As produções de “True Crime” avançam em ritmo alucinado. A última a ser lançada no Brasil, na última sexta-feira (18/10), pelo Prime Vídeo, e que se chama “Maníaco do Parque: um serial killer brasileiro”, já está em primeiro lugar na plataforma entre as mais vistas do país. Para quem não conhece a história original, o filme relembra os crimes de Francisco de Assis Pereira, que atraia mulheres jovens para o Parque do Estado, na região de Jabaquara, em São Paulo, e depois as matava e estuprava. Os crimes aconteceram entre 1996 e 1998. Ao todo, 11 mulheres foram mortas e 13 foram atacadas, e conseguiram sobreviver. O corpo de uma delas nunca foi identificado.
Olhar feminino
Esta produção do Prime Vídeo tem uma proposta interessante: a de contar a história por meio de um olhar feminino. Para isso, eles criaram uma personagem chamada Helena (Giovana Grigio), que na trama é uma jornalista que além de investigar os homicídios, também luta para que as mulheres sejam o foco da narrativa, mas não o criminoso. É claro, esta perspectiva está contaminada pelo olhar dos dias de hoje. Sabemos que, naquele tempo, as coisas não eram daquele jeito. Apesar disso, esse foco feminino e na personagem Helena é um grande acerto, afinal, pra que contar a história de um monstro e retraumatizar os familiares das vítimas, ganhar dinheiro e fama à toa? Precisa ter uma lição de moral disso tudo mesmo.
Silvero Pereira: um monstro da atuação!
Pra quem já era fã do ator Silvero Pereira, vai ficar ainda mais impressionado pela forma como ele dá vida a este personagem. Interlacando trejeitos infantis e olhares cruéis, o Maníaco do Parque retratado por ele é muito assustador, doentio e, mesmo assim, tem nuances de humanidade, como a cena na qual ele se livra dos próprios patins em um rio. Outro trecho humano do psicopata é quando ele agradece ao antigo chefe por “tudo de bom o que ele fez”. A atuação brilhante de Silvero mostra bem o quão doentia é a mente de alguém como ele. Foge muito do maniqueísmo que já vimos antes.
O grande sonho do Maníaco do Parque
Mesmo assim, bate um receio de assistir a um filme do gênero. Isto porque, como o próprio filme demonstra, Francisco de Assis, o assassino original, tinha o desejo de se tornar famoso, mesmo que “nas páginas policiais”. Pois bem, dito isso, fico pensando no quanto este tipo de filme contribuí para a obra pessoal do assassino. Estaríamos todos satisfazendo um desejo pessoal dele? Em certa medida, sim!
Segundo a legislação brasileira, o tempo máximo de prisão no país é de 30 anos, mesmo quando o criminoso é condenado a mais anos na sentença. Por isso, em agosto de 2028, ele poderá ser solto. Dessa forma, esperamos que este filme sirva para que a justiça mantenha preso o assassino original que, em liberdade, pode voltar a atacar a qualquer momento.