Recentemente, tive a honra de palestrar no 4º Fórum de Prevenção e Combate ao Suicídio, realizado na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, durante a campanha do setembro amarelo. Foi uma experiência profunda, que reforçou algo que já percebo diariamente no meu trabalho como Consultora de Imagem Integrativa: a forma como a sociedade interpreta a aparência pode esconder um sofrimento silencioso. De fato, muitas vezes, a estética não é apenas uma escolha de moda; é uma linguagem que revela dores internas e pedidos de ajuda que não são verbalizados.
No filme A Substância, com Demi Moore, vemos essa dinâmica de maneira dramática e literal. A protagonista, Elizabeth Sparkle, passa por transformações que representam mortes simbólicas. Cada troca de corpo não é apenas um efeito cinematográfico perturbador, mas uma metáfora para o autoaniquilamento que tantas pessoas experimentam em silêncio. Embora o filme tenha sido criticado na época por ser “bizarro”, “nojento” ou “sem sentido”, ele toca em uma ferida profunda: o gatilho estético que o momento histórico insiste em ignorar. E é justamente esse ponto que conecta a obra à mensagem central do setembro amarelo: precisamos olhar para o que não se vê, acolher o que é silencioso e oferecer apoio antes que seja tarde.
Por trás do sorriso: sinais que ignoramos
O setembro amarelo é mais do que uma cor ou uma data no calendário. É um movimento internacional dedicado à valorização da vida e à promoção da saúde mental. Sua relevância se alinha diretamente à minha atuação como consultora de imagem integrativa, porque a forma como nos percebemos e nos apresentamos ao mundo reflete estados emocionais profundos. Quando a aparência se torna um espelho distorcido de autocrítica ou de comparação com padrões inalcançáveis, ela se transforma em um sinal silencioso de sofrimento.
Durante a palestra no fórum, enfatizei que, muitas vezes, o pedido de socorro não aparece em palavras explícitas. Em vez disso, ele se manifesta no corpo, na postura, na escolha de roupas, na ausência de cuidados com a aparência ou, por outro lado, no excesso deles. E por isso, a estética se torna uma forma de autoexpressão silenciosa que pode revelar sinais de depressão, ansiedade ou compulsão. Portanto, quando essa comunicação visual não é compreendida pelos círculos sociais, a invisibilidade do sofrimento se intensifica.
A vida imita a arte: a dor silenciosa por trás da estética
No longa metragem A Substância, Elizabeth Sparkle, personagem vivida por Demi Moore, veste um sobretudo amarelo ao longo de toda a narrativa. Na Psicologia das Cores, o amarelo atrai atenção, aciona um alarme interno, mas também ilumina e aquece, simbolizando vida e alegria. O preto, em contraste marcante, representa a escuridão interna, os momentos de solidão e desesperança. Essa combinação complementar de amarelo e preto evidencia justamente o que observo no cotidiano: pessoas que aparentam estar bem por fora, mas carregam batalhas internas invisíveis.
Na vida real, os sinais silenciosos podem ser assim:
- Ausência de vaidade → abandono de cuidados pessoais, desinteresse pela própria aparência, roupas sem expressão de identidade.
- Vaidade excessiva → uso compulsivo de procedimentos estéticos, compulsão por compras, busca incessante por aprovação externa.
- Autoimagem distorcida → incapacidade de reconhecer elogios ou se sentir bonita, mesmo quando há reconhecimento genuíno.
Não se trata de futilidade. Trata-se de dor que se manifesta de maneira silenciosa. O setembro amarelo nos lembra que a percepção desses sinais pode salvar vidas.
O impacto do gatilho estético nas mídias e redes sociais
Na trama, frases como “Garotas bonitas devem sempre sorrir” ou “Aos 50 anos isso acaba” ilustram pressões que muitas mulheres enfrentam diariamente. A comparação constante com padrões idealizados — corpos, estilos ou atitudes — cria um espelho distorcido que provoca ansiedade e sofrimento emocional.
Na prática, isso significa:
- Adolescentes (13–19 anos) → começam a internalizar transtornos de imagem, bullying, anorexia, bulimia e compulsão alimentar.
