Por muito tempo, pesquisadores observaram que a felicidade ao longo da vida seguia uma espécie de curva em “U”: começava alta na juventude, caía na meia-idade e voltava a subir na velhice. Mas novos dados revelam que essa lógica mudou – e não para melhor. Hoje, os jovens adultos estão mais tristes, inseguros e solitários do que gerações anteriores.
O retrato da Geração Z
Um levantamento global conduzido por Harvard e pela Universidade Baylor, com mais de 200 mil pessoas em 22 países, mostrou que a faixa dos 18 aos 29 anos registra níveis de bem-estar mais baixos do que nunca. O estudo avaliou critérios como saúde física e mental, propósito de vida, caráter, virtudes e qualidade dos relacionamentos.
“É um quadro bastante sombrio”, avalia Tyler J. VanderWeele, diretor do Programa de Florescimento Humano de Harvard e autor principal da pesquisa. “Estamos investindo o suficiente no bem-estar dos jovens?”
Segundo o estudo, a curva da felicidade, que antes caía apenas na meia-idade, agora se mantém achatada até os 50 anos, quando começa a subir de novo.
Por que tanta tristeza?

A queda no florescimento da Geração Z tem múltiplas explicações. Pesquisas recentes apontam alguns dos fatores mais frequentes:
- Falta de propósito: mais da metade dos jovens relatam não ter clareza sobre o sentido da vida ou o que fazer com ela.
- Preocupações financeiras: 56% dizem estar aflitos com o futuro econômico.
- Pressão por resultados: metade afirma que a cobrança por conquistas pessoais e profissionais prejudica sua saúde mental.
- Sensação de instabilidade global: 45% acreditam que “o mundo está desmoronando”, citando temas como mudanças climáticas e violência.
- Solidão: quase metade se sente pouco importante para os outros, enquanto 34% relatam isolamento.
Nos EUA, onde os dados foram mais detalhados, as diferenças entre homens e mulheres chamaram a atenção: em 2023, 53% das alunas do ensino médio disseram sentir tristeza persistente, contra 28% dos meninos.
O que está em jogo
Para VanderWeele, os números revelam uma mudança cultural e social profunda. “Os jovens não estão se saindo tão bem quanto antes”, conclui. Ele lembra que, sem propósito e suporte, as gerações mais novas correm risco de perpetuar ciclos de ansiedade, depressão e baixa confiança no futuro.
O que podemos fazer para mudar esse cenário?
- Falar sobre saúde mental: quebrar o tabu é o primeiro passo. Conversas abertas reduzem a sensação de isolamento.
- Criar redes de apoio: amizades de verdade, grupos de interesse e vínculos comunitários ajudam a combater a solidão.
- Repensar a relação com as redes sociais: estabelecer limites de tempo online e filtrar conteúdos pode diminuir a comparação constante.
- Valorizar pequenos propósitos: metas simples, como aprender algo novo ou participar de projetos coletivos, fortalecem o senso de direção.
- Cuidar do corpo para ajudar a mente: sono regulado, alimentação equilibrada e atividade física comprovadamente melhoram o humor.
- Buscar ajuda profissional: terapia e acompanhamento médico são aliados importantes para lidar com ansiedade, tristeza persistente e depressão.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1486, de 12 de setembro de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.