Você já parou para pensar se existe uma diversidade de gênero na literatura? Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), coordenada pela professora de literatura brasileira Regina Dalcastagnè, mostrou que, de 165 autores que publicaram romances, entre 1990 e 2004, somente 45 foram mulheres, que também são minoria entre narradores, protagonistas e coadjuvantes.
Como forma de valorizar e tornar mais conhecida a produção literária de mulheres, separamos cinco livros, lançados pela Editora Ática, de escritoras renomadas e de diferentes gêneros. A seleção das obras promete emocionar, conscientizar e entreter tanto o público jovem quanto o adulto. Confira a seguir!
1. ‘Dona Lola’, de Maria José Dupré
Este romance dá continuidade à história de Dona Lola, narradora da renomada obra Éramos seis. Com relatos marcantes e comoventes sobre a velhice da personagem, o romance aborda temas que permanecem atuais, como literatura, violência doméstica, relações familiares, comportamentos das diferentes classes sociais, envelhecimento e conflito de gerações. Além disso, assim como em Éramos seis, a obra une cotidiano e História, trazendo um relato bastante peculiar sobre a Segunda Guerra Mundial. Com isso, o leitor se depara com uma viagem literária rumo a meados do século 20, ao mesmo tempo em que se vê ainda mais próximo da família Lemos.
2. ‘Meu nome é Parvana – Outras histórias de uma garota afegã’, de Deborah Ellis
Este é o terceiro e último título da trilogia da menina Parvana, que traz a comovente história de uma garota afegã que, com apenas 11 anos, tem de lidar com a morte do pai e as restrições impostas às mulheres pelo regime Talibã. Neste livro, Parvana recomeça a vida com a mãe e com os irmãos em um campo de refugiados, onde decidem construir uma escola só para moças. Porém, precisam enfrentar o preconceito dos aldeões que não aceitam que mulheres estudem. Em meio às dificuldades, a garota busca na leitura de romances e de livros de poesia uma fuga. Escrito pela premiada autora e ativista Deborah Ellis, a história aborda a pluralidade cultural e reúne trechos importantes para se discutir temas como migração, imigração e guerra no atual mundo globalizado.
3. ‘Venha ver o pôr do sol e outros contos’, de Lygia Fagundes Telles
Esta é uma seleção de alguns dos melhores contos da Lygia Fagundes Telles que figurou por décadas entre as principais escritoras brasileiras. Com estilo ácido, por vezes fantástico, a obra é repleta de mistério, desilusões e magia. Logo, trata-se de uma antologia bem representativa da obra da autora. Os contos são marcados por fatos fantásticos ou dramáticos, que revelam faces de uma existência voltada para o mágico e para a dor, captando a vida além das aparências do dia a dia.
4. ‘Rastros e riscos: minhas memórias de leitores’, de Ana Maria Machado
Este é um livro de memórias autobiográficas de Ana Maria Machado, publicado às vésperas da comemoração de 80 anos de vida da autora. Trata-se de uma reunião de relatos, feita durante a pandemia em meio a angústias do isolamento social, sobre lembranças dos encontros da escritora com os leitores ao longo de sua carreira. Nas palavras de Ana Maria: “Rastros de uma jornada que me trouxe até aqui. Uma boa jornada, apesar dos riscos”.
5. ‘Quarto de despejo: Teatro – Baseado no Diário de Carolina Maria de Jesus’, de Edy Lima
Este livro é uma possibilidade de estudar sobre o Brasil a partir da perspectiva de uma mulher negra, catadora de papel, que viveu na favela do Canindé, em São Paulo. Mais que um retrato real da pobreza, desigualdade de gênero e raça, este drama teatral adaptado por Edy Lima remonta o olhar sensível de uma escritora que, mesmo em meio a tantas mazelas, jamais perdeu a poesia. Carolina de Jesus conheceu Edy Lima em 1960, e em 1961 compareceu a vários ensaios, conheceu tanto Amir Haddad, que dirigiu a montagem e dá seu testemunho no prefácio deste livro, quanto os atores e atrizes que encenaram seu best-seller, entre elas Ruth de Souza, que magistralmente fez o papel de Carolina na primeira montagem da peça.
Considerada fundamental para a abertura de caminhos a intérpretes negros nas artes cênicas, na televisão e no cinema, Ruth chegou a visitar a favela do Canindé para compor sua personagem, acompanhada de Carolina e Audálio Dantas, o jornalista responsável pela publicação do diário. A obra apresenta, também, ilustração de capa feita pelo artista No Martins, com base na foto em que Carolina prepara Ruth para interpretá-la no teatro.