Fazendo sucesso como o Velho do Rio na novela ‘Pantanal’, Osmar Prado vive mais uma excelente fase na sua brilhante carreira como ator. Em entrevista exclusiva à revista AnaMaria Digital, o veterano da Globo, que iniciou sua trajetória nas telinhas em 1958, fala sobre seus personagens marcantes e sobre seu momento atual na dramaturgia.
Questionado se tem alguma cena preferida do Velho do Rio, Osmar afirma que todas elas são intensas, destacando duas: a da “queimada” e a do monólogo do envenenamento dos rios. Ainda sobre ‘Pantanal’, o ator fala sobre como foi o convite para fazer parte da trama.
“A primeira opção da Globo [para o papel] foi o Fagundes, mas com a sua recusa, o diretor Rogério Gomes me telefonou, convidando-me para o papel. Fui tomado por uma forte emoção porque o Papinha me disse: ‘Olá, Véio’. Foi demais pra mim”, conta ele.
A respeito das gravações no bioma, Osmar Prado revela que tem sido fascinante, bem como aponta que as condições atuais são muito melhores do que os atores enfrentaram na primeira versão da novela — em 1990.
“Os heróis de 90 abriram a picada, nós, a estrada, com tecnologia sofisticada, planejamento, muita vontade e coragem. Afinal, trata-se de um remake de enorme sucesso. Durante as filmagens, não tomei nenhum susto, a não ser quando tivemos um surto de Covid, antecipando o nosso retorno em uma semana. Vi onça, vi jacaré, mas sempre à distância”, conta o veterano da TV.
Finalizando as questões sobre a novela de sucesso, em relação ao seu personagem — o Velho do Rio —, Osmar destaca que o que foi mais desafiador nesse processo foi recriá-lo, e não imitá-lo.
PERSONAGENS MARCANTES
Além do Velho do Rio, Osmar Prado já deu vida a diversos personagens importantes na história da televisão brasileira, como o psicopata Clóvis, de ‘Sangue do Meu Sangue’, trabalho este que fez o ator ganhar prêmios.
“Numa cena de grande dramaticidade cínica de Clóvis, o Henrique [diretor], após o ensaio, virou-se pra mim e disse: ‘Você é um tarado’. Então, percebi que estava no caminho certo. Recebi o prêmio de melhor ator, troféu Imprensa, por esse trabalho”, destaca ele.
Uma cena marcante e uma das mais bem feitas da história da teledramaturgia foi a morte do Tião Galinha em ‘Renascer’. E Osmar Prado aproveitou para contar uma curiosidade a respeito dessa filmagem.
“Eu pedi ao Benedito Rui Barbosa que antecipasse a morte do Tião porque eu ia estrear uma peça em São Paulo. Na cena, o Tião seria preso por desacato à autoridade, numa confusão gerada por ele mesmo. No caminho para Niterói, onde gravaríamos a cena, eu disse ao Luiz Fernando Carvalho [diretor] que faltava alguma coisa, algo mais contundente que justificasse o seu suicídio dentro da cela, e ele me perguntou o que seria. ‘Uma bofetada na cara’, respondi. E assim foi feito. Uma bofetada na cara de um homem digno, você mata ele, o resto é consequência”, enfatiza.
Outra novela de sucesso que contou com Osmar Prado no elenco foi ‘Chocolate com Pimenta’, a qual está voltando às tardes da Globo. Na trama, o ator interpretou o divertido cozinheiro Margarido. Durante o bate-papo, ele aproveitou para contar uma curiosidade sobre os bastidores da novela.
“Eu não sei cozinhar, quanto mais confeitar bolos. Não faltei a nenhuma aula de preparação de personagem. Dediquei-me com afinco e não me sai mal da tarefa. A família caipira me remeteu à minha própria, todos de São Paulo. O meu pai, cuja a infância foi toda passada no interior, em Serra Negra, foi minha referência, como se ele estivesse ao meu lado, divertindo-se durante toda a gravação da novela”, conta Osmar Prado.
Por fim, o ator revela que seu processo de construção de personagens é muito intuitivo, além de contar com muita imaginação. Osmar Prado ainda revela que não lhe falta dar vida a nenhum personagem específico, deixando claro que há um acordo: “Eu não fujo deles, nem eles me perseguem… A gente se encontra, como a morte”, finaliza o artista.