Essa tal Reencarnação
Reencarnação não é ressureição e vice-versa
Não há como prosseguir no entendimento da Doutrina Espírita sem compreender o conceito de reencarnação em sua amplitude, o que é bem diferente de ressureição, aceita pela quase totalidade dos cristãos não espíritas.
Reencarnação, como o próprio nome diz, é o retorno à carne, mas não à mesma carne que passa pelo fenômeno da morte física e sua natural decomposição, fartamente estudada pela tanatologia.
Na reencarnação, o espírito, que é a inteligência e a fonte da vida, depois da morte física e de um estágio no Plano Espiritual, retorna para animar um novo corpo em formação a partir da união das células masculina e feminina, corpo esse que passa a ter vida desde os primeiros momentos, especialmente em razão dessa ligação espiritual.
Esta é a principal razão pela qual nós espíritas somos contrários ao aborto irrestrito.
Voltando ao assunto, não há como imaginar que uma pessoa saia do nada, tipo “zero quilômetro” e em apenas 50 ou 60 anos de vida útil tenha reunido condições de desfrutar o paraíso eterno, da mesma forma que o mesmo período não seria o bastante para, no caso de um fracasso moral, condená-la a uma eternidade de suplícios.
Depois Deus acerta tudo? Seria muito bom se fosse assim, mas extremamente injusto por outro lado, pois vemos criaturas dedicando suas vidas ao bem e amor em detrimento do próprio bem estar, que depois se juntariam aos que pouco ou nada fizeram, mas contaram com a benevolência divina. Essa conta não fecha.
Aí é que entra a reencarnação! A evolução se dará em etapas, permitindo que as pessoas colham os frutos do próprio plantio, avançando cada um ao seu tempo, conforme o emprenho empregado no exercício do livre arbítrio.
É a única forma de compensar os que se esforçam mais e cobrar os que fizeram mau uso da vida e das oportunidades que tiveram, dando a eles a chance da recuperação, como fazemos nós, pais da terra, sem dúvida por inspiração do Pai Maior.
“Nenhuma ovelha se perderá do meu rebanho”, disse o Cristo, mas é certo que há as que caminham conforme as orientações do Pastor e aquelas que optam por caminhos enviesados, mas que serão resgatadas e reconduzidas ao rumo certo, porém, não raras vezes, por caminhos mais difíceis, escolhidos por elas próprias. Demoram um pouco mais, mas chegam lá.
Todos somos filhos de Deus, criados para o bem e para a plenitude. Alguns demoram um pouco mais para perceber e se enroscam num falso conceito de felicidade, vinculado principalmente aos valores efêmeros da matéria. É uma questão de tempo. O despertar é para todos.
Deus pode tudo, sabe de tudo e está em todo lugar. Somos a principal parte de Sua obra e, pela origem divina, não podemos ter outro destino senão a perfeição, todavia, trata-se de uma estrada longa, que requer uma boa dose de empenho e atenção. Os que tropeçam na própria vigilância atrasarão a chegada e possivelmente enfrentem caminhos mais tortuosos, mas são aguardados pelo Pai como os filhos pródigos que reencontram o caminho do lar.
Edson Sardano