A cantora Gretchen passou recentemente por um procedimento estético destinado à remoção completa do polimetilmetacrilato (PMMA) de seus lábios. Esta substância, que foi amplamente utilizada no passado como um preenchedor, tem gerado crescente preocupação entre especialistas devido às potenciais complicações graves associadas ao seu uso a longo prazo. Mas quais os riscos do PMMA?
A artista revelou que começou o processo de retirada do PMMA há cerca de três anos. “Realizei a primeira fase do tratamento, que incluiu um lip lift e a remoção inicial do PMMA. Nesta segunda fase, concluímos a retirada do que faltava na primeira vez. Decidi remover a substância porque estava causando um peso excessivo nos meus lábios”, explicou Gretchen em entrevista à Quem.
O procedimento foi realizado na última segunda-feira (10) e costuma ter um pós-operatório considerado simples. “A recuperação é tranquila. Preciso apenas evitar exercícios físicos e sorrisos nos próximos dias. Em duas semanas, poderei observar o resultado final”, destacou a cantora.
A escolha de Gretchen em eliminar o PMMA também reflete um cenário mais amplo de preocupações sobre os riscos associados a essa substância. O Conselho Federal de Medicina (CFM) já solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a proibição da comercialização do PMMA para fins estéticos, sugerindo alternativas mais seguras e eficazes. Entre os riscos do PMMA estão: inflamações, infecções, necrose do tecido e riscos vasculares e pulmonares significativos.
Os riscos do PMMA
PMMA é um derivado do petróleo inabsorvível utilizado para preenchimentos. Ele é liberado pela Anvisa apenas para fazer pequenos preenchimentos no rosto e no corpo. Entretanto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) têm pedido, devido ao grande número de complicações, o cancelamento ou a proibição do PMMA no Brasil por ser um produto inabsorvível e derivado do petróleo, ou seja, composto por pequenas esferas plásticas.
“Quando ocorre algum tipo de infecção, ela se perpetua. Assim, podem surgir complicações a longo prazo. O produto, além de poder ser colonizado por bactérias, causando uma infecção crônica, também pode migrar de posição. Um exemplo disso é o caso da Gretchen, que fez um preenchimento nos lábios há vinte anos, e o produto permanece palpável, não se deslocando”, afirma Wendell Uguetto, cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, especialista em cirurgia e procedimentos crânio-maxilo-facial.
“Se uma bactéria o colonizar, ela pode formar um granuloma e causar uma infecção crônica, que não será combatida por antibióticos ou pelas células de defesa”, complementa o especialista.
O cirurgião afirma que, atualmente, a indústria de beleza possui produtos de melhor qualidade e maior segurança, com finalidade de preenchimento, como o ácido hialurônico. Por isso, uso do PMMA acaba sendo contraindicado.
“O ácido hialurônico é um produto absorvível. O que acontece é que, caso haja uma infecção nesse local, o produto é degradado, não migra e, ao longo do tempo, é absorvido. É uma opção muito melhor”, destaca Wendell. Por essa razão, ao longo do tempo, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e a Sociedade Brasileira de Dermatologia têm pedido a proibição do PMMA.
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