Ex-atriz de ‘Malhação’ (Globo) e conhecida por ter sido apresentadora infantil do Band Kids, Renata Sayuri usou suas redes sociais, na noite do último sábado (19), para relatar um episódio traumático. Em uma sequência de cinco vídeos publicados, ela contou que foi vítima de agressão sexual há 20 anos.
Segundo Renata, o abuso resultou em uma gravidez indesejada e, posteriormente, em um aborto. Ela também disse que o estupro foi gatilho para ter sido diagnosticada com transtorno afetivo bipolar no mesmo período.
“Existe um fato muito importante no transtorno afetivo bipolar: o trauma. Segundo a ciência, qualquer pessoa tem pré-disposição à doença, mas ela só se desenvolve se a pessoa passar por um episódio estressante ou traumático. Eu fui violentada e tive que fazer um aborto três meses depois”, explicou.
Ela contou que seis meses após o episódio foi internada em um sanatório, onde recebeu o diagnóstico: “Ninguém me perguntou o que havia acontecido. Passei mais de 10 anos com esse luto. Fiquei calada até hoje sobre o que aconteceu.”
Durante suas crises, Renata disse que já discutiu com homens na rua. “Minha mente vai para aquele lugar de 20 anos atrás”, desabafou. Segundo ela, ainda tem apagões e não se lembra de todos os detalhes do abuso: “A minha mente ficou buscando como fui entorpecida e drogada. Isso faz a minha mente entrar em pane. Faz buscar explicações que nunca vão existir, para desvendar o que falta na história.”
“Já saí do local dopada”, diz Renata
A violência ocorreu durante uma confraternização de trabalho. Segundo Renata, o agressor, que morava perto do local, se ofereceu para levá-la em casa, mas mudou o trajeto.
“Já saí do local [da festa] dopada. Não sei que forma isso aconteceu. Havia bebidas na festa e eu bebi. Na época, eu bebia bem pouco, depois que isso aconteceu, fiquei bem adulta na bebida. Aos 23, eu bebia pouquíssimo. Não sei, até hoje, qual foi a droga colocada. Fiquei enlouquecida por quase três dias.”
Medo da exposição impediu denúncia
Renata explicou porque decidiu não denunciar a agressão: “Tinha 23 anos e ainda era contratada por uma empresa. Foi muito confuso entender como havia acontecido. Havia uma hierarquia de pessoas, a empresa com poder imenso.”
“A pessoa não era um colega de trabalho da equipe em que eu trabalhava, mas ele era da mesma empresa. Envolveria uma exposição muito grande porque iria correlacionar duas pessoas, mais a empresa e o fato de haver uma gravidez”. continuou.
Ela disse que o homem não fazia parte da sua equipe, mas integrava a mesma empresa. “Envolveria uma exposição muito grande. […] Eu não teria poder aquisitivo para advogados.”
Renata afirmou que não tinha poder aquisitivo para advogados e que, se esperasse uma decisão da empresa, acabaria sendo obrigada a manter a gestação. “Se esperasse, estaria gestando, não teria a opção [do aborto] e não daria a opção para a criança – ser filho de uma situação dessas.”
Reflexão sobre o passado e decisão de abortar
A atriz acredita que, na época, não teria apoio suficiente para enfrentar a situação. “O mundo mudou muito nesse nosso atual milênio. Naquela época, havia a minha exposição como figura pública. Não teria suporte”, explicou.
Renata contou que foi criada em um ambiente católico-cristão e japonês, com uma base familiar rígida. “Estava com o segundo namorado quando a situação aconteceu. O que aconteceu era muito fora da perspectiva que havia para a minha vida. Foi por essa razão, por essa razão [que fiz o aborto].”
Por fim, disse que não conseguiria impor esse passado a uma criança. “Não só eu, mas essa possível criança ficaria nessa situação para o resto da vida. Como eu poderia propor isso para um ser? Propor esse fardo?”, questionou.
Como denunciar
Caso presencie ou seja vítima de um episódio de agressão sexual, ligue para a Central de Atendimento à Mulher (180) e denuncie. O serviço é gratuito e fornece informações sobre os direitos e garantias das mulheres em situação de violência, além de fazer o encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico.
O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008. A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
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