Quando falamos sobre Jimmy Carter, lembramos de um homem que trouxe valores simples para o cargo mais alto dos Estados Unidos. Filho de um agricultor de amendoins na Geórgia, ele se tornou o 39º presidente dos EUA e ficou marcado por uma trajetória que misturou feitos políticos, humanitarismo e uma vida dedicada à paz.
Carter faleceu aos 100 anos no último domingo (29), em sua casa em Plains, na Geórgia, mas deixou um legado que ainda inspira muitas gerações.
O presidente que rompeu barreiras
Jimmy Carter nasceu em 1º de outubro de 1924, em um pequeno hospital na sua cidade natal, tornando-se o primeiro ex-presidente dos EUA a nascer em um ambiente hospitalar – algo raro na época. Desde cedo, sua família vivia da agricultura, cultivando milho, algodão, cana-de-açúcar e amendoins. Essa origem humilde moldou sua abordagem política e pessoal, sempre voltada à simplicidade e à empatia.
Durante seu mandato, de 1977 a 1981, Carter conquistou realizações históricas. Ele mediou o Acordo de Camp David entre Egito e Israel, um marco na diplomacia internacional. Também foi um pioneiro na defesa das energias renováveis, instalando painéis solares na Casa Branca em 1979 como um gesto simbólico em busca de independência energética. Apesar disso, enfrentou desafios como a crise dos reféns no Irã, que comprometeu sua popularidade e levou à derrota na reeleição.
Uma vida de serviço após a Casa Branca
Mesmo fora do cargo, Carter continuou fazendo história. Como o ex-presidente dos EUA mais longevo, ele dedicou décadas ao trabalho humanitário por meio do Carter Center, uma organização que ele fundou para promover a paz e combater doenças. Um de seus maiores orgulhos foi a luta contra o verme da Guiné, uma doença parasitária. Graças aos seus esforços, os casos da doença caíram de 3,5 milhões na década de 1980 para apenas 13 em 2022. “Gostaria que o último verme da Guiné morresse antes de mim”, disse ele em uma ocasião.
Carter também fez história ao defender os direitos civis e a inclusão. Durante seu mandato, ele nomeou um número recorde de mulheres e representantes de minorias para o judiciário, incluindo Ruth Bader Ginsburg, que mais tarde se tornou uma das mais influentes juízas da Suprema Corte dos EUA. Sua postura progressista também incluiu o apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, algo que ele justificava como parte de sua fé cristã: “Acredito que Jesus aprovaria o casamento entre pessoas do mesmo sexo”, declarou em 2015.
Mais curiosidades sobre a vida de Carter
- Carter foi o primeiro presidente a ser empossado usando um apelido em vez do nome completo. Conhecido como “Jimmy”, ele não fazia questão de formalidades, e sua posse foi marcada por um desfile com um balão em forma de amendoim, em homenagem à sua origem.
- Ele e sua esposa, Rosalynn Carter, detinham o título de casal presidencial com o casamento mais longo da história dos Estados Unidos. Eles foram casados por 77 anos, e sua relação foi descrita como uma verdadeira parceria. Rosalynn faleceu em novembro de 2023, pouco antes de Carter.
- Em 1952, Carter ajudou a desmontar o núcleo de um reator nuclear em colapso no Canadá, um trabalho que expôs ele e sua equipe a altos níveis de radiação. Apesar dos riscos, ele encarou o desafio como parte de seu dever.
O legado de um homem de princípios
Para além de seus feitos políticos, Carter sempre foi lembrado como um homem de princípios. Seu estilo de vida simples, mesmo após deixar a presidência, reflete sua essência. Ele e Rosalynn voltaram à casa onde viveram antes da política – uma residência modesta de dois quartos.
O mundo se despede de Jimmy Carter, mas sua história é uma inspiração para quem acredita no poder do humanitarismo e da dedicação aos outros. Seja na política ou na vida pública, Carter mostrou que a simplicidade e os valores sólidos são atemporais.
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