Renata Brás está de volta aos palcos com um projeto que promete arrancar risadas e reflexões do público. Em A Ciumenta, monólogo dirigido por André Dias e em cartaz às sextas-feiras de setembro, na Casa de Artes SP, a atriz transforma em humor algumas das dores mais comuns da vida a dois: o ciúme, a insegurança e os relacionamentos tóxicos.
Na trama, ela interpreta uma mulher que, ao perceber estar presa a um ciúme doentio por um marido nada atraente, inicia uma divertida — e ao mesmo tempo emocionante — jornada de autoconhecimento. O espetáculo mistura drama e comédia para abordar temas universais como autoestima e saúde mental, sempre com a leveza do riso.
Renata revela que parte da inspiração veio de vivências pessoais. “Só quem já foi traído — no meu caso, em dose dupla, por um noivo e uma amiga — entende o quanto machuca. No começo doeu muito, mas hoje falo disso sem peso, porque ficou no passado e aprendi a lidar. Do limão eu fiz uma limonada: levei minhas histórias para o palco e transformei a dor em humor. Esse foi o meu processo — rir de mim mesma e, ao mesmo tempo, compartilhar com o público algo em que muitos se identificam, porque quase todo mundo já passou por uma traição, já traiu, perdeu ou se arrependeu. Faz parte da evolução.”
O espetáculo dialoga diretamente com quem já experimentou traições, relacionamentos abusivos ou simplesmente aquele incômodo do ciúme sem motivo. Para a atriz, o humor tem uma função que vai além da diversão: “Acredito muito que o riso tem um poder curativo. Quando a gente ri de algo que doeu, é sinal de que já cicatrizou. O humor não apaga a dor, mas ajuda a ressignificar. Em A Ciumenta, levo para o palco situações que poderiam me derrubar, mas que hoje me fortalecem. A peça dialoga diretamente com saúde mental, porque mostra que é possível transformar experiências difíceis em aprendizado e dar a volta por cima. Também toca na autoestima, já que rir de si mesma é uma forma de empoderamento, e fala de relacionamentos tóxicos de maneira leve, para que o público se reconheça, reflita e, quem sabe, saia dali mais forte e mais consciente das próprias escolhas.”
Com uma linguagem acessível e toques de confissão pessoal, A Ciumenta também abre espaço para reflexões sobre o universo feminino. “Todas nós, em algum momento, já nos sentimos insuficientes, comparadas ou até ridículas por causa do ciúme. Nos chamam de loucas, mas basta olhar os números de feminicídios motivados por ciúmes para perceber que é algo sério a se pensar. Nós, mulheres, passamos por muitas questões hormonais e, quando chega a menopausa, tudo fica ainda mais desafiador. A mensagem que quero deixar é que está tudo bem não sermos perfeitas. Quero que mulheres de todas as idades saiam do teatro se sentindo mais leves, com a autoestima renovada e percebendo que podem rir de si mesmas. O humor liberta e mostra que nossas dores não nos definem — o que nos define é a força de seguir em frente. Ah, e os homens são muito bem-vindos: costumam gostar bastante da peça, porque ciúmes é um tema que atinge a todos. Então, sejam todos bem-vindos ao teatro! Rir, se divertir e refletir.”