O termo hangxiety tem ganhado destaque ao descrever uma ressaca acompanhada de um aumento significativo na ansiedade. Essa junção das palavras “hangover” (ressaca) e “anxiety” (ansiedade) ilustra como o consumo de álcool pode intensificar os sintomas no dia seguinte, afetando especialmente pessoas com predisposição a transtornos de ansiedade. Especialistas apontam que os efeitos do etanol no sistema nervoso central têm um papel crucial nesse processo.
De acordo com o psicólogo Alexander Bez, os impactos negativos do álcool vão além do desconforto físico. “O consumo da substância provoca um pico de dopamina, que traz euforia e relaxamento momentâneo. Porém, quando os níveis desse neurotransmissor caem, a ansiedade pode surgir ou se agravar”, explica. Para indivíduos com condições pré-existentes, como transtornos de ansiedade generalizada ou pânico, os sintomas podem ser ainda mais severos.
Como o álcool interfere no cérebro
O álcool age inicialmente como um sedativo, proporcionando uma sensação de calma e alívio temporário. No entanto, esse efeito é enganoso. “Embora pareça reduzir a ansiedade, ele interfere na química cerebral, criando um ciclo onde o indivíduo busca o álcool como solução, mas acaba piorando sua condição emocional a longo prazo”, afirma Bez.
Além disso, o etanol tem efeitos adversos diretos no sistema nervoso. Ele reduz a produção de ácido fólico, essencial para o funcionamento cerebral, e desidrata o corpo, causando cansaço, irritabilidade e dificuldade de concentração no dia seguinte. Essa combinação de fatores contribui para o hangxiety, afetando tanto o corpo quanto a mente.
Sintomas do hangxiety e como reconhecê-los
Os sintomas do hangxiety vão além da clássica ressaca física. Eles incluem:
- Sensação de angústia ou pânico sem motivo aparente;
- Irritabilidade e dificuldade em socializar;
- Perda de concentração e produtividade;
- Insônia ou sono inquieto;
- Mal-estar físico, como dores de cabeça e desidratação.
Para quem já enfrenta ansiedade no cotidiano, esses sinais podem ser ampliados, tornando o dia seguinte ao consumo de álcool especialmente desafiador.
Como evitar ou minimizar os efeitos do hangxiety
Apesar de os efeitos do álcool variarem de pessoa para pessoa, existem estratégias para reduzir o impacto do hangxiety:
- Consumo moderado: a moderação é a chave para evitar ressacas severas e seus efeitos emocionais;
- Hidratação: beber água entre os drinks ajuda a minimizar a desidratação, um dos principais fatores que intensificam os sintomas;
- Alimentação balanceada: consumir alimentos ricos em nutrientes antes de beber pode atenuar os efeitos do álcool no organismo;
- Atividade física: exercícios aeróbicos e musculação ajudam a liberar endorfinas e reduzir a ansiedade, promovendo bem-estar após o consumo.
Bez reforça: “O álcool não deve ser visto como uma solução para aliviar a ansiedade. Busque ajuda profissional para lidar com os sintomas de forma saudável.”
Hangxiety e saúde mental: o alerta dos especialistas
A relação entre álcool e ansiedade é complexa. Embora a substância seja frequentemente associada à descontração em ambientes sociais, seus impactos na saúde mental são substanciais. Estudos sugerem que o consumo frequente ou abusivo pode desencadear ou agravar transtornos psicológicos, especialmente em indivíduos vulneráveis.
Entender o hangxiety e os riscos associados ao álcool é fundamental para tomar decisões mais conscientes. Buscar apoio de um psicólogo ou terapeuta pode ajudar a identificar gatilhos e construir estratégias para uma vida mais equilibrada.
O hangxiety é um lembrete de como o álcool afeta mais do que o corpo, repercutindo na mente e no bem-estar emocional. Para aqueles que sofrem com ansiedade, a moderação é essencial, assim como o reconhecimento de que existem alternativas saudáveis para lidar com emoções difíceis. Cuidar da saúde mental requer escolhas conscientes e, muitas vezes, o primeiro passo é reconsiderar o impacto do consumo de álcool em sua vida.
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