Cada mulher pode ser vítima de diferentes formas de violência ao longo da vida, mas reconhecer os sinais é o primeiro passo para proteção e acolhimento. Entender os tipos de violência contra a mulher ajuda a identificar abusos e buscar apoio de forma segura.
A campanha #EuVejoVocê, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), reforça que cada consulta ginecológica pode ser uma oportunidade de apoio e intervenção. “Cada consulta é uma chance de salvar uma vida”, destaca Maria Celeste Osório Wender, presidente da instituição. A seguir, saiba como reconhecer cada tipo de violência contra a mulher.
Violência física: agressões que deixam marcas visíveis
A violência física é a forma mais conhecida, envolvendo agressões que causam dor, ferimentos ou lesões corporais. Dados da FEBRASGO mostram que, no Paraná, 46% dos 31.879 casos de violência contra mulheres envolveram agressão física, sendo que 76,8% ocorreram em casa. No Brasil, 30% das mulheres já relataram ter sofrido violência dentro do lar.
Reconhecer os sinais, como hematomas frequentes ou justificativas pouco convincentes para ferimentos, é fundamental para oferecer proteção imediata.
Violência psicológica: controle e intimidação silenciosos
A violência psicológica é menos visível, mas tão devastadora quanto a física. Ela inclui manipulação, ameaças, intimidação e isolamento emocional. Entre mulheres idosas, 15% sofrem abusos físicos ou psicológicos, muitas vezes acompanhados de controle financeiro ou abandono.
A campanha #EuVejoVocê destaca que a escuta médica pode identificar sinais sutis de abuso, permitindo encaminhamentos seguros e acompanhamento intersetorial.
Violência sexual: qualquer ato sem consentimento
O abuso sexual é uma forma grave de violência, afetando meninas, jovens e mulheres adultas. Entre mulheres de 18 a 24 anos, 1 em cada 5 já sofreu abuso sexual. Dados regionais são alarmantes: Santa Catarina registrou 7.328 denúncias de violência sexual de janeiro a junho de 2024, e São Paulo contabilizou 10.484 vítimas de estupro de vulnerável.
A denúncia e o apoio médico são essenciais para romper o ciclo de abuso e garantir acompanhamento jurídico e psicológico.
Violência patrimonial: apropriação e destruição de bens
A violência patrimonial envolve o controle, apropriação ou destruição de bens e recursos da vítima. Entre mulheres idosas, a apropriação de bens e restrição financeira são formas comuns de abuso. Esse tipo de violência muitas vezes se mistura com outros abusos, como físico e psicológico, tornando a identificação mais difícil sem orientação adequada.
Violência moral: calúnias, difamações e insultos
A violência moral atinge a honra e reputação da mulher. Calúnias, difamações e insultos podem gerar impactos emocionais profundos e comprometer relacionamentos e autoestima. Apesar de não deixar marcas físicas, os efeitos psicológicos podem ser duradouros, exigindo suporte especializado e conscientização sobre os direitos das vítimas.
O papel do médico e da sociedade no combate à violência contra a mulher
Infelizmente, 47,4% das mulheres não procuram ajuda. Por isso, a escuta atenta do profissional de saúde é vital. A campanha #EuVejoVocê disponibiliza cartilhas com orientações para a população e checklists para ginecologistas e obstetras, fortalecendo a rede de proteção.

Dados regionais reforçam a gravidade: em Minas Gerais, 155.895 casos foram registrados em 2024, enquanto no Mato Grosso do Sul, 23.243 mulheres sofreram estupro, feminicídio ou violência doméstica. Estes números mostram que a violência contra a mulher exige atenção contínua e ação conjunta.
A FEBRASGO conclama cidadãos, profissionais de saúde, autoridades e instituições a conhecerem os diferentes tipos de violência contra a mulher e a agirem para preveni-los. Reconhecer os sinais físicos, psicológicos, sexuais, patrimoniais e morais permite que cada pessoa contribua para quebrar o ciclo da violência e oferecer cuidado integral às vítimas.
Resumo: A violência contra a mulher se manifesta de formas física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. A campanha #EuVejoVocê orienta mulheres e profissionais de saúde sobre como identificar e agir, transformando a conscientização em proteção e apoio real.
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