Apresentador do SBT, jornalista multiformado e dono de um estilo que combina calma, firmeza e proximidade com o público, Marco Pagetti abre o jogo sobre sua trajetória, dos bastidores aos estúdios e revela como concilia rotina intensa, família e paixão pelo jornalismo popular.
Dos bastidores ao vídeo: a base que nunca se perde
Marco Pagetti começou cedo, aos 14 anos, trabalhando como contra-regra nos bastidores da televisão. Hoje, no Aqui Agora e circulando pelas ruas em reportagens especiais, ele conta que aquela fase moldou tudo o que viria depois.
Você começou nos bastidores ainda bem jovem, com 14 anos! O que daquela fase de contra-regra e no início da carreira você ainda leva pra frente das câmeras hoje?
Marco Pagetti: “Carrego muita coisa. Graças ao trabalho nos bastidores, hoje consigo ter mais noção da parte técnica: luz, som, posicionamento pra um ângulo melhor da imagem, e ajuda até a saber o que pedir para os colegas para ter um bom resultado final. Além da bagagem técnica que a experiência me deu, tem algo maior que carrego comigo: reconhecer a importância que toda a equipe tem no trabalho audiovisual, e que o resultado é fruto da colaboração de todos. Na TV (e na vida), ninguém faz nada sozinho.”
O retorno do Aqui Agora: história, memória e reinvenção
O clássico jornalístico marcou a TV brasileira desde os anos 90 e a história pessoal de Marco.
O Aqui Agora é um clássico da TV brasileira. Quando soube que o programa voltaria e que você estaria, o que bateu mais forte: o peso da história ou a vontade de fazer diferente?
Marco Pagetti: “Acho que o fazer diferente sem esquecer as raízes. O Aqui Agora é um marco no jornalismo e na minha vida também. Lembro muito da minha infância da voz cavernosa do Gil Gomes contando as histórias, o Wagner Montes falando com o povo e aquela mistura que tornava o programa único. Quando fui convidado, primeiro para os pilotos do programa e depois pra bancada, minha vontade sempre foi criar um programa interessante como era a primeira versão, mas atual, com a agilidade que o tempo de agora pede.”
Comunicação completa: jornalismo, publicidade e rádio como base
Você tem formação em Jornalismo, Publicidade e Rádio, três áreas bem diferentes, mas complementares. Essa mistura ajuda no jeito como você se comunica com o público?
Marco Pagetti: “Com certeza. A minha primeira formação foi em Publicidade e isso me trouxe uma noção importante de público, de adequar a comunicação e de tornar o discurso algo interessante. O rádio me deu uma oratória melhor, mais proximidade no contar das histórias e com quem ouve a notícia. O jornalismo chegou pra amarrar tudo isso, me trazendo uma experiência importante sobre ética, apuração e construção de narrativa. No fim, uma coisa foi se somando a outra, ajudando o principal: tornar a informação agradável, interessante e relevante para quem a recebe.”
Agilidade com responsabilidade: o desafio das fake news
O novo Aqui Agora tem um ritmo rápido, linguagem próxima do povo, mas sem perder a credibilidade. Como equilibrar tudo isso em tempos de redes sociais e fake news?
Marco Pagetti: “Cada notícia que trazemos no Aqui Agora é checada e rechecada antes de ir ao ar. Tivemos episódios de denúncias que não se confirmaram, e não foram ao ar. Assim como casos de imagens criadas com Inteligência artificial, que, graças ao trabalho de apuração, não foram noticiadas como algo verdadeiro. As fake news chegam como nunca, potencializadas pelas ferramentas de IA, e nosso trabalho no jornalismo nunca foi tão necessário. A agilidade é fundamental, mas a verdade é indispensável.”
A rua como escola: o jornalista repórter
Você já viveu de tudo: bastidores, reportagem de rua, edição e apresentação. Qual dessas fases mais te marcou e te transformou como jornalista?
Marco Pagetti: “A reportagem. É na rua que as histórias acontecem. Vivi mais de 12 anos como repórter, fui pra bancada do Aqui Agora e estou de volta às reportagens para produzir conteúdos especiais para o programa e nosso noticiário do SBT. Minhas maiores vicências foram na reportagem, ouvindo as pessoas, contando histórias, vivendo esses momentos. A experiência da rua é transformadora e a reportagem é uma escola que nunca termina.”
Um estilo que muda com a pauta e sempre com respeito
Muita gente comenta que você transmite calma e firmeza no vídeo. Esse estilo é natural ou foi algo que você foi lapidando com o tempo?
Marco Pagetti: “Acho que meu estilo varia de acordo com o assunto. Quando o tema é mais sério, tento ser o mais firme e respeitoso possível. Muitas vezes trazemos notícias difíceis, como a morte de alguém, e tento me colocar no lugar daquela família que ouve a notícia. Por isso, o tom mais sóbrio. Não acho legal fazer graça com a desgraça dos outros, por isso não pratico isso. Na cobertura de tragédias ou manifestações, eu me enfio no meio das pessoas pra ouvir os relatos de quem está ali, e é adrenalina pura. Mas, quando a pauta permite algo mais solto, eu confesso que adoro! Gosto de dar risada, de brincar com os entrevistados, de levar alegria na informação. (Nos bastidores, na redação, eu brinco muito com meus colegas, estou sempre fazendo uma piadinha, é de mim isso rs).”
Jornalismo popular como ponte
Na sua visão, o jornalismo popular bem feito pode ser uma ponte entre o público e assuntos mais complexos? O Aqui Agora tem esse papel hoje?
Marco Pagetti: “Com certeza. O jornalismo popular é feito pra explicar a informação para o povo, em uma linguagem que ele entenda. No jornalismo, nós tentamos traduzir muita coisa para o público. Termos jurídicos, econômicos, políticos, policiais… São muitos detalhes que a gente filtra e tenta resumir de forma que faça sentido para quem recebe a notícia. E no Aqui Agora é exatamente o que tentamos fazer. Não só dar a notícia pela notícia, mas explicar, contextualizar, mostrar como a notícia mexe com a vida das pessoas… É um jeito que todos podem entender, seja lá qual for o conhecimento da pessoa, sem menosprezar ninguém.”
Marco fora das câmeras: família, cozinha, música e simplicidade
E quando as câmeras se desligam, como é o Marco fora da TV? O que você gosta de fazer nas horas de folga e como a família entra nessa rotina tão corrida da TV?
Marco Pagetti: “Ah, eu adoro ficar com minha família. Tenho um filho de 4 anos, então meu (pouco) tempo de folga tiro pra brincar com ele, vamos eu, minha esposa e ele aos parques aqui em São Paulo sempre. Quando a folga é maior, dou sempre um pulo na praia pra ver meus pais e irmãos, que moram em Guarujá, cidade onde me criei. Ainda tenho muitos amigos no Litoral, é o “meu lugar” rs. Também gosto de tocar um violão em casa, jogo meu videogame e quando vou folgar no dia seguinte, gosto de fazer uma “noite de boteco” em casa, com uns petiscos e uma cervejinha artesanal, assistindo uma série com a patroa. Adoro cozinhar e preparar uns pratos diferentões. Vc tem que provar minha lasanha um dia!! Receita minha especial! Kkkkkk. E, se for fazer um churrasco com um pagode, pode me chamar que sou presença garantida! Até assumo a churrasqueira se precisar, eu amo um churrasquinho entre amigos. Sou um cara simples, com gostos simples e uma vida simples, que tenta transformar o mundo num lugar melhor. E, se não der pra mudar o mundo todo, que eu possa melhorar pelo menos o que está ao meu alcance.”
