Quando penso nos bons momentos da minha infância, enxergo uma mesa, preenchida de quitutes assinados pela minha mãe e avós, e rodeada pelos primos e tios. Não precisava ser Natal, nem aniversário… bastava uma singela e descompromissada visita.
E no dia a dia? A comida feita em casa preenchia todos os cantos com cores, cheiros, sabores e sensações. E a ciência nos mostra que este universo sensorial deixa marcas em forma de memórias afetivas. Quem nunca sentiu o cheiro de alguma comida e lembrou de alguém especial?
Ao longo das últimas décadas, com a entrada das mulheres no mercado de trabalho e, consequentemente, a sua saída das cozinhas, quem ganhou destaque foram os alimentos prontos e práticos encontrados nos supermercados. Com incremento de gordura, sódio e açúcar, eles mudaram a nossa relação com a comida e a saúde.
Em paralelo a isso, a população mundial ultrapassou a linha do sobrepeso e obesidade, elevando o número de mortes por doenças crônicas não transmissíveis, exatamente aquelas decorrentes da má alimentação. Da mesma maneira, aconteceu um aumento importante de alterações comportamentais em adultos e crianças.
EM QUE PONTO PERDEMOS O EQUILÍBRIO?
A Medicina do Estilo de Vida vem nos mostrar que, através de alguns aprendizados e técnicas de praticidade, as famílias podem equilibrar vida profissional e a cozinhaterapia.
E aí vale inundar a casa de sensações que se tornarão memórias de afeto. Ensinar nossos filhos sobre o sentar à mesa e partilhar histórias, abrindo espaço para a sensação de pertencimento – uma pessoa amada e segura sabe aonde estão suas raízes e seus sonhos.
Primeiro pertencemos a um núcleo familiar, depois a uma grande família, seguido pela sociedade e cultura de um povo. O ato de comer nos liga a história dos nossos antepassados e a conquistas obtidas até agora. Não há vazio, mas sim troca.
Sou pediatra, apaixonada pelo desenvolvimento e comportamento humano e, claro, pela cozinha. Durante os últimos 15 anos de profissão tenho me dedicado à Medicina Culinária e ao resgate de famílias ao prazer de cozinhar e sentar à mesa.
Escolhi uma receita do e-book “Essência”, da Liga da Cozinha Afetiva – movimento voltado à Medicina do Estilo de Vida e Medicina Culinária, formado por mim e mais 3 mulheres com trajetórias incríveis em busca de resgatar pessoas juntas comigo.
Preparem em família, sentem à mesa e encontrem significado nisso tudo!
“Se é no lar que o coração se forma, então é à mesa que ele se conecta”- Devi Titus
RECEITA DE RISOTO MILANÊS DE ARROZ CATETO INTEGRAL
Ingredientes
- 1/5 xícara (chá) de arroz cateto integral lavado e escorrido
- 700 ml de água filtrada
- 1/2 unidade de cebola branca picada bem miudinha
- 2 dentes de alho picados
- 1 colher (sopa) azeite extra virgem
- 2 colheres (sopa) de manteiga
- 2/3 de xícara (chá) de vinho branco seco
- 1 a 2 colheres (sopa) de sal de especiarias
- 1/3 de xícara (chá) de queijo parmesão grana padano
- Raspas de 1 limão siciliano
Refogue a cebola com o azeite e, quando começar a dourar, acrescente o alho. Espere dourar e coloque o arroz. Misture 1 colher (sopa) do sal de especiarias na água e vá adicionando essa mistura aos poucos ao arroz, mexendo sempre. Quando o arroz estiver cozido no ponto “al dente”, desligue o fogo. Adicione a manteiga e o queijo parmesão. Se necessário, acrescentar mais do sal. Misture e sirva com raspas de lima siciliano.
DRA. RENATA ANICETO (CRM 88006) é médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC e pediatria e hematologista pela FMUSP/SP. Aqui na revista AnaMaria, escreve sobre medicina culinária, nutrição afetiva e estilo de vida na infância @ligadacozinhaafetiva