Eliezer compartilhou sua experiência ao perceber que sua face estava alterada de forma que não condizia com sua essência, enquanto Gkay admitiu o “vício” em ver lábios inchados logo após os preenchimentos. Esses casos evidenciam o impacto da busca incessante por padrões de beleza irreais, que podem levar ao excesso nos consultórios.
A popularização da harmonização facial e seus desafios
Conforme explica o médico Wendell Uguetto, cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a harmonização facial é um procedimento que, apesar de seguro, tornou-se alvo de exageros. “O problema na harmonização facial é que ela se tornou muito popular, e as pessoas começaram a exagerar no uso do material”, afirma o especialista.
O uso excessivo de ácido hialurônico, por exemplo, é uma das principais causas dos resultados artificiais. Antigamente, profissionais aplicavam uma ou duas ampolas com parcimônia. Hoje, o volume tem sido amplificado por demandas de pacientes que sofrem de dismorfia facial, uma condição na qual a pessoa nunca está satisfeita com sua aparência.
Além disso, com o mercado de estética cada vez mais amplo, muitos profissionais entram na área sem o treinamento adequado, aumentando o risco de exageros e deformações.
Redes sociais: vilãs ou aliadas?
As redes sociais desempenham um papel central na propagação de padrões irreais de beleza. Filtros, edições de fotos e a obsessão pela perfeição estética colocam uma pressão imensa sobre a aparência das pessoas, principalmente influenciadores e personalidades públicas.
Para Eliezer e Gkay, a exposição constante nas plataformas contribuiu para alimentar o desejo de manter uma imagem sempre “perfeita”. O problema é que essa busca pode ser infinita, prejudicando tanto o físico quanto o psicológico.
“Com o tempo, o paciente esquece como era antes e está sempre querendo melhorar”, explica o Dr. Uguetto. Isso cria um ciclo vicioso, levando muitas pessoas a procurarem novos profissionais para atender suas demandas cada vez mais irreais.
A responsabilidade dos profissionais na contenção dos excessos
O papel dos médicos e profissionais da estética é fundamental para conter o vício em procedimentos estéticos. Eles devem ter a coragem de dizer “não” quando percebem que o paciente está ultrapassando limites saudáveis.
“Quando se exagera, o rosto fica feio, deformado, exagerado, perde a essência e o paciente muda sua aparência. Sou superfavorável à retirada nesses casos”, conclui o Dr. Uguetto. Além disso, é fundamental que os profissionais expliquem os riscos e promovam um trabalho focado na naturalidade, com intervenções moderadas que respeitem a essência de cada paciente.
O vício em procedimentos estéticos é um fenômeno cada vez mais presente, resultado da popularização dessas práticas e da influência das redes sociais. No entanto, é possível reverter os efeitos negativos e recuperar a autoestima sem recorrer ao excesso. Com a orientação adequada de profissionais qualificados e um olhar atento à saúde mental, é possível alcançar uma beleza equilibrada e mais natural.
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Marina Borges
Marina Borges é jornalista formada pela Unesp e amante de esportes, séries e gatos. Em AnaMaria, atua como repórter e escreve sobre comportamento, saúde e atualidades.