Aos 37 anos, o ator brasileiro-americano Haysam Ali vive uma fase de reconhecimento e colhe os frutos de uma trajetória marcada por coragem e reinvenção. Sua vida começou a mudar em 2012, quando participou do reality “A Fazenda de Verão”, que o apresentou ao grande público no Brasil. Anos depois, ele decidiu recomeçar fora do país e, radicado nos Estados Unidos há uma década, tem se destacado em produções teatrais e audiovisuais que vão do drama psicológico ao clássico shakespeariano.
Antes de brilhar nos palcos, Haysam teve uma estreia marcante nas telas com o curta-metragem “Play”, disponível na Apple TV+. No filme, ele interpreta Henry Costa, um homem sensível que sofre bullying. A atuação comovente rendeu elogios e mostrou, logo de início, sua capacidade de se conectar com temas delicados de maneira profunda e sincera. “Foi um trabalho transformador. Interpretar o Henry me deu a oportunidade de abordar uma ferida social importante e, ao mesmo tempo, mostrar a fragilidade humana com empatia”, conta o ator.
Mas foi nos palcos que Haysam encontrou sua grande vitrine: com o espetáculo “Vampire of Rio”, baseado na história real do serial killer Marcelo Costa de Andrade, conhecido como Vampiro de Niterói, ele mergulhou em um papel sombrio e emocionalmente exaustivo. A entrega foi tanta que o trabalho é considerado um verdadeiro divisor de águas em sua carreira. “Mesmo contra meus princípios, tive que aceitar aquele personagem e enxergar o mundo através dos olhos dele. Foi um trabalho intenso e necessário”, relembra.
Logo após essa imersão no lado mais obscuro da alma humana, Haysam surpreendeu ao assumir o papel de Benvolio, na releitura moderna de “Romeu e Julieta”. Se no texto original o personagem tem presença discreta, na nova versão ganhou protagonismo como figura conciliadora. Para o ator, foi um desafio técnico e emocional: “A linguagem de Shakespeare exige concentração, mesmo para quem é fluente em inglês. Mas também foi um respiro, uma leveza depois de dois trabalhos muito pesados”, afirma.
Ao refletir sobre os desafios profissionais, Haysam diz que construiu sua carreira nos Estados Unidos sem atalhos. “Não entrei em Hollywood por uma porta pronta. Tive que criar a minha própria porta de entrada”, diz ele, citando a inspiração no livro The Third Door, de Alex Banayan. “A mensagem é clara: às vezes, a gente precisa criar nossa própria oportunidade.”
Apesar do sucesso nos EUA, o ator faz questão de manter viva sua conexão com o Brasil. “Sem dúvida, o Brasil é minha casa. Quero levar minha arte para o público brasileiro e construir pontes entre os dois países”, afirma. Ele, inclusive, já estuda maneiras de trazer o espetáculo do “Vampiro de Niterói” para os palcos nacionais, unindo sua bagagem internacional ao desejo de reencontrar suas raízes.