Ana Castela virou notícia mais uma vez após um desabafo que fez antes de um show em Minas Gerais. “Por favor, peço do fundo do meu coração: parem de colocar meu nome em tudo, de inventar notícias… isso virou uma perseguição”, pediu a cantora em um story do Instagram. Isso aconteceu mês passado, porém não precisa ser famoso para notar que o estresse pode adoecer as pessoas e deve ser evitado, ou pelo menos, amenizado em prol inclusive da saúde física.
Não é de hoje que muitas celebridades vêm à público para falar de problemas pessoais relacionados à saúde mental, até porque, eles têm um fator que agrava o cenário: a superexposição. “O brasileiro já é estressado por natureza e as pesquisas demonstram números alarmantes. Cabe a nós procurarmos válvulas de escape para que a gente não sofra com as consequências dessa ansiedade e não somatize as experiências, transformando dor emocional em problemas de saúde, como é o que vejo diariamente em consultório”, diz a médica integrativa Dra. Janifer Trizi.
Hoje, a profissional de saúde se intitula médica corporativa porque, segundo ela, somos seres racionais que já não conseguem mais separar minuciosamente vida pessoal da profissional. “Quando estamos passando por um momento crítico com algo acontecendo com a nossa família, por exemplo, não estamos em nossa produção cem por cento e isso é natural. E vice e versa. Aliás, eu diria que vai além: a maioria de nós passa mais tempo hoje com atividades de trabalho do que em casa, então é natural que isso tome uma proporção maior em nossas vidas e o segredo está em equalizar”, ensina.
Mulher sofre mais com cobranças e precisa se cuidar
Você sabia que o Brasil é um dos países mais ansiosos do mundo? De acordo Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 18 milhões de brasileiros sofrem com transtornos de ansiedade, representando cerca de 9,3% da população. As mulheres têm mais propensão a desenvolvê-la, comprovada pelos estudos da SciELO e da Think Olga, apontando que 7 em cada 10 diagnósticos de ansiedade e depressão são de mulheres. Quanto ao estresse, elas também lideram: um estudo da Unesp (Universidade Estadual Paulista) apontou que 78,7% das mulheres afirmaram sofrer estresse, contra 51,8% dos homens.
A médica explica que muito desse cenário tem a ver com a educação dada às mulheres, onde o corpo cobra um preço alto por esse costume de cuidar somente dos outros, sem olhar para si. “Desde sempre, fomos ensinadas a cuidar de todos antes de nós mesmas, a engolir a raiva, a carregar o mundo nas costas. Mas o corpo sente. O estresse acumulado, a exaustão emocional e a falta de autocuidado criam o terreno perfeito para que o sistema imunológico se volte contra nós mesmas”.
Independente de ser homem ou mulher, se você vive sob tensão, constante canseira, sem energia ou com sintomas que parecem não ter explicação, talvez a raiz do problema esteja além do físico. “Cuidar da sua saúde mental é tão importante quanto cuidar do seu corpo. A terapia não é um luxo. É uma ferramenta poderosa para desbloquear padrões, aliviar o peso emocional e permitir que sua saúde flua de dentro para fora”.
A cada dia notamos que sentimentos mal resolvidos se transformam em doenças e isso é comprovado cientificamente: “É necessário ter consciência de que as emoções impactam diretamente na saúde física. O estresse crônico pode desregular seus hormônios, a ansiedade constante pode aumentar a inflamação no seu corpo e traumas não processados podem enfraquecer seu sistema imunológico”, detalha Janifer.
A especialista diz que o segredo é tentar equilibrar-se, não pensando somente nas cobranças, mas cuidando também do corpo e mente como um todo. “Mesmo com a rotina corrida ache um tempo para fazer unha ou uma massagem ou simplesmente meditar. Ainda, se dê pequenos presentes como um café mais demorado contemplando a natureza por exemplo. Aprenda a se respeitar e mantenha a qualidade do sono em dia, tome muita água e tenha como hábito ler e repetir em voz alta pensamentos positivos”, finaliza.