O Dia das Crianças é um momento de celebração, mas ele não precisa ser sinônimo de compras e gastos excessivos. Mais do que presentes caros, o que as crianças realmente desejam é a presença dos pais, atenção e o carinho que fortalece laços para toda a vida. Conversamos com especialistas em comportamento infantil para explorar novas formas de transformar um Dia das Crianças gastando pouco em uma data inesquecível. Afinal, a verdadeira riqueza está na conexão!
“A presença afetiva e atenta dos pais é a base de toda a construção de autonomia, autoestima e segurança da criança, ou seja, é a base essencial da infância”, inicia a psicóloga Katherine Sorroche, especialista em parentalidade e primeira infância do Instituto Macabi. Ela explica que toda criança tem quatro necessidades emocionais básicas, e a principal delas é a conexão com os pais.
A partir dessa conexão, as crianças desenvolvem a capacidade de sentir-se seguras e amadas. A falta de presença, segundo a especialista, pode trazer desde impactos leves até transtornos mentais mais graves. O que está em jogo não é a quantidade de brinquedos ou presentes, mas sim a qualidade do tempo dedicado a elas.
“O recém-nascido precisa de colo, calor, afeto e olho no olho”, afirma Katherine, reforçando que essa necessidade emocional se estende pela infância. O que realmente sustenta a criança no longo prazo é o vínculo construído nos momentos em que os pais estão inteiramente presentes.
Dia das crianças gastando pouco: “Ele precisa de mais um brinquedo?”
Muitos pais enfrentam a ansiedade de ‘fazer mais’ ou ‘gastar mais’ para garantir que o Dia das Crianças seja inesquecível. Entretanto, Katherine alerta que os valores, muitas vezes, estão invertidos.“Por toda a minha experiência clínica, posso dizer com tranquilidade que, na grande maioria das vezes, a necessidade de ‘fazer mais’ e ‘dar mais’ às crianças é muito mais uma necessidade dos próprios pais do que da própria criança, e, na maioria das vezes, para suprir uma falta, uma culpa ou uma ausência”, detalha a psicóloga.
O foco deve estar em criar memórias afetivas e valorizar a presença. Para Katherine, a reflexão que os pais devem fazer é: “Será que precisamos mesmo disso? De mais um brinquedo?”. Ela reforça que, na maioria das vezes, as crianças só querem a atenção e o olhar dos pais, nada mais.
Explore as possibilidades dentro e fora de casa!
Planejar um Dia das Crianças especial gastando pouco pode ser uma aventura criativa e cheia de significado. Brincadeiras simples e momentos de desconexão das telas são fundamentais para fortalecer o vínculo afetivo e garantir momentos de alegria. Veja algumas sugestões de atividades:
Brinque de cabaninha!
Crianças adoram se sentir envolvidas em aventuras, e uma simples cabaninha feita com lençóis, cadeiras e travesseiros pode se transformar no esconderijo perfeito. “Para a criança não importa o brinquedo em si, mas a brincadeira e a possibilidade de fantasiar”, diz Katherine. Além de estimular a imaginação, essa atividade permite que a criança crie suas próprias histórias e aventuras. Uma cabaninha no meio da sala pode ser a entrada para um universo de fantasia onde tudo é possível!
Compartilhe suas histórias com seus filhos
Outra atividade que encanta as crianças é ouvir as histórias de infância dos pais. “Do que você costumava brincar na sua infância? Quais as travessuras que mais gostava de aprontar?”. Essas perguntas, segundo Katherine, abrem um diálogo divertido e cheio de gargalhadas. É também uma oportunidade para os pais se conectarem com seus próprios momentos de brincadeiras e resgatarem um pouco da leveza que a vida adulta, por vezes, rouba. A troca de histórias pode ser feita ao redor da mesa, durante o preparo de um lanche ou em meio a uma brincadeira.
Que tal brincar de exploradores da natureza?
Sair de casa e explorar a natureza é uma das formas mais saudáveis e divertidas de comemorar o Dia das Crianças gastando pouco. Parques, praças e até ruas tranquilas podem se transformar em um cenário de descobertas. “A natureza é o maior parque de brinquedos e estímulo à imaginação, fantasia, criatividade e coordenação motora”, afirma Paulo Telles, pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria. Segundo ele, estar ao ar livre e explorar o meio ambiente é infinitamente mais estimulante para as crianças do que qualquer brinquedo tecnológico.
Ao levar os filhos para esse tipo de atividade, os pais proporcionam momentos de interação que ajudam a desenvolver habilidades essenciais como socialização, resolução de problemas e raciocínio lógico. Além disso, momentos ao ar livre favorecem a saúde física e mental de todos, promovendo maior contato com o ambiente natural e uma pausa nas distrações digitais.
Lembre-se de entrar na brincadeira de corpo e alma!
Um dos grandes desafios para os adultos é deixar de lado as preocupações e o cansaço do dia a dia para brincar genuinamente com seus filhos. “Infelizmente, conforme nos tornamos adultos, perdemos a capacidade de criar, de fantasiar, de simplesmente brincar de pega-pega ou esconde-esconde”, afirma Katherine. Mas ela também ressalta que o Dia das Crianças é uma excelente oportunidade para os pais quebrarem essa seriedade e se permitirem momentos de diversão.
Quando foi a última vez que você dançou sua música favorita? E seus filhos, sabem qual é? São perguntas que, além de resgatar um pouco da criança interior, ajudam a promover momentos de conexão verdadeiramente genuínos e marcantes.
O equilíbrio entre diversão e o tempo de tela
A tecnologia está presente na vida das crianças, e o desafio de equilibrar o uso de telas com brincadeiras ativas é constante. Telles sugere que o primeiro passo para os pais é dar o exemplo. “Controlar o seu tempo de tela, e assim ser modelo, cria regras e limites que ajudam muito”, explica ele.
Ele sugere que o tempo de tela das crianças não ultrapasse 10% do tempo livre e que, sempre que possível, os pais assistam juntos e interajam com o conteúdo. O mais importante, segundo ele, é estar presente.
Um Dia das Crianças longe das telas
Brincadeiras que envolvem atividades manuais, jogos de tabuleiro e faz de conta são ótimas opções para promover interação, socialização e, ao mesmo tempo, garantir que o tempo de tela seja reduzido. Elisabeth Fernandes, médica e pediatra da SBP, lembra que “o tempo de qualidade é fundamental para o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças. Esse tempo fortalece o vínculo afetivo entre pais e filhos, proporcionando segurança emocional, essencial para a autoestima e para o autocontrole”.
Ela reforça a importância de manter momentos sem distrações digitais, o que permite que os pais estejam realmente presentes e atentos às necessidades emocionais dos filhos. Esse tipo de presença gera um ambiente favorável à expressão de sentimentos e fortalece o aprendizado por meio da observação e imitação.
Ao desconectar das telas e se conectar com seus filhos, os pais oferecem o presente mais valioso de todos: o tempo compartilhado e o carinho genuíno. Afinal, as melhores memórias não dependem de dinheiro, mas de amor, atenção e diversão!
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