A Islândia é reconhecida mundialmente como o melhor país para mulheres viverem. Mas o que faz desse país um exemplo tão inspirador? A resposta está na forma como a equidade de gênero é tratada: não como um tema de discussão ocasional, mas como política de Estado.
“Eles têm políticas estruturais, não medidas isoladas ou campanhas pontuais”, explica Mayra Cardozo, advogada especialista em gênero. Isso inclui igualdade salarial com fiscalização rigorosa, licença parental igualitária e paridade na política, além de uma cultura institucional que não tolera violência de gênero. O resultado é claro: mulheres com mais liberdade e autonomia, algo que deveria ser regra, não a exceção.
O impacto da desigualdade de gênero na vida das mulheres
Viver em um país desigual significa resistir constantemente. “A desigualdade não se resume ao salário menor, ela está nas interrupções constantes nas reuniões, no julgamento moral sobre nossas escolhas, no medo de andar na rua à noite”, comenta Brunna Dolgosky, psicóloga, hipnoterapeuta e arteterapeuta.
“Ser mulher em um sistema desigual é carregar uma cobrança que nunca foi feita por nós, mas que nos é imposta diariamente”, acrescenta Mayra. Essa realidade atravessa corpos, relações e saúde mental, gerando ansiedade, culpa e exaustão.
Como a igualdade salarial transforma a vida das mulheres
Em 2018, a Islândia se tornou o primeiro país do mundo a exigir que empregadores comprovem que pagam igualmente homens e mulheres pelo mesmo trabalho. “É um divisor de águas. Pela primeira vez, a responsabilidade saiu das costas das mulheres e foi colocada onde deveria estar: nas instituições, nas empresas, no Estado”, afirma Mayra. A medida oferece autonomia financeira, reduz dependência em relações abusivas e garante reconhecimento profissional. “Igualdade de gênero não se pede, se exige, com lei, fiscalização e consequências claras”, complementa ela.
Igualdade de gênero e saúde mental feminina
“Viver em um ambiente com oportunidades reais, autonomia e reconhecimento reduz consideravelmente o estresse crônico, aumenta a autoestima e melhora a regulação emocional”, explica Mara Leme Martins, PhD, psicóloga e vice-presidente do BNI Brasil.
“O que faz bem para a mente não é a comparação entre gêneros, mas a liberdade para que cada pessoa viva de acordo com sua essência e escolha”, observa Brunna. A limitação de escolhas gera sensação de aprisionamento, baixa autoconfiança e tristeza crônica, prejudicando a saúde mental e o bem-estar das mulheres.
Lições da Islândia para a sustentabilidade humana
A Islândia mostra que ser um país bom para as mulheres vai além de números. É sobre um tecido social que entende que cuidado, equidade e dignidade não são pautas alternativas, mas centrais para qualquer sociedade que queira ser sustentável.“A presença feminina em cargos de liderança, sem precisar se moldar a um modelo exaustivo, transforma ambientes e inspira sociedades mais equilibradas”, destaca Luciana Lancerotti, consultora e ex-CMO da Microsoft. Isso se reflete em relações de trabalho mais saudáveis, tempo de qualidade fora da produtividade e valorização do envelhecimento feminino.
O que podemos aprender com a Islândia?
“O bem-estar das mulheres na Islândia não é fruto de ações isoladas, mas de uma mentalidade coletiva que valoriza equilíbrio, escuta e respeito à diversidade dos ciclos da vida. Ao cuidar das mulheres, a sociedade cuida de todos”, conclui Mayra. A igualdade de gênero, autonomia e liberdade proporcionam saúde mental, autoestima e uma vida mais plena para mulheres em qualquer lugar.
Resumo: A Islândia é referência em igualdade de gênero, oferecendo políticas estruturais que promovem autonomia, liberdade e bem-estar. Isso impacta diretamente a saúde mental, reduz estresse e cria sociedades mais equilibradas e sustentáveis.
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