A notícia de que um estudo clínico inglês, randomizados e com grupo controle, apontou a dexametasona como uma medicação efetiva no tratamento de determinados estágios da COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus, trouxe um alento para o mundo na última terça-feira (16).
De acordo com resultados preliminares do trabalho, houve uma redução da mortalidade nos pacientes em ventilação mecânica – ou seja, que precisaram ser entubados, além daqueles que, quando internados, precisavam de oxigênio para conseguir respirar.
O infectologista José Valdez Ramalho Madruga, médico consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica para AnaMaria Digital que o medicamento realmente mostrou-se útil no combate a doença, como foi mostrado no estudo conduzido pela Universidade de Oxford (Reino Unido).
No entanto, alerta: “A dexametasona deve ser utilizada apenas com a prescrição de um médico, que é o profissional que sabe o momento certo da doença para utilização do mesmo.” Ou seja: pessoas que estão com o novo coronavírus, mas se recuperando em casa, jamais devem fazer uso do medicamento por conta própria.
“Saíram alguns estudos, no início da pandemia, mostrando que o uso de corticosteroides -categoria na qual a dexametasona se encaixa- provocou piora/agravamento da doença. Justamente por ter sido usado no momento errado”, ressalta Valdez.
MAS O QUE É A DEXAMETASONA?
Trata-se de um medicamento corticosteroide empregado no tratamento de diversas doenças dermatológicas, alérgicas, reumatológicas, endocrinológicas, gastrintestinais e mesmo infecciosas. Assim como a dexametasona, existem outros medicamentos da mesma classe, como Metilprednisolona, Prednisona e Hidocortisona.
E, apesar de serem medicamentos bons e baratos, possuem efeitos colaterais graves e algumas contra-indicações, podendo causar problemas como Doença de Addison, úlcera gástrica, hemorragia digestiva e infecções generalizadas. “O risco da automedicação é muito grande, pois essa classe de medicamentos pode até mesmo provocar a morte”, destaca o infectologista.
Vale ressaltar ainda que a dexametasona não é a cura da COVID-19. “Ela foi muito útil nos pacientes que estavam em ventilação mecânica (uso de respirador) ou necessidade de oxigenoterapia. Não mostrou benefícios em pacientes na fase inicial da doença”, diz.