Por trás das vitrines elegantes e dos doces impecáveis de uma charmosa confeitaria em Ipanema, está a história de um sonho que atravessou o oceano. O francês Sacha Lecoanet trocou sua terra natal, a região de Lorraine, no nordeste da França, pelo Rio de Janeiro — e encontrou aqui o lugar ideal para unir tradição e afeto.
Filho e neto de padeiros, Sacha cresceu cercado pelos aromas de pão fresco e manteiga dourada. Foi com o avô, Fernand, que aprendeu as primeiras lições sobre paciência, precisão e orgulho pelo ofício. “Desde criança eu ficava perto do forno, vendo meu avô repetir os mesmos gestos todos os dias. Ele fazia tudo com amor e respeito pela tradição. Isso ficou comigo para sempre”, conta.
A paixão pela confeitaria floresceu cedo. Em Lyon, considerada a capital gastronômica da França, Sacha aprendeu a valorizar cada ingrediente e desenvolveu uma filosofia que leva até hoje: simplicidade, excelência e respeito à matéria-prima. Inspirado por grandes mestres como Joël Robuchon e Paul Bocuse, ele acredita que o segredo de um bom doce está na honestidade do sabor.
A chegada ao Brasil aconteceu por acaso, durante um intercâmbio. “Vim para o Rio e me apaixonei pela cultura, pela energia das pessoas e por essa atmosfera mágica que só o Rio tem. Decidi que não queria mais ir embora”, relembra.
Ao se estabelecer na cidade, percebeu que havia espaço para uma confeitaria que unisse autenticidade francesa e o calor carioca. Assim nasceu a Maison Fernand — uma homenagem direta ao avô que inspirou toda a sua trajetória. “Quis criar um lugar realmente francês, não apenas no nome, mas na alma e na técnica. Um pedacinho da França no Brasil, feito com o mesmo orgulho dos pequenos padeiros da minha infância.”
Autodidata e curioso, Sacha aprendeu o ofício com prática e estudo. Suas referências incluem chefs como Christophe Michalak, Pierre Hermé e Cédric Grolet, nomes que, segundo ele, souberam reinventar a tradição sem perder a essência.
Hoje, seu trabalho é reconhecido pelo cuidado e pela fidelidade às receitas clássicas. Croissants folhados com manteiga pura, doces em forma de frutas que parecem obras de arte e tortas que equilibram sabor e delicadeza fazem sucesso entre os apaixonados por confeitaria.
“O que mais me emociona é quando alguém entra e diz que se sente na França. É isso que quero transmitir: uma pausa doce, uma experiência autêntica e sensorial”, afirma.
Mais do que uma pâtisserie, o espaço de Sacha reflete uma filosofia de vida: valorizar o artesanal, a tradição e o tempo — aquele que a pressa moderna insiste em apagar. Em cada doce, um elo entre passado e presente, entre a França da infância e o Rio que o acolheu.








