Com a ascensão da moda plus size e dos movimentos de aceitação do próprio corpo, muitas mulheres têm cogitado a carreira de modelo. A questão é que não basta ser fotogênica, gostar de ser fotografada ou se autointitular na bio do Instagram.
Modelo plus size é uma profissão como qualquer outra, não é bico. É preciso estudar, ter documentação de categoria e certificações em instituições reconhecidas. E é justamente essa falta de profissionalismo que prejudica o mercado das modelos plus size.
Infelizmente, é comum a história de mulheres que decidem entrar nessa área e investem muito dinheiro em books fotográficos, sempre oferecidos por agências que nunca conseguem trabalho, de fato.
A agência que vive de venda de book, aliás, não é um local sério. Valores altíssimos cobrados por esse material, não são justos. Por isso, pesquisar a procedência é essencial.
NÃO É SÓ ISSO
Book fotográfico é apenas um passo dentro de toda uma profissionalização. Para se tornar modelo, você vai precisar de cursos de passarela, fotogenia, expressão corporal, posicionamento de marca (porque você é a sua marca) e avaliação de um booker sério para, então, chegar ao agenciamento.
E, aqui, digo agenciamento de verdade, aquele que vai te instruir para dentro de um segmento, sugerir profissionais para a preparação do seu material fotográfico, com várias opções de valores e qualidade de material, sendo responsável pela sua relação com o possível cliente.
Bia Lima, Rita Carreira e Letticia Munniz (Crédito: Instagram/ @eusoubialima| @ritacarreiraa | @letticia.munniz)
Eu sei, parece muita coisa, mas é o básico quando falamos sobre ser uma modelo plus size profissional. Cursos livres não são formações profissionais e nem concurso de miss é um caminho de profissionalização de modelos. Se essa é realmente a carreira que você deseja seguir, é preciso dedicação e investimento como qualquer outra profissão.
Muitas mulheres acreditam que ser modelo plus size é apenas fazer parceria com marcas e, por isso, infelizmente o mercado não tem crescido. Afinal, quanto mais as marcas e “modelos” estimulam esse mercado informal, menos a gente cresce.
Entramos, então, em um looping. Ou a marca contrata uma modelo não profissional, sem repertório de poses, ou contrata a mesma modelo profissional por várias vezes. Mercado existe, mas faltam profissionais.
CURVY NÃO É PLUS SIZE
Outra questão que essa categoria enfrenta é considerar mulheres curvy como plus size. Ou seja, usam uma modelo que veste tamanho 48 para tentar vender roupas que vão até o 60. Como o público vai consumir se não se enxergar? E por que não dar oportunidade para as modelos que realmente se encaixam nesse perfil?
Uma das agências mais procuradas em São Paulo por agenciar modelos “plus size” profissionais, tem exigência de medida máxima para quem está nesta categoria. Exige padrão dentro do não padrão. Fazem sabatinas de medidas, onde querem quadril entre 115 e 125 centímetros e altura maior que 1,70 m. Será mesmo que esse corpo é o que trará representatividade em pleno ano de 2021, depois de tudo que estamos vivendo?
Temos a possibilidade de crescer a passos largos, mas enquanto existir amadorismo, não iremos andar. O caminho é longo e a jornada é árdua, mas não impossível.
Larissa Bianchi, Altaiza Meurer e Laura Simões (Fotos: Instagram/ @clarissabianchiplus| @altaizameurer| @laurasimoesoficial)
Hoje, na RDZ Negócios, mantenho uma divisão que profissionaliza modelos e influenciadores plus size. Nosso propósito é a profissionalização e o reconhecimento desse segmento, exatamente como ele merece dentro da moda. Porque, para ver o mercado plus size crescer, é preciso profissionalizar todas as categorias. Não vamos desistir!
Você que deseja se tornar modelo plus size, não se iluda. É profissão e exige contrapartida e dedicação.
DANI RUDZ é especialista em mercado plus size, criadora de conteúdo, consultora, empresária e executiva. Na Revista Ana Maria fala sobre moda, autoestima e tudo sobre o universo plus size. Instagram: @danirudz