O último capítulo de Vale Tudo, que foi ao ar na noite de ontem, 17/10, só comprovou uma percepção que eu alimentava há alguns meses sobre a personagem Heleninha, interpretada lindamente por Paola Oliveira: a de um olhar perverso e cruel por parte dos autores em relação à personagem.
Isto porque Heleninha passou quase a novela toda se lamentando com uma profissional de saúde mental que, em nenhum momento, indicou o alcoólicos anônimos (AA) como ferramenta complementar à recuperação, sendo esta forma de terapia muito eficiente para pessoas alcoólatras. Sim, vou usar aqui a palavra “alcoólatras”, porque até a tentativa de educar sobre uma nova nomenclatura, “alcolistas”, foi piegas e tosca. Pareceu militância de ensino médio.
Finalmente, quando Heleninha começou a frequentar o AA, o espaço se tornou cenário da vingança da personagem Ana Clara (Samantha Jones), e não do aconselhamento ou educação da população. Ou seja, todo o seu sentido e importância foram esvaziados na trama.
Mas Heleninha seguiu firme, apesar da mão pesada da autora, Manuela Dias.
Por fim, nos últimos capítulos da novela, Heleninha desmascarou a mãe e se livrou da culpa de ter matado o irmão, mas, parafraseando a própria Heleninha de 1988, em um diálogo clássico com Odete: “não foi o suficiente. Você queria mais, queria me destruir”…
Foi então que Heleninha se envolveu na trama do assassinato – após um capítulo romantizando um possível suicídio, com imagens lindas em um abismo e texto de despedida, o que por si só é um pouco absurdo na TV aberta.
No final, no capítulo exibido ontem, depois de tanto e tanto sofrimento, a personagem terminou a trama na cadeia, acreditando ter matado a própria mãe.
Enquanto Odete fugiu em um helicóptero, César (Cauã Reymond) e Fátima (Bella Campos) seguiram impunes, Heleninha estava lá, destruída! Uma pessoa doente, mas com o coração bom, totalmente destruída!
Que perversidade, não ? Faltou esperança para ela e tudo o que ela representou na trama! Detestei !