Acne não é coisa só da adolescência, muitas mulheres continuam lidando com elas na fase adulta, e ainda podem se deparar com um novo desafio: a rosácea. Embora pouco comentadas, ambas as condições são mais comuns do que se imagina e, quando surgem fora da juventude, costumam trazer surpresa, incômodo e impactos na autoestima.
Afinal, depois de anos lidando com as transformações do corpo, encarar lesões, cravos, manchas e vermelhidão no rosto pode parecer um retrocesso. Mas entender as causas e diferenças entre acne e rosácea é o primeiro passo para tratar corretamente e recuperar o bem-estar com a própria pele.
O que provoca acne adulta?
A acne pode se manifestar em diferentes graus, que vão desde cravos e espinhas leves até lesões mais profundas e doloridas. Na fase adulta, o tipo mais comum é o grau 2, caracterizado pela presença de cravos, pápulas (aquelas espinhas vermelhas e mais endurecidas) e pústulas (espinhas com pus).
Esse tipo de acne, também conhecida como acne inflamatória, ocorre devido ao acúmulo de óleo, células mortas e bactérias na pele, de acordo com a Cleveland Clinic, centro médico dos Estados Unidos. Enquanto na adolescência o problema costuma estar ligado à produção excessiva de oleosidade, na vida adulta, outros fatores entram em cena e podem contribuir para o surgimento das lesões:
Alterações hormonais
Mesmo depois da adolescência, as oscilações hormonais continuam a influenciar a saúde da pele, especialmente no caso das mulheres. Períodos como gravidez, pré-menopausa, pós-menopausa e até o uso ou interrupção de anticoncepcionais podem provocar desequilíbrios que favorecem o surgimento de acne adulta.
Estresse
Situações de estresse elevam os níveis de cortisol, um hormônio que estimula a produção de oleosidade na pele. Com isso, os poros tendem a se obstruir com mais facilidade, abrindo espaço para o aparecimento de espinhas. Na maioria das vezes, a acne melhora à medida que os níveis de estresse são controlados.
Uso de cosméticos inadequados
Produtos chamados comedogênicos, que obstruem os poros, podem contribuir para o surgimento de cravos, espinhas e até quadros mais persistentes de acne. Além de observar a composição e a indicação do cosmético conforme seu tipo de pele, vale evitar o uso de maquiagem vencida, pincéis sujos ou esponjas mal higienizadas, que acumulam resíduos e bactérias.
Má alimentação
Embora não seja a única causa, a alimentação tem influência sobre a acne. Alimentos com alto índice glicêmico, como frituras, massas refinadas e doces, podem agravar o quadro inflamatório. Segundo a dermatologista Elisa Camurati Ladeira, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, reduzir o consumo desses itens é um passo importante para cuidar da pele de dentro para fora.
Qual é a causa da rosácea?
Diferentemente da acne, a rosácea é uma condição crônica da pele que causa vermelhidão persistente, sensação de ardor ou calor no rosto e, em alguns casos, pequenas espinhas e vasos sanguíneos aparentes. Embora seja confundida com acne, ela tem características próprias e exige cuidados específicos.

Segundo a dermatologista Mayla Carbone, membro da SBD e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), a origem da rosácea pode envolver fatores genéticos, imunológicos e ambientais. “Estímulos como calor, frio, bebidas alcoólicas, alimentos picantes, exposição ao sol e estresse são alguns dos gatilhos mais comuns para o surgimento ou agravamento das crises”, conta.
A médica também reforça que é totalmente possível desenvolver acne ou rosácea na fase adulta, mesmo sem histórico anterior. “Muitas mulheres começam a apresentar acne após os 30 anos, geralmente por causa de alterações hormonais”, explica. O mesmo vale para a rosácea, que costuma aparecer entre os 30 e 50 anos e é mais frequente em mulheres.
Tem como tratar em casa?
Rosácea
Vamos direto ao ponto: a rosácea não tem cura. Por ser uma condição crônica, ela exige cuidados contínuos. Mas, sim, é possível controlar os sintomas com hábitos simples no dia a dia. Veja algumas atitudes que ajudam a manter a pele mais calma:
- Usar protetor solar diariamente;
- Evitar gatilhos alimentares, como álcool, café e comidas muito apimentadas;
- Reduzir o nível de estresse;
- Optar por uma rotina de skincare suave, sem fragrâncias ou ativos agressivos;
- Evitar mudanças bruscas de temperatura.
Acne na fase adulta
Já no caso da acne adulta, a boa notícia é que, muitas vezes, é possível tratar completamente, desde que os fatores desencadeantes sejam identificados e controlados. Segundo a dermatologista Ana Carolina Sumam, quando esses gatilhos persistem, como estresse, hormônios ou uso de produtos inadequados, as lesões podem retornar mesmo após a melhora.
Para ambas as condições, a rotina de cuidados com a pele precisa ser delicada. Produtos muito agressivos, comuns no tratamento da acne adolescente, podem causar o efeito contrário em peles adultas, mais sensíveis e propensas a manchas.
“Adolescentes geralmente têm a pele mais resistente e oleosa, então os produtos podem ser mais intensos. Já adultos, especialmente com rosácea, precisam de fórmulas mais suaves e tratamentos mais individualizados”, explica a dermatologista Mayla Carbone.

Além disso, é preciso levar em conta que, a partir dos 30 anos, a produção de colágeno começa a diminuir, o que aumenta o risco de manchas e cicatrizes, especialmente quando há manipulação incorreta das lesões.
Na hora de montar o skincare, o cuidado deve ser ainda maior com kits prontos vendidos na internet.
“As pessoas chegam ao consultório com cinco, seis produtos que não têm relação nenhuma entre si, nem indicação para aquele tipo de pele. Às vezes, o que você está usando pensando em ajudar pode, na verdade, piorar o quadro”, alerta Elisa.
O ideal, portanto, é sempre buscar orientação dermatológica antes de iniciar qualquer tratamento por conta própria, mesmo que os sintomas pareçam leves.
Rotina certeira
- Limpeza suave, sem álcool ou perfumes e feita com sabonetes específicos para pele sensível ou acneica;
- Tratamento com ativos próprios para acne, como ácidos leves, ou para rosácea, como calmantes e anti-inflamatórios (como produtos com niacinamida ou ácido azelaico, que também podem ser usados na acne), conforme orientação médica;
- Hidratação sempre, mesmo em peles oleosas, com produtos oil-free;
- Protetor solar todos os dias, de preferência com fórmula oil-free e com ingredientes calmantes.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (23 de maio). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.
Resumo: Espinhas na vida adulta são mais comuns do que se imagina e muitas vezes vêm acompanhadas da rosácea, uma condição crônica que causa vermelhidão e ardência no rosto. A matéria explica as diferenças entre acne e rosácea, suas causas e como cuidar da pele em cada caso.
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