo.
- AO MESMO TEMPO, TENHA FLEXIBILIDADE COM A SUA ALIMENTAÇÃO. Uma vez por semana, permita-se comer algo de que você gosta muito, como uma pizza ou um sanduíche. Esses rituais ajudam a produzir serotonina no cérebro, gerando a sensação de bem-estar. Se você insiste em restringir completamente aquilo que come, pode acabar desenvolvendo um comportamento compulsivo depois, de tanto passar vontade. Não seja tão rígida!
- PROCURE SE PESAR UMA VEZ POR SEMANA. Assim como tiramos de vez em quando um extrato bancário para saber se não estamos exagerando nos gastos, é ótimo ter um controle do nosso peso corporal. Para não sabotar os números, faça a pesagem em casa e em jejum. Se não tiver uma balança, vá até uma farmácia perto da sua casa antes de tomar o café da manhã e usando sempre a mesma roupa. Se notar que está subindo rapidamente, é sinal de que precisa mudar algo na sua rotina. E vale lembrar: de nada adianta se pesar todo dia, viu? A intenção não é ficar paranoica, mas sim ter um controle do funcionamento do seu organismo.
- LEMBRESE DE QUE A OBESIDADE É UMA DOENÇA E PRECISA SER TRATADA COM SERIEDADE E RESPEITO. É como um quebra-cabeça que envolve fatores hormonais, genéticos, químicos e psicológicos. Caso você, em conjunto com um profissional, desenvolva essas estratégias e ainda assim não consiga notar os resultados, existem medicamentos que podem ajudar – mas que devem ser encarados como mais um recurso, e não o principal! Se for o caso, discuta com o profissional.
- PRATIQUE EXERCÍCIOS FÍSICOS. Isso estimula a sensação de prazer, melhora a qualidade do sono, alivia o estresse… Ainda que seja recomendado fazer musculação, pilates ou outra atividade que estimule os músculos pelo menos duas vezes por semana, se ainda não se sentir estimulada para colocá-las em prática, comece por outras, mais leves. A caminhada, por exemplo, é uma excelente porta de entrada para outros exercícios físicos. O importante é começar e se sentir bem!
- NÃO TENHA PREGUIÇA DE LER OS RÓTULOS. Dê sempre uma olhada, principalmente na parte das calorias, e pense bem antes de comer: “Será que essa bolacha recheada vale mesmo o tanto de calorias que possuí?” Se precisar de uma ajuda, há aplicativos gratuitos disponíveis e que facilitam na hora de fazer o cálculo.
- TENHA EM MENTE QUE EMAGRECER NÃO É SOMENTE PERDER ALGUNS QUILOS: é ganhar qualidade de vida! Isso melhora a autoestima e evita problemas de saúde, como diabetes, hipertensão e depressão – só para citar alguns deles. Pensando assim, você ficará mais motivada não só para diminuir os números do manequim, mas também para fazer a manutenção do seu novo peso. E se conservar do jeito que gostaria.