Nascida em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, Thalita Zampirolli sempre soube que os holofotes eram seu destino. Aos 13 anos, já era musa mirim de um bloco carnavalesco, e desde então, sua trajetória virou um manifesto de resistência e glória. Hoje, aos 36 anos, ela é muito mais que uma artista: é a primeira mulher trans brasileira a estrelar em Hollywood, rainha de bateria em escolas de samba tradicionais e uma voz que ecoa para diversas pessoas nas redes sociais, onde seus 3 milhões de seguidores testemunham sua jornada de autenticidade e coragem.
Thalita não apenas ocupa espaços, ela os transforma! Formada em Artes Cênicas e Desenho Industrial, construiu uma carreira que desafia estereótipos. Na TV, marcou presença em novelas como “A Força do Querer” e “Malhação”, ambas da Rede Globo, onde sua atuação foi tão poderosa quanto seu discurso sobre representatividade. No cinema, emocionou ao lado de Vera Holtz em “Berenice Procura”, interpretando Michele Glamour, uma dançarina cuja história escancarou as dores e as delícias de existir como mulher trans no Brasil. Mas foi em Hollywood, como a primeira brasileira trans a brilhar no cinema internacional, que ela sentiu o peso e a beleza de seu lugar: “Cada cena que eu filmava era maior que eu. Era por todas nós que sonhamos com um mundo onde cabemos”, afirma.
E o mundo de Thalita é vasto. De Boston, onde administra seu instituto de beleza, às passarelas do Carnaval, ela não para. Em 2026, retorna à Marquês de Sapucaí como rainha de bateria da Unidos da Ponte, após reinar em escolas como Camisa Verde e Branco e Chegou o Que Faltava. “O Carnaval é meu lar. É onde a arte e a resistência se encontram”, diz, lembrando que, para uma mulher trans, desfilar com orgulho já é um ato político.
Mas Thalita não se contenta em apenas existir, ela quer inspirar. “Minha vida é a prova de que o impossível é só uma opinião”, reflete. Sua rotina, compartilhada com veracidade e encanto nas redes sociais, revela uma disciplina feroz (como a dieta de 25 ovos por dia para manter seus 10% de gordura corporal) e uma vulnerabilidade que humaniza a figura pública. “Treino até de madrugada, mas também choro, duvido, recomeço. Ser trans é sobre isso: resistir e, ainda assim, permitir-se ser humana”.
E é essa humanidade que a torna tão poderosa. Quando fala sobre seu papel como mãe no filme “Sopro”, ou quando detalha seus projetos futuros — entre eles, novas incursões no cinema internacional —, Thalita deixa claro que sua luta não é só por ela. “Quero que toda pessoa trans veja em mim a possibilidade de ser mais que uma sobrevivente. Podemos ser estrelas, rainhas, mães, o que quisermos”.
Neste Mês do Orgulho LGBTQIA+, Thalita Zampirolli não celebra apenas quem é, mas quem ainda vai se tornar. E principalmente, quem ela ajuda a libertar. “Ainda somos assassinadas, ainda somos marginalizadas, mas estamos aqui. E não vamos voltar para o armário”. Sua existência, afinal, já é a revolução.