Uma notícia invadiu as redes e causou furor esses dias: a falha do DIU. Uma mãe compartilhou o exame do ultrassom que mostra seu bebê chutando o dispositivo intrauterino, usado por ela há quatro anos para não engravidar. Sim, Letícia Gilioli, de 27 anos, moradora de Ribeirão Preto (SP), descobriu que estava grávida mesmo usando o método que tem apenas 0,7% de chance de falha, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Quem opta por esse tratamento deve realizar exames periódicos para conferir a posição do dispositivo e assim, confirmar sua efetividade. A consultora de gestão afirmou pelas redes sociais que sempre fez as consultas preventivas e, que, inclusive, também fazia uso da famosa tabelinha.
O exame postado que mostra o bebê “brincando” com o DIU foi feito quando ela estava com 16 semanas de gestação e os relatos de mulheres que também engravidaram utilizando o método invadiu as plataformas, fazendo com que muitas mulheres levantassem dúvidas sobre isso.
Apesar do susto, a mamãe e o marido receberam a notícia com alegria, ela deixa claro, mas fato é que muitas perguntas surgiram após a notícia então, a pedido da revista digital Ana Maria, ouvimos a Dra. Janifer Trizi, ginecologista, obstetra e médica integrativa especialista em hormônios e longevidade.
O que diz a médica sobre a eficácia do DIU
De acordo com a especialista é preciso avaliar a paciente como um todo. “A chance de engravidar usando o DIU é de 0,2 a 0,7%, e só ocorre quando há deslocamento do dispositivo, ou seja, o organismo começa a tentar expulsar esse ‘corpo estranho’, e ele vai se deslocando em sentido ao colo do útero. Nesse momento, perde-se a proteção mecânica e o espermatozóide pode subir pelo útero até as trompas e fecundar o óvulo. O DIU tem efeito mecânico e químico, pois muda o pH e dificulta que o espermatozóide ascenda até as trompas”, detalha a Dra. Janifer Trizi.
No caso de gestação mesmo com o uso do dispositivo, ele não é retirado durante a gravidez por risco de complicações ao feto. “Quando é o DIU de cobre por liberar um metal pesado não sabemos até que ponto isso pode interferir na formação do bebê, não há relatos científicos que comprovem isso. No caso do DIU hormonal conhecido não há interferência alguma na gestação. Normalmente a placenta rechaça, ou seja, empurra o DIU e ele fica num cantinho do útero”, fala a médica.
Ironicamente, a especialista diz que a presença do DIU hormonal até favorece a gestação. “O DIU hormonal até ‘ajuda’ a manter a gestação correndo bem, pois ele simula a produção de progesterona pela placenta. No vídeo, o bebê parece estar ‘chutando’ o o DIU porque ele deve estar num local do útero atrás da bolsa de líquido amniótico que deu acesso ao pezinho. Como obstetra já realizei partos em que procurávamos o DIU no meio da placenta após retirar o feto”.
Mesmo com alguns casos de gestação, a ginecologista afirma que o DIU ainda continua sendo o método mais eficaz contra a contracepção. “O DIU hormonal (Mirena) apresenta eficácia de 99,8%, sendo que o não hormonal (de cobre ou de cobre com prata) de 99,2% a 99,4% conjuntamente com a laqueadura, que traz a eficácia de 99,5%”, finaliza a doutora.