Cansadas de homens? Muitas mulheres têm optado pelo chamado celibato feminino, não por motivos religiosos, mas por saúde emocional e autonomia. A palavra “celibato” vem do latim caelibatus, que significa “estado de solteiro”.
Ao contrário do que se imagina, não se trata apenas de viver sem sexo, mas de escolher não se envolver em relacionamentos afetivos ou amorosos. Essa escolha, que por muito tempo foi associada apenas a padres e freiras, hoje ultrapassa os muros das instituições religiosas e ganha um novo significado na vida de muitas mulheres.
O que está por trás do celibato feminino moderno
Apesar de o celibato feminino ter raízes antigas, ele ressurge com um novo propósito: o cuidado consigo mesma. Mulheres como a roteirista Triscila Oliveira, de 39 anos, relatam que essa decisão não veio de forma consciente no início, mas acabou se consolidando com o tempo. “Percebi que estava perdendo energia e dinheiro tentando sustentar relações frustrantes”, explicou ao Estadão.
Durante muito tempo, Triscila tentou manter relações duradouras e saudáveis, mas os desencontros se tornaram constantes. Hoje, ela já soma mais de nove anos sem um relacionamento amoroso, embora, segundo conta, tenha vivido experiências pontuais nesse período. Essa distância dos vínculos afetivos, no entanto, permitiu que ela investisse no próprio amor-próprio — algo que, segundo muitas mulheres, nem sempre cabe dentro de um namoro que drena energia e causa frustração.
Detox de homens: uma pausa para se reconectar consigo mesma
Esse fenômeno ganhou até um nome mais descontraído: detox de homens — uma metáfora emprestada da linguagem do bem-estar para descrever a decisão de se afastar temporariamente de relações com o sexo masculino. Assim como alguém decide parar de consumir alimentos ultraprocessados ou bebidas alcoólicas, algumas mulheres optam por se “desintoxicar” de vínculos afetivos com homens que, em muitos casos, causaram dor ou decepção.
O termo “boy sober”, que circula em redes sociais, reforça essa ideia de sobriedade emocional. A comparação com vícios não é por acaso: para algumas mulheres, se afastar de dinâmicas de relacionamentos tóxicos é uma forma de preservar sua saúde emocional e redirecionar sua energia para projetos pessoais, amizades verdadeiras e bem-estar.
Além disso, especialistas lembram que essa escolha pode ter diferentes motivações. Conforme o Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Carlos Lema Garcia, declarou ao Estadão, o celibato também pode representar uma forma de dedicação exclusiva a um propósito de vida, seja ele espiritual ou não. “Há pessoas que levam uma vida celibatária porque decidiram permanecer solteiras por razões diversas”, afirmou.
Nem sempre é definitivo — e tudo bem
Importante dizer: adotar o detox de homens ou o celibato feminino não significa, necessariamente, uma decisão definitiva. Muitas mulheres encaram essa fase como um momento de pausa, autorreflexão e fortalecimento pessoal. Se um novo relacionamento surgir no futuro, ele será resultado de uma escolha consciente, e não de uma carência momentânea.
Essa nova perspectiva sobre estar sozinha vem crescendo, especialmente entre mulheres entre 30 e 50 anos, que já experimentaram relacionamentos frustrantes e agora buscam mais autonomia. Afinal, como diz uma frase bastante repetida por feministas, “os homens querem mulheres do passado e as mulheres, homens do futuro”. Talvez por isso, elas não estejam mais dispostas a esperar esse futuro chegar — e decidiram ser felizes agora, por conta própria.
Resumo:
Cada vez mais mulheres escolhem viver sozinhas, afastando-se de relacionamentos afetivos com homens por tempo indeterminado. Chamado de celibato feminino ou detox de homens, o movimento simboliza um reencontro com o amor-próprio e o desejo de autonomia. Nem sempre definitivo, o celibato moderno tem sido uma escolha consciente para quem quer colocar o bem-estar em primeiro lugar.
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