Vamos Consultar os Espíritos
Espiritismo é uma coisa, mediunidade, outra
O espiritismo e a mediunidade são conceitos frequentemente confundidos, mas que possuem significados e implicações distintas. Enquanto o espiritismo se refere a uma doutrina filosófica e religiosa, a mediunidade é uma capacidade inerente ao ser humano, que existe com ele desde que mundo é mundo.
O espiritismo é uma doutrina codificada (não usamos o termo fundada, pois ele não criou nada, apenas sistematizou) pelo pedagogo francês Hypolite Leon Denizard Rivail, que adotou o pseudônimo Allan Kardec justamente para não confundir a Doutrina que é “dos espíritos,” com a sua rica carreira acadêmica, que foi fundamental para a forma, mas em nada interferiu no conteúdo.
Por que então muitas pessoas recorrem ao espiritismo para interagir de várias formas com o mundo dos espíritos?
Pode ser pela maior difusão da mediunidade, em especial por meio da missão de Chico Xavier e Divaldo Franco, os maiores médiuns que já estiveram conosco nos últimos tempos, todavia, no caso deles em especial, sempre foi enfatizado que o objetivo da Doutrina Espírita é auxiliar o progresso da humanidade a partir do crescimento moral de cada criatura, tarefa individual e intransferível!
A mediunidade e a comunicação com os espíritos são inerentes à natureza e uma importante ferramenta, porém jamais um fim em si mesmo, de modo que, a despeito de manifestar-se com diferentes nomes e formas, é encontrada em todos os registros da existência humana.
Feiticeiros, pagés, pitonisas, xamãs e outros tantos, sempre foram o elo entre as sociedades, mesmo as primitivas, e o mundo dos mortos. Trata-se de uma realidade irrefutável, até porque, não havia, nos primórdios, qualquer espécie de preconceito diante da realidade espiritual que, gostemos ou não, cada um carrega dentro de si.
Por interferência exclusivamente humana, isso acabou mudando, de modo que vemos hoje até combate à mediunidade, mas fica a pergunta: por qual razão se combate algo que não existe?
Seria válido então a busca pela consulta permanente aos espíritos, em particular para tratar de assuntos da matéria?
Não vou entrar nessa polêmica, mas vou deixar claro: essa não é a tarefa do espiritismo. Para nós, espíritas, a mediunidade é fonte de orientação, consolo e auxílio, mas é importante que se frise: nós é devemos nos colocar à serviço dos espíritos (superiores) e não procurar colocá-los à nossa disposição.
Para quem quiser saber a opinião dos espíritos sobre quaisquer temas, sugiro a leitura das mais de mil questões elaboradas por Kardec, codificadas na obra que marcou o surgimento dessa libertadora doutrina: “O Livro dos Espíritos”.
Como se dizia antigamente, à venda nas melhores casas do ramo.
Edson Sardano