Ela é independente, decidida e acostumada a resolver tudo sozinha. Conquista o que quer, dá conta da própria vida e inspira força onde passa, mas quando o assunto é amor, parece que algo emperra. Por que mulheres tão fortes e inteligentes, às vezes, não conseguem encontrar um parceiro à altura?
Para o terapeuta e mentor Ramon Galimberti, especialista em performance e mentalidade, a resposta está no que ele chama de “bloqueio de permissão”, uma espécie de trava emocional que impede muitas mulheres de viverem o amor que merecem. “Pra mulher que aprendeu a carregar peso, é pesado ser leve”, resume em entrevista exclusiva à Revista Ana Maria.
Segundo ele, há mulheres que “adorariam ser amadas e cuidadas por um homem de valor, mas tiveram que aprender a ser fortes para se proteger dos homens ruins”. E essa força, que um dia foi uma forma de sobrevivência, acabou virando um escudo. “Quando um homem tenta fazer uma gentileza sincera, parece uma ameaça ou até competição: ‘Deixa essa sacola aqui, tá achando que não dou conta?’”, exemplifica.
Ramon explica que o mesmo escudo que protege uma mulher dos homens ruins, também a afasta dos bons. “Cada relacionamento ruim foi criando nela uma capa pra evitar se ferir, que virou um tipo de escudo de proteção”. E esse escudo não é apenas simbólico, ele se manifesta em atitudes e padrões repetidos que sabotam novas relações. “Todo relacionamento do passado mal resolvido interfere no presente e limita o futuro”.

Os cinco erros mais comuns que você deve evitar
Segundo o terapeuta, existem cinco tropeços recorrentes que fazem com que tantas mulheres se distanciem do amor verdadeiro e muitas vezes sem perceber. O primeiro deles é achar que ela é responsável pelas emoções dos outros. “Mulheres que se sentem obrigadas a resolver o que o outro sente acabam carregando dores que não são delas. Isso gera culpa, cansaço e um senso permanente de vigilância emocional”.
Além disso, sentir orgulho por carregar e resolver o problema dos familiares é outro peso. “Muitas se acostumaram a se sobrecarregar porque viram suas mães tendo que se virar sozinhas pela ausência de um homem bom, ou pela presença de um homem ruim”, explica Ramon. O problema é que essa força aprendida as mantém presas ao papel de salvadora e o amor verdadeiro não nasce onde há desequilíbrio.
Em terceiro lugar está a crença de que o valor está no que se faz, e não em quem se é. Mulheres assim vivem tentando se provar: fazem mais, se doam mais, entregam mais e no fundo, continuam sentindo que nunca é o suficiente. Em quarto lugar e não menos importante está o fato de priorizar mais o pai ou a mãe do que o próprio companheiro. Para Ramon, isso é reflexo de vínculos não resolvidos. “Tem mulher que está presa nos problemas da mãe, salvando o irmão, se resolvendo com o ex ou ajudando os pais. Ela deseja avançar, mas ainda não tem permissão pra seguir e está presa em alguma relação do passado”.
Por último, o erro em tentar uma nova relação sem identificar e quebrar o padrão anterior fecha o ciclo de obstáculos para ser feliz na vida amorosa. “A mulher não atrai o homem que ela quer. Ela atrai o homem compatível com o padrão que ela carrega”. Por isso, diz ele, repetir histórias não é coincidência, é sintoma.
O que fazer para mudar esse ciclo e virar o jogo
Ramon afirma que o primeiro passo é observar o tipo de homem que aparece na vida amorosa: ele é o espelho dos padrões emocionais que ainda precisam ser curados. “É comum uma mulher ferida no passado encontrar no presente um homem menor do que ela. Parece ruim, mas o homem ‘banana’ a mantém no controle: ‘ele não é bom, mas depende de mim e não pode me exigir muito porque entrega pouco”.
E é aí que entra a Lei da Permissão, conceito central no trabalho do terapeuta. “Para uma mulher ser feliz na relação, ela precisa ter três coisas: Capacidade, Disposição e Permissão”, explica. A capacidade é saber o seu papel em um relacionamento; a disposição é o quanto está disposta a fazer a relação dar certo; e a permissão é a autorização inconsciente para viver um relacionamento saudável. “Alguns chamam de azar, má sorte ou até ‘maldição’, mas aqui está a verdade: é falta de permissão”.
Segundo o especialista, quando uma mulher entende que o amor não se conquista pela força, mas pela leveza, tudo muda. “O mesmo escudo que a protege dos homens ruins a afasta dos bons”. E esse talvez seja o maior aprendizado emocional do nosso tempo: abrir mão de carregar o mundo nas costas e permitir-se ser amada de verdade.






