Nunca se ouviu falar de tantos nomes de atores e atrizes com o boom do audiovisual desde o advento dos streamings e inúmeras plataformas que entregam diariamente produções de dramaturgia. E para que isso aconteça, um trabalho de base é essencial, o bom gerenciamento da carreira dos artistas que estamparão as telinhas e telonas.
E neste crescimento do mercado, novos nomes de agentes foram revelados, e aí que surgiu o nome de Luiz Gwyer, com quem conversamos um pouco. Responsável pelo gerenciamento de várias carreiras relevantes como da atriz Solange Couto, Myrian Rios e do galã Sidney Sampaio, o niteroiense que desde os 13 anos se envolvia com as artes, estudou jornalismo, formou-se em marketing e se apaixonou pelo ofício da estratégia de imagem e gerenciamento de carreira de talentos.
Ana Maria: Luiz, como surgiu a ideia de gerenciar carreiras?
Luiz Gwyer: Sempre fui apaixonado por esse universo das artes, de todos os processos, desde as pré-produções em estúdio dos artistas de música, como também o trabalho de preparo de atores para o mercado. Vivi de perto das duas realidades, mas não segui a diante. Trabalhei como artista de música por um tempo e atuei em trabalhos pontuais em teatro e cinema, mas me apaixonei mesmo pelo backstage, pela viabilização e gerenciamento de projetos e carreiras.
Ana Maria: Como foi o processo até chegar à carreira de agente de talentos?
Luiz Gwyer: Eu já havia trabalhado em uma agência de talentos infantis, mas na área de comunicação e marketing. Auxiliava em várias outras coisas lidando com os artistas. Depois pedi demissão em 2017 e fui trabalhar com assessoria de imprensa e prestei serviço gravadoras na área de estratégia de imagem até abrir minha agência. A Multielenco surgiu em 2019, estava crescendo com uma rapidez surpreendente, aí veio a pandemia e fechei logo antes de surgirem dívidas. Depois disso meu telefone tocou, era Solange Couto e o agente surgiu.
Ana Maria: Então tudo começou com a Solange Couto? Ela foi a 01?
Luiz Gwyer: Solange é um caso de amor! Ela me ligou, estava desanimada, meio sem perspectiva, e eu perdidinho ainda com o fechamento da Multielenco. Nos reunimos em um botequim, ela me perguntou se eu aceitava ser agente dela, que tinha boas referências sobre mim, eu disse que aceitava, mas que não saberia negociar com uma Rede Globo, mas que tentaria. Estamos juntos caminhando para quatro anos, já fechamos Globo, Amazon, Multishow, Globo Filmes, dezenas de outros contratos e isso fez minha carreira acontecer e a dela despontar como nunca.
Ana Maria: Esse trabalho com a eterna Dona Jura então te deu visibilidade?
Luiz Gwyer: Sim, o meu trabalho com a Sol foi um case de sucesso, ela se permitiu e embarcou nas minhas propostas e estratégias, em pouco tempo ela estava fazendo publicidade como nunca e trabalhando em produtos de dramaturgia em formatos diferentes. Essa volta da Solange me deu visibilidade e a procura por meu trabalho aconteceu, outros artistas começaram a me ligar.
Ana Maria: E quem hoje está no seu cast?
Luiz Gwyer: Tenho um mix de perfis, tento não ter vários artistas do mesmo perfil, como trabalho com exclusividade, é o mais justo manter essa seletividade. Hoje tenho Solange Couto, Sidney Sampaio, Myrian Rios, Felipe Folgosi, Bianka Fernandes, Juliana Kelling, Júlio Oliveira, Fred Volkmann, Stephano Matolla, Luciana Furlan e André Gonçalves.
Ana Maria: E como é gerar oportunidade para tantos artistas?
Luiz Gwyer: Todos os dias eu acordo e penso, o que posso fazer para agregar na vida dos meus artistas? Porque eles confiam a carreira deles na minha responsabilidade, não posso ficar esperando o telefone tocar e alguém me pedir. O agente que só tira pedido não tem noção da responsabilidade que assumiu ao aceitar um profissional no seu cast, eu tenho essa consciência e responsabilidade.
Ana Maria: Mas seu trabalho com eles é focado diretamente na captação de trabalho?
Luiz Gwyer: Faço um trabalho 360, desde a estratégia de imagem até a elaboração do melhor material para apresentá-los aos produtores e diretores de elenco. Eu faço questão, quando eles se permitem, a entender as falhas nas redes sociais e proponho soluções. Faço um planejamento de produção de conteúdo pautando com o estudo de perfil de cada audiência, para gerar números e consequentemente publicidade. Faço conexões interessantes com a imprensa, propondo pautas que mostrem o repertório de experiências que cada um tem no mercado e busco entender os novos projetos que conversem com os perfis deles para possíveis contratações.
Ana Maria: Você tem algum critério específico para um talento trabalhar com você?
Luiz Gwyer: Depois da Solange e do Sidney, eu queria continuar com nomes de peso, e dei umas patinadas, porque não é isso que faz um escritório acontecer. A minha escolha hoje tem um cuidado maior, o talento tem que ser gerenciável, ter escuta, ser um bom profissional e uma pessoa boa de lidar. Não posso levar um problema para um diretor, nem um dificultador para uma obra, isso me queima, e se fecha a porta pra mim por causa de um talento, fecha a porta para os outros artistas que confiam em mim. Pode parecer lírico, mas eu agora escuto muito minha intuição e coração.
Ana Maria: E como se prepara para ser um agente de talentos?
Luiz Gwyer: Olha, meu preparo vem da junção de muitos olhares repertório de experiências e pesquisa continua. Não tem um curso, uma receita, até porque estamos cuidado de indivíduos diferentes, com sonhos completamente distintos e, mesmo que sejam da mesma categoria, são carreiras também muito diferentes. A maneira que trabalho uma carreira não se aplica a outra, nem a forma de tratar um talento é igual ao trato com outro, com isso não tem como seguir um manual.
Ana Maria: Alguma dica para aspirantes a agentes ou para quem busca um novo agente?
Luiz Gwyer: Sou ainda muito “jovem” no mercado, mas com muita vontade de sempre dar certo em tudo que proponho a fazer. Minha sugestão é sempre levar a carreira confiada como uma missão, acordar e dormir pensando na responsabilidade de honrar a confiança que te deram. Sobre o critério que um artista deve ter em procurar um agente, façam uma pesquisa, evitem os escritórios que esperam o telefone tocar, entendem se o agente vai propor um planejamento, se ele quer somar na sua carreira e vida mais do que usufruir da comissão de um trabalho que foi realizado.
