Você vai ao salão para sair de lá linda, plena e absoluta, mas entende que algo deu (muito!) errado quando vê a expressão de assombro do cabeleireiro ainda no lavatório.
Percebe o corre-corre com reconstrutores, máscaras e afins até o veredito final, em frente ao espelho, com seu cabelo literalmente desmanchando ao ser penteado: ele sofreu um corte químico extremo.
Saiba do que se trata o problema e como agir para reconstruir a beleza dos fios.
O QUE É?
Trata-se do resultado visível de uma série de negligências às quais o cabelo foi submetido. Ele acontece quando os fios, de tão fragilizados, partem, dando a impressão de uma tesourada malfeita.
Também é considerado corte químico quando as pontas se abrem em duas ou mais, os fios ficam com consistência elástica, perdem o brilho, adquirem textura áspera e não respondem a nenhum tratamento reconstrutivo ou hidratante.
PRINCIPAIS CAUSAS
- Exposição a processos como alisamento e descoloração sem as devidas precauções e acompanhamento profissional.
- Uso abusivo ou inadequado de equipamentos, como secador, chapinha e babyliss.
- Utilização de químicas incompatíveis entre si, como dióxido de sódio (presente em produtos para escova progressiva, por exemplo) e amônia, é um atalho e tanto para a versão mais grave do corte químico, quando o cabelo se parte.
COMO EVITAR ESSA ROUBADA
O beauty artist, visagista e hair stylist Max Weber dá dicas para evitar o problema:
- Antes de se submeter a qualquer procedimento, consulte um especialista de confiança para aconselhar-se e – o mais importante – aceitar o diagnóstico. Afinal, nem sempre o resultado que você deseja é possível. Um cabelo já fragilizado por descolorantes dificilmente responderá bem a um alisamento, por exemplo;
- Mesmo sabendo que fez “arte” na cabeça – descoloração caseira, uso de produtos não indicados… –, conte a verdade ao cabeleireiro. O profissional precisa saber do histórico capilar para avaliar a viabilidade de uma nova intervenção química;
- Imediatismos não são bem-vindos: primeiro, fortaleça a saúde dos fios e só então os submeta a processos mais agressivos;
- A técnica que deu certo com uma colega pode não funcionar para você: cada cabelo tem características próprias. Então, nada de repetir o processo sem consultar um especialista;
- Na semana em que pretende fazer mudanças que envolvam química, potencialize os cuidados: hidrate com produtos indicados para o seu tipo de cabelo e evite a chapinha;
- Faça o teste da mecha antes de qualquer procedimento capilar;
- Cuide da saúde: a alimentação rica em proteínas e demais nutrientes também melhora a qualidade dos fios.
TESTE DE MECHA
Segundo Max Weber, o processo obrigatório é fundamental para evitar o corte químico e deve ser realizado por um profissional.
O teste verifica a reação de determinado produto químico em uma pequena porção de fios antes da aplicação mais abrangente. Confira o passo a passo:
- Passe o produto em uma pequena mecha, de preferência de um dos lados da cabeça, onde os fios costumam ser mais frágeis, a 1 cm do couro cabeludo.
- A mecha-teste deve ser verificada a cada cinco minutos, após a aplicação. Confira a maleabilidade, o grau de relaxamento e se houve alterações indesejadas. Cada profissional estabelece um prazo máximo para o processo em torno de 60 minutos.
- Quando o teste for para escovas progressivas e (ou) definitivas, todas as etapas de escovação e prancha devem ser cumpridas.
- A finalização do teste não ocorre necessariamente após a retirada do produto e secagem, ainda no salão, mas dois ou três dias depois, quando será possível, com segurança, saber como o cabelo reagiu.
SALVANDO O CABELO
“Dependendo do estrago, mesmo que o cabelo não tenha se partido totalmente, a tesoura será o único remédio”, diz Weber.
Em caso extremo, quando o corte químico deixou falhas ou a autoestima da cliente está abalada, o hair stylist admite o uso de mega hair como um artifício. Mas, vale lembrar, que essa decisão deve ser tomada em conjunto com o profissional que acompanha o processo, pois o aplique disfarça, mas não soluciona.
Weber alerta que, após a catástrofe, estão suspensas todas as químicas por um período médio de seis meses. “Mas passados uns três meses já é possível aplicar uma cor, se for vontade da cliente”, explica.
A recuperação vai exigir disciplina: hidratações, máscaras reconstrutoras e a ingestão de vitaminas e proteínas. “Mas o tempo e a paciência serão sempre os melhores aliados. E a partir de agora, responsabilidade e respeito com o próprio cabelo”, sentencia o hair stylist. Este será o mantra.