Muitas pessoas acreditam que devemos fugir das emoções ruins. Porém, segundo o psicólogo americano Ethan Kross, pesquisador da Universidade de Michigan, sentimentos negativos têm uma função essencial. Raiva, tristeza ou até inveja podem ser úteis quando usados com consciência. A raiva, por exemplo, pode motivar a correção de injustiças, enquanto a tristeza incentiva a reflexão e o aprendizado com experiências difíceis.
Como explica Kross em seu livro Shift: How to Manage Your Emotions So They Don’t Manage You (Shift: Como gerenciar suas emoções para que elas não o gerenciem), a chave não é eliminar a negatividade, mas aprender a administrar essas experiências emocionais para que elas não dominem nossas ações. Assim como a dor física nos protege de riscos, nossas emoções sinalizam quando precisamos agir ou repensar situações, explica o especialista à BBC.
Ferramentas práticas para lidar com os sentimentos
Muitas vezes, sentimos que nossas emoções estão fora de controle, mas Kross afirma que podemos decidir como reagir a elas. Uma forma simples e subestimada é a música. Ao ouvir canções, conseguimos redirecionar pensamentos e acalmar o corpo, criando uma pausa emocional estratégica.
Além da música, existem outros mecanismos que Kross chama de “shifters”: atividades ou ambientes que ajudam a equilibrar o estado emocional. Por exemplo, praticar exercícios, escrever ou mesmo dedicar-se a um hobby pode transformar a energia negativa em ação positiva. A ideia é se tornar intencional na forma como usamos essas ferramentas, ao invés de reagir de maneira automática.
Crie cantinhos seguros e oásis emocionais
Kross também ressalta que pequenas mudanças no ambiente podem aumentar nosso bem-estar. Nem sempre conseguimos viajar ou mudar radicalmente de cenário, mas podemos identificar locais próximos que nos transmitam calma. Pode ser um parque, uma cafeteria ou até um canto da casa decorado com fotos e plantas.
Esses espaços funcionam como “oásis emocionais”, onde podemos respirar, reorganizar pensamentos e reduzir o impacto de sentimentos negativos. Dessa forma, administramos nossas emoções de fora para dentro, fortalecendo nossa capacidade de resposta e tornando o dia a dia mais leve.
Como lidar com comparações e manter o equilíbrio
Nos compararmos com os outros é natural, mas Kross sugere usar essa tendência a favor, reformulando o diálogo interno. Em vez de se sentir inferior, podemos encarar comparações como inspiração: se alguém conseguiu atingir um objetivo, por que não eu?
Outra estratégia é o diálogo interno distanciado, falando consigo mesmo como se fosse um amigo. Pensar no futuro — “como vou me sentir daqui a dias ou meses?” — e no passado — “como superei desafios anteriores?” — ajuda a contextualizar emoções difíceis. Quando necessário, buscar apoio em amigos ou profissionais também garante segurança emocional.
Equilíbrio entre enfrentar e evitar emoções
Evitar sentimentos nem sempre é prejudicial. Em situações críticas, dar um passo atrás e se dedicar a outra atividade permite refletir com mais clareza. Essa flexibilidade, segundo Kross, faz parte de uma abordagem saudável: podemos lidar com emoções diretamente ou nos afastar momentaneamente, escolhendo a melhor estratégia para cada momento.
Resumo: Ethan Kross ensina que sentimentos negativos têm função e podem ser administrados de forma construtiva. Ferramentas como música, cantinhos seguros e o diálogo interno ajudam a transformar emoções em aprendizado e equilíbrio diário.
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