Na última sexta-feira (22), a cantora Wanessa Camargo, 42, precisou usar suas redes sociais para desmentir boatos de que teria sido agredida pelo ex-namorado, o ator Dado Dolabella, 45. Rumores diziam que ele teria partido para a violência após sentir ciúmes de sua interação com o cantor Luan Pereira, 22, durante uma confraternização do “Dança dos Famosos”, quadro do Domingão com Huck, da TV Globo.
Wanessa, no entanto, fez questão de esclarecer: não houve agressão física, mas sim um momento de crise de ciúmes. Embora esse tipo de situação não deixe marcas visíveis, episódios assim levantam uma discussão importante: quando o excesso de ciúmes e falas desrespeitosas deixam de ser apenas “um jeito de falar” e passam a se configurar como violência verbal em relacionamentos abusivos?
Segundo especialistas, o ciúme pode até parecer “prova de amor” em alguns contextos, mas quando se torna frequente e acompanhado de explosões emocionais, ele abre caminho para o abuso. Quando o ciúme se manifesta em forma de insultos, questionamentos excessivos ou tentativas de controle, ele deixa de ser apenas um sentimento e se torna uma forma de agressão emocional.
O que é violência verbal em relacionamentos?
Muitas vezes, a violência verbal não vem em forma de xingamentos diretos. Ela pode se manifestar por meio de deboches, gritos, imitações e até no tom de voz usado de forma agressiva. Por ser sutil e não deixar hematomas, muitas mulheres acabam ignorando sinais que corroem a autoestima pouco a pouco.
Segundo a terapeuta e advogada especialista em gênero Mayra Cardozo, sócia do escritório Martins Cardozo Advogados Associados, é fundamental compreender que o abuso vai além das palavras ofensivas. “O deboche constante, a ridicularização e o menosprezo disfarçado de piada são formas de violência verbal que impactam diretamente a saúde emocional da vítima”, alerta.
Esse tipo de comportamento pode evoluir para o chamado gaslighting, em que a vítima passa a duvidar da própria percepção ao ouvir justificativas como “você está exagerando” ou “é coisa da sua cabeça”.
Por que o “eu sou assim” não é desculpa
Alguns homens tentam justificar atitudes agressivas dizendo que “falam alto mesmo” ou “não tiveram a intenção de ofender”. Porém, quando a fala fere, humilha ou desconsidera os sentimentos da parceira, trata-se, sim, de violência verbal em relacionamentos. Não importa se outras pessoas toleram esse comportamento: se você se sente diminuída, isso merece atenção e cuidado.
Mayra reforça que esse tipo de justificativa é uma estratégia comum em dinâmicas abusivas. “Dizer que ‘sempre foi assim’ é uma forma de manipulação. O que está em jogo não é a personalidade da pessoa, mas sim o efeito que suas atitudes causam na parceira. Se isso gera sofrimento, é abuso”, explica a especialista.
Além disso, o abuso emocional raramente aparece de forma isolada. Ele costuma abrir espaço para outras formas de violência, já que mina a confiança da vítima e enfraquece sua autoestima.
Como se proteger da violência verbal
O primeiro passo é reconhecer os sinais. Estabelecer limites claros dentro da relação é fundamental. Se, mesmo após conversar, a pessoa continua repetindo falas agressivas, não se trata de sensibilidade exagerada, mas sim de uma dinâmica abusiva.
Um relacionamento saudável se baseia em respeito e diálogo. Quando um parceiro insiste em agir com desdém ou sarcasmo, ele demonstra falta de consideração – e isso não deve ser normalizado.
Se você se identificou com essas situações ou conhece alguém que passa por isso, buscar apoio é essencial. Conversar com familiares, amigos de confiança e recorrer a ajuda profissional pode fazer diferença. Além disso, o Ligue 180 é um canal disponível 24 horas para denúncias e orientações a mulheres em situação de violência.
Violência verbal deixa marcas emocionais
Embora não cause ferimentos físicos, a violência verbal provoca consequências sérias: insegurança constante, crises de ansiedade, depressão e medo de errar. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2024, 67% das mulheres relataram já ter sofrido algum tipo de violência psicológica ou verbal dentro de relacionamentos.
Por isso, não minimize essas situações. Nomear e identificar a agressão é o primeiro passo para interromper o ciclo abusivo e resgatar sua saúde emocional.
Resumo: Crises de ciúmes e falas agressivas podem ser sinais de violência verbal em relacionamentos abusivos, mesmo sem agressão física. Reconhecer os sinais, estabelecer limites e buscar apoio são passos essenciais para preservar o bem-estar emocional e sair de uma dinâmica de desrespeito.
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