Relacionamentos abusivos nem sempre são evidentes, mas seus sinais precisam ser levados a sério. E o primeiro passo para quebrar o ciclo é reconhecer o problema. Vínculos que adoecem não acontecem só entre casais.
Amizades, relações entre pais e filhos e até laços familiares muito próximos podem ser tóxicos. Eles se instalam aos poucos e vão minando a autoestima, a autonomia e o bem-estar emocional de quem está envolvido.
Começo sutil
Quando alguém tenta minimizar o outro usando palavras disfarçadas de humor, é hora de ligar o alerta. Comentários como “você é lerda”, “isso é coisa da sua cabeça” ou “ninguém mais te aguenta assim” muitas vezes são tratados como brincadeiras, mas na verdade revelam uma relação de desrespeito.
Em casos mais graves, o abuso pode se manifestar com xingamentos, manipulações emocionais, controle excessivo, agressões físicas ou morais. E quanto mais tempo essa dinâmica se repete, mais difícil é sair dela.
Ciclo traiçoeira
Em muitos relacionamentos tóxicos existe um padrão que se repete: momentos de tensão, explosão e, em seguida, reconciliação. É como se o carinho depois do caos anestesiasse o sofrimento. A pessoa se vê presa a um vai e vem de agressões e pedidos de desculpa, migalhas de afeto e promessas de mudança. Esse ciclo pode durar anos – e, em casos extremos, resultar em violência fatal.
Reconheça
Relações saudáveis geram segurança, apoio e liberdade. Quando o vínculo começa a causar ansiedade, medo, confusão e sensação de invalidação, algo precisa ser repensado. Alguns sinais de alerta incluem:
– Medo constante de desagradar ou causar conflito
– Sentimento de culpa por expressar necessidades ou vontades
– Controle do que você veste, come ou com quem convive
– Isolamento de amigos, familiares e apoio emocional
– Críticas frequentes e desproporcionais
– A sensação de estar sempre errando, mesmo sem motivo
Amigos e familiares também podem ser tóxicos
Muitas vezes, a ideia de toxicidade é associada exclusivamente a relacionamentos amorosos. Mas uma amizade que suga sua energia, te diminui, espalha fofocas ou tenta te afastar dos outros também é prejudicial. O mesmo vale para relações familiares.
Um pai ou uma mãe que controla cada passo do filho, que faz chantagens emocionais, critica de forma destrutiva ou trata o filho como incapaz pode causar danos profundos na autoestima e na saúde emocional. Em muitos casos, são comportamentos que se repetem ao longo da vida – e que passam a parecer normais.
O impacto de uma mãe tóxica na vida adulta
Filhos de mães tóxicas muitas vezes carregam cicatrizes invisíveis. Sentem-se culpados por pensar em si mesmos, têm dificuldade em estabelecer limites e muitas vezes não confiam nas próprias emoções. São adultos que vivem para agradar, que têm medo de se afastar ou que repetem padrões semelhantes em outros relacionamentos.
Esse tipo de vínculo costuma estar relacionado ao chamado complexo materno – uma conexão psíquica tão forte e mal resolvida que impede o amadurecimento emocional.
Liberte-se!
Reconhecer que está preso a uma relação doentia é doloroso, mas libertador. Não existe fórmula mágica, mas alguns caminhos ajudam:
– Conversar com pessoas de confiança e buscar apoio
– Estabelecer limites claros, mesmo que a outra pessoa resista
– Fazer terapia e trabalhar o autoconhecimento
– Avaliar a possibilidade de se afastar, ainda que temporariamente
Em muitos casos, é preciso cortar o “cordão invisível” que mantém a pessoa amarrada a um relacionamento abusivo. Isso não significa odiar o outro, mas priorizar a própria saúde mental.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1478, de 18 de julho de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.