Você sente que nunca faz o suficiente, mesmo quando se dedica ao máximo? Ou percebe que relaxar depois de uma tarefa concluída parece impossível? Muitas vezes, esse comportamento não tem a ver com ambição, mas sim com perfeccionismo — um padrão que, aos poucos, pode minar a autoestima, aumentar a ansiedade e roubar o prazer das conquistas.
Segundo a psicóloga Brunna Dolgosky, o problema vai além do desejo de acertar. “O perfeccionismo costuma funcionar como um mecanismo de defesa emocional. A pessoa passa a acreditar que só merece amor, aceitação ou reconhecimento se fizer tudo sem erros”, explica. Dessa forma, o valor pessoal fica condicionado ao desempenho, criando um ciclo constante de cobrança interna.
A mania de perfeição geralmente se forma ainda na infância, em ambientes onde o afeto vinha acompanhado de exigências excessivas. Com o tempo, o medo de errar passa a significar, inconscientemente, medo de rejeição. Como consequência, a autoestima se fragiliza.
Perfeccionismo e suas raízes emocionais profundas
De acordo com Brunna, quando o perfeccionismo deixa de ser um traço e passa a afetar a saúde emocional, alguns sinais se tornam evidentes. Entre eles estão a dificuldade de iniciar tarefas, a procrastinação disfarçada de planejamento excessivo e a autocrítica constante.
Muitas mulheres convivem com exaustão física e mental, já que nunca se sentem satisfeitas com o próprio desempenho. “A pessoa até alcança objetivos, porém não consegue reconhecê-los. Isso compromete diretamente a autoestima”, analisa a especialista.
Portanto, identificar esses padrões é essencial. Afinal, somente ao reconhecer a mania de perfeição é possível iniciar um processo real de mudança.
Por que ela sabota a autoestima?
Embora seja socialmente valorizada, a mania de perfeição cobra um preço alto. Em vez de impulsionar, ela paralisa. Em vez de proteger, fragiliza. Isso acontece porque o erro passa a ser visto como fracasso pessoal, e não como parte natural do aprendizado.
Nesse contexto, a autoestima fica diretamente ligada ao resultado final, e não ao esforço ou ao processo. Consequentemente, qualquer falha vira motivo de culpa, vergonha ou sensação de insuficiência.
“Quando a pessoa acredita que precisa ser impecável para ser aceita, ela vive em estado de alerta constante”, afirma Brunna. Por isso, aprender a flexibilizar esse padrão é um passo fundamental para uma vida emocional mais saudável.
Autoestima começa com crenças mais compassivas
O primeiro passo para superar o perfeccionismo é revisitar as próprias crenças com mais gentileza. “A perfeição funciona como uma armadura contra o medo da rejeição. Em processos terapêuticos, como a hipnose, é possível resgatar essas origens emocionais e ressignificá-las”, explica a psicóloga.
Além disso, questionar de onde vem essa exigência ajuda a enfraquecer padrões automáticos. Quando a mulher percebe que pode ser amada mesmo sendo imperfeita, a autoestima começa a se fortalecer de forma mais sólida.
Perfeccionismo e a prática diária da autocompaixão
Trocar a autocrítica por uma postura mais acolhedora faz toda a diferença. Segundo Brunna, praticar a autocompaixão não significa acomodação, mas libertação. “Dizer a si mesma ‘estou fazendo o melhor que posso com o que tenho hoje’ é um exercício poderoso”, orienta.
Dessa maneira, a mente aprende a associar valor pessoal à existência, e não apenas ao desempenho. Com o tempo, essa mudança reduz a pressão interna e melhora significativamente a autoestima.
Mania de perfeição e metas mais realistas
Outro aspecto crucial é a definição de metas realistas. A busca incessante pela perfeição frequentemente conduz a objetivos inatingíveis, gerando um ciclo de frustração. Assim, iniciar com passos menores facilita a reeducação mental.
“Comemorar progressos, mesmo que imperfeitos, ensina o cérebro a associar avanço com segurança”, explica a psicóloga. Desse modo, a jornada se torna mais leve e sustentável.O processo como pilar da autoestima

A mentalidade perfeccionista se concentra apenas no resultado final. Contudo, é durante o processo que ocorrem o aprendizado e a verdadeira transformação. Errar, fazer ajustes e tentar novamente são partes integrantes desse caminho.
Quando a mulher passa a dar valor a cada etapa, a autoestima deixa de depender exclusivamente de conquistas externas. Consequentemente, a relação consigo mesma se torna mais saudável e equilibrada.
Perfeccionismo e o exercício do “bom o bastante”
Nem tudo precisa ser extraordinário. Em muitas situações, o feito vale mais que o perfeito. “Quando você permite que o ‘bom o bastante’ exista, abre espaço para viver mais, experimentar mais e errar sem culpa”, complementa Brunna.
Esse exercício simples ajuda a desmontar a mania de perfeição e devolve leveza ao dia a dia.
Romper com o perfeccionismo traz benefícios que vão além da autoestima. A ansiedade diminui, a produtividade aumenta e os relacionamentos se tornam mais saudáveis. “A mente sai do estado de alerta e aprende a descansar”, reforça a psicóloga.
Reconhecer esse padrão é o primeiro passo. “Quando deixei de enxergar o perfeccionismo como qualidade e percebi o peso que ele me causava, tudo mudou. Foi o início de uma vida mais gentil e verdadeira”, finaliza Brunna.
Resumo: O perfeccionismo pode parecer positivo, mas costuma prejudicar a autoestima. Ao abandonar a mania de perfeição, é possível viver com mais leveza emocional. Autocompaixão, metas realistas e valorização do processo fazem toda a diferença.
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