Débora Falabella revelou recentemente que tem sido perseguida por uma stalker há mais de 10 anos. Ao jornal ‘O Globo’, a atriz contou que sente medo das perseguições de uma mulher que se diz sua fã, trazendo à tona uma questão perturbadora e complexa: o que se passa na cabeça de um stalker? A situação da atriz destaca a gravidade e o impacto psicológico que o stalking pode ter tanto na vítima quanto no perseguidor.
Para entender melhor essa dinâmica, AnaMaria conversou com o psicólogo Alexander Bez, especialista em saúde mental, que explicou os fatores que levam alguém a se tornar um stalker, os perigos associados a esse comportamento obsessivo e como o psicológico da vítima pode ser afetado por essa experiência traumática. Confira a seguir.
O que se passa na cabeça de um stalker?
A mente de um stalker é frequentemente marcada por uma combinação de obsessão, controle e uma distorção da realidade. Essas pessoas tendem a desenvolver uma fixação intensa e irracional por suas vítimas, alimentada por uma necessidade compulsiva de saber tudo sobre elas e manter um controle sobre suas vidas. Essa fixação pode surgir de uma variedade de motivos, incluindo um desejo não correspondido, ciúme extremo, sentimento de rejeição ou mesmo uma crença delirante de que a vítima compartilha dos mesmos sentimentos.
Stalkers frequentemente exibem comportamentos manipulativos e invasivos, como seguir a vítima, monitorar suas atividades online, enviar mensagens incessantes e fazer ameaças. Eles muitas vezes interpretam os sinais de desinteresse ou rejeição da vítima como um desafio a ser superado, em vez de um claro pedido de afastamento. Esse comportamento pode ser alimentado por problemas subjacentes de autoestima, necessidade de controle e, em alguns casos, transtornos de personalidade.
A falta de empatia e a incapacidade de reconhecer os limites e os direitos da outra pessoa são características comuns entre os stalkers. Eles podem sentir que têm direito a atenção e à proximidade com a vítima, ignorando completamente os desejos e sentimentos dela. Isso torna o comportamento do stalker não apenas perturbador, mas também potencialmente perigoso, uma vez que ele pode escalar para ações mais agressivas e prejudiciais.
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Consequências do stalking para a vítima
De acordo com Alexander Bez, o stalking nunca é uma ação congruente, ao contrário, é uma conduta perigosa, cuja periculosidade envolvida nessa ação nunca traz enredos confortáveis. “O stalker (perseguidor), acaba tendo um Transtorno Delirante em associação com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Vale ressaltar que para haver a conduta de stalking, precisa impreterivelmente haver essa associação psicopatológica entre essas duas disfunções mentais”, aponta ele.
“Na cabeça do stalker, a vítima escolhida pertence a ele, onde fantasiosamente ele tem um envolvimento amoroso com a vítima. A realidade ofuscada pela fantasia e pelo delírio desse stalker pode levar a consequências severas, e a vítima pode desenvolver transtornos psicológicos, como ansiedade, síndrome do pânico, fobia social, entre outros. Em quadros graves, o portador pode ter atitudes perigosas, colocando em risco a integridade física (e até sexual) do indivíduo escolhido (ou a sua própria), além de um iminente risco de vida também à vítima”, explica o psicólogo.
As condutas do stalking são mais reveladas agora, pela condição das redes sociais, ou seja, pela exposição midiática, estando bem mais em evidência esse delírio. Bez destaca que outra possibilidade se dá por uma curiosidade, também patológica, que se faz por meio da necessidade de reproduzir o mesmo conteúdo mental. As notícias ou séries de TV, como ‘Bebê Rena‘, podem motivar a ação do stalker em pessoas que já tinham essa tendência.
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