- Mulheres adultas (20–59 anos) → vivem a “ditadura da juventude”. Sentem a cobrança social para parecer sempre jovens
- Mulheres na terceira idade (60+) → sentem a invisibilidade social. Lidam com os efeitos da menopausa e o etarismo no mercado de trabalho.
Fontes: OMS / Ministério da Saúde / Fiocruz (2018) / Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
O setembro amarelo nos desafia a observar esses padrões idealizados e agir. Reconhecer o sofrimento invisível não é apenas empatia, mas uma forma de prevenção.
Como agir: atenção e estratégias concretas
É preciso ir além de campanhas de conscientização. Ações concretas fazem a diferença:
- Apoiar iniciativas como o CVV, que oferecem escuta ativa gratuita.
- Investir em políticas públicas acessíveis de saúde mental e autoestima.
- Incentivar o autoconhecimento por meio de terapias integrativas, como a Terapia de Estilo — que une moda, mitologia grega e psique feminina.
- Criar programas corporativos de saúde emocional, autocuidado e bem-estar no trabalho
Cada gesto de atenção é uma oportunidade de quebrar a invisibilidade do sofrimento. Quando reconhecemos sinais silenciosos, proporcionamos possibilidade de prevenção e resgate.
Deusa Perséfone: A embaixadora do setembro amarelo
Como consultora de imagem integrativa, utilizo os arquétipos das deusas gregas para ajudar minhas clientes a compreenderem comportamentos emocionais e escolhas visuais. Perséfone é um exemplo poderoso: após ser raptada por Hades, ela desce ao submundo, enfrenta a escuridão e retorna à luz. Esse mito reflete a experiência de quem atravessa a depressão ou convive com pensamentos suicidas. A escuridão não é ausência de vida, mas um campo fértil para recolhimento, nutrição e renascimento.
A dor, a solidão e a perda podem se tornar portais para o despertar do poder pessoal. Assim como uma semente precisa de um espaço escuro e protegido para se fortalecer, revitalizar e florescer, nós também necessitamos, em certos momentos, de recolhimento; longe da luz intensa e do excesso de estímulos que nos desgastam. Estar em silêncio e sob proteção, em fases específicas da vida, é fundamental para que nossas raízes se revigorem e nossa vida interna se reorganize antes de se abrir novamente ao mundo.
No mito de Perséfone, essa sabedoria se revela: ela desce ao submundo, atravessa o “outono” e o “inverno” de sua alma, para depois renascer na primavera e florescer no verão. Cada estação simboliza um ciclo necessário: recolhimento, regeneração e, por fim, florescimento. Assim, nossas fases de distanciamento e introspecção não representam o “fim”, mas sim a preparação essencial para a vida plena que nos aguarda.
Regenerar: da dor à força pessoal
Como Consultora de Imagem Integrativa, vejo diariamente o potencial de cada mulher para transformar sua dor em soberania. Nesse sentido, a Terapia de Estilo e os arquétipos das deusas gregas oferecem caminhos para enxergar além do que os olhos mostram: A estética deixa de ser um “detalhe fútil” e se torna uma ferramenta poderosa de valorização à vida.
Em suma, o 4º Fórum de Prevenção e Combate ao Suicídio – Setembro Amarelo, realizado pelo Instituto Mulheres Extraordinárias de São Bernardo do Campo, foi um convite à atenção e à ação. O evento trouxe à tona a urgência de não ignorarmos os sinais silenciosos de sofrimento, sejam eles refletidos na aparência, no comportamento ou nas escolhas estéticas. Escutar, acolher e oferecer direcionamento efetivo é um ato de amor e cidadania — e pode fazer toda a diferença para salvar uma vida.
Se este artigo despertou reflexões ou trouxe novos olhares sobre sua relação com a imagem e o autocuidado, seja na vida pessoal ou profissional, mencione que leu na Revista AnaMaria Digital. Será um prazer conversar com você e explorar como autoconhecimento e expressão visual podem caminhar juntos de forma autêntica.
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