Em muitos relacionamentos, as mulheres acabam sendo associadas às figuras maternas, desempenhando papéis que vão muito além da parceria romântica. Tarefas como agendar consultas, preparar refeições e administrar compromissos são vistas, muitas vezes, como responsabilidades exclusivamente femininas. Essa dinâmica não é apenas fruto de acaso ou convenção, mas também de fatores históricos e psicológicos.
Sigmund Freud, através do conceito do Complexo de Édipo, explica que muitos homens transferem o afeto materno para suas parceiras. Esse comportamento, em parte inconsciente, alimenta a expectativa de que as mulheres sejam figuras de acolhimento e cuidado, reproduzindo padrões observados durante a infância.
A sobrecarga de mulheres que se tornam figuras maternas nos relacionamentos
A sobrecarga feminina dentro dos relacionamentos é também um reflexo de uma desigualdade estrutural. Dados do IBGE mostram que as mulheres dedicam mais de 21 horas semanais ao trabalho doméstico, enquanto os homens se limitam a 11 horas. Além disso, 75% das tarefas não remuneradas ficam a cargo delas, segundo a organização Oxfam.
Essa desigualdade tem impactos diretos no bem-estar feminino. Enquanto os homens se beneficiam do casamento em aspectos como saúde e longevidade, as mulheres frequentemente enfrentam maiores níveis de estresse. Um estudo da Universidade de Toronto apontou que homens casados têm o dobro de chances de envelhecer de forma saudável em comparação aos solteiros. Para as mulheres, a situação é mais complexa: aquelas que permanecem solteiras ou sem interesse em um parceiro relataram maior satisfação com a vida.
Como romper com a dinâmica de figuras maternas?
Essa relação desigual nos relacionamentos muitas vezes compromete a intimidade e o equilíbrio emocional. Quando as responsabilidades não são compartilhadas, a mulher se sente desvalorizada como parceira, o que desgasta a relação e pode levar ao rompimento.
Freud acreditava que superar o Complexo de Édipo era essencial para que o homem visse sua parceira como uma pessoa independente, e não como extensão da mãe. Para isso, é crucial estabelecer limites claros e promover a parceria nas responsabilidades.
Equilibrar os papéis no casamento ou na vida a dois é o primeiro passo para construir relações saudáveis, baseadas no respeito e na troca. Quando o casal divide as tarefas e reconhece as contribuições um do outro, ambos se beneficiam e criam um ambiente de crescimento mútuo.
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