A vida luxuosa da cantora Mariah Carey, marcada por mansões, joias e um estilo de vida extravagante, esconde uma realidade financeira preocupante: um endividamento que ultrapassa os 100 milhões de dólares. Esse cenário levanta a questão: até que ponto o desejo de consumir pode se transformar em um problema sério? A oniomania, ou compra compulsiva, é um transtorno que afeta cada vez mais pessoas e pode levar a consequências devastadoras para a vida financeira e emocional.
O caso de Mariah Carey serve como um alerta sobre os perigos da oniomania, mas a condição não se limita a celebridades. Muitas pessoas comuns sofrem com esse problema, que pode afetar todas as áreas da vida, desde as relações pessoais até a saúde mental. Mas como identificar o vício em compras e buscar ajuda? AnaMaria conversou com o psicólogo Yuri Busin, mestre e doutor em Neurociência do Comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, que nos ajuda a entender melhor essa questão.
Oniomania: quando o comprar se torna algo patológico?
A oniomania é um transtorno caracterizado por uma necessidade incontrolável de comprar, mesmo quando não há necessidade ou recursos financeiros para isso. O psicólogo descreve a condição como um comportamento que vai além do simples prazer de comprar. “Quando a gente vê um gasto patológico é porque não há mais um controle das compras. A pessoa perde a capacidade de dizer não e realiza gastos excessivos, mesmo quando sabe que não tem condições financeiras para isso.”
Essa compulsão por comprar, segundo Busin, está profundamente ligada a uma busca por alívio emocional. “É uma dor que a pessoa vai buscar por meio da compra curar, ou seja, buscar aquele prazer, só que isso passa com muita rapidez porque ali a compra é compulsiva.” Ou seja, a compra se torna uma forma de aliviar o estresse, a ansiedade ou a depressão, proporcionando um prazer momentâneo que, no entanto, é rapidamente substituído por sentimentos de culpa e arrependimento.
Essa busca por prazer instantâneo, no entanto, tem consequências negativas. “Então aquele efeito de prazer acaba de forma muito repentina, e aí vem uma culpa, um arrependimento e, obviamente, dificuldades financeiras.” Essa montanha-russa emocional, caracterizada pela euforia inicial seguida de culpa e arrependimento, é um dos principais indicadores da oniomania.
Quais os sinais para identificar a oniomania e procurar ajuda especializada?
O psicólogo Yuri Busin aponta alguns sinais que podem indicar a presença da oniomania:
- Endividamento: a pessoa acumula dívidas significativas, mesmo sabendo que não tem condições de pagá-las;
- Esconder as compras: a pessoa tenta esconder suas compras de familiares e amigos, por medo de julgamentos ou confrontos;
- Euforia ao comprar: a pessoa sente uma euforia intensa ao realizar uma compra, seguida de um sentimento de culpa e arrependimento;
- Dificuldade em controlar os gastos: a pessoa não consegue resistir à tentação de comprar, mesmo quando sabe que não precisa do produto;
- Prejuízos financeiros: a compra compulsiva leva a prejuízos financeiros significativos, como a perda de bens ou a dificuldade em pagar contas;
- Impacto emocional: a oniomania pode levar a problemas emocionais como ansiedade, depressão e baixa autoestima.
A oniomania é um transtorno sério que pode afetar a vida de muitas pessoas. É importante reconhecer os sinais e buscar ajuda profissional. O tratamento da condição envolve uma combinação de terapias, como a terapia cognitivo-comportamental, e, em alguns casos, o uso de medicamentos. Ao buscar tratamento, é possível recuperar o controle sobre as finanças e melhorar a qualidade de vida.
O caso de Mariah Carey serve como um alerta para a sociedade sobre os perigos da compra compulsiva. É fundamental quebrar o tabu em torno desse assunto e oferecer apoio às pessoas que sofrem com esse problema. Ao buscar ajuda, é possível superar a oniomania e construir uma vida mais saudável e equilibrada.
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