No Dia do Médico, celebrado em 18 de outubro, é importante lembrar que a prática de curar vai muito além dos consultórios e hospitais modernos. Antes da medicina científica se consolidar, a cura era conduzida por pajés indígenas, curandeiros afro-brasileiros e benzedeiros populares, que usavam o conhecimento da natureza, das plantas e dos rituais espirituais para restaurar o equilíbrio do corpo e da mente. Esses mestres da tradição popular e ancestral tratavam doenças físicas e espirituais com sabedoria empírica, mostrando que a saúde sempre esteve ligada a uma visão integral do ser humano.
“Quando falamos de cura no Candomblé, falamos de restaurar o axé, a energia vital que nos liga à natureza e aos orixás”, explica Pai Olavo, terapeuta, psicanalista e sacerdote de Ifá. “A doença, muitas vezes, é um sinal de desequilíbrio. E o primeiro passo é ouvir o corpo e buscar reconexão com a terra, com as folhas e com o próprio espírito.”
5 curas tradicionais das religiões africanas que atravessam gerações
No Dia do Médico, celebrado em 18 de outubro, é importante lembrar que a prática de curar vai muito além dos consultórios e hospitais modernos. Antes da medicina científica se consolidar, a cura era conduzida por pajés indígenas, curandeiros afro-brasileiros e benzedeiros populares, que usavam o conhecimento da natureza, das plantas e dos rituais espirituais para restaurar o equilíbrio do corpo e da mente. Esses mestres da tradição popular e ancestral tratavam doenças físicas e espirituais com sabedoria empírica, mostrando que a saúde sempre esteve ligada a uma visão integral do ser humano.
“Quando falamos de cura no Candomblé, falamos de restaurar o axé, a energia vital que nos liga à natureza e aos orixás”, explica Pai Olavo, terapeuta, psicanalista e sacerdote de Ifá. “A doença, muitas vezes, é um sinal de desequilíbrio. E o primeiro passo é ouvir o corpo e buscar reconexão com a terra, com as folhas e com o próprio espírito.”
A seguir, confira cinco práticas tradicionais de cura no Candomblé e no Culto Tradicional que resistem ao tempo e ainda são utilizadas como forma de equilíbrio e bem-estar.
1 – Banho de folhas (omi ìmàsí)
O banho de ervas é um dos rituais mais conhecidos. Cada planta possui axé próprio (vibração espiritual) e uma polaridade energética. No ritual de banho (amaci/abô), não é suficiente escolher uma folha “do Orixá”: é necessário que esse vegetal esteja em sintonia com o diagnóstico espiritual (jogo de Ifá, fundamento, situação da pessoa). Além disso, as folhas devem ser preparadas ritualmente (ativadas com cantos, água de fundamento, oferendas) para que seu axé possa atuar no corpo espiritual e restabelecer o equilíbrio perdido. Cada planta tem um axé, e quando ela toca o corpo, é capaz de resolver problemas e questões. Existe um ditado em Iorubá, que diz : Kò sí ewé, kò sí Òrìṣà. Sem as folhas, os Orixás não existem”, diz Pai Olavo.
2 – Defumação com ervas
Na tradição litúrgica dos cultos iorubás e afro-brasileiros, a defumação não é apenas uma queima casual de ervas aromáticas, mas sim um rito de transmutação energética: ao queimar, libera-se o axé vegetal que, por meio da fumaça, purifica, descarrega e eleva a vibração do ambiente ou da pessoa. A escolha das ervas e resinas deve obedecer ao diagnóstico espiritual feito pelo oráculo. A manipulação exige conhecimento, para que a fumaça atue efetivamente. Resinas aromáticas (como benjoim, olíbano), bem como compostos vegetais concentrados, são valorizadas pelo seu poder mais denso e prolongado. Assim, a defumação torna-se uma ferramenta sagrada dentro da magia espiritual, não mero recurso aromático. uma boa defumação que vende-se pronta em casas de artigos religiosos é o Turari, que limpa, protege e trás energias positivas.
3 – Banho de descarrego com sal grosso e folhas sagradas
Usado para dissipar energias estagnadas, esse ritual une elementos que restauram o equilíbrio natural do corpo espiritual. No culto iorubá, a força das folhas (ewé) está no axé que elas carregam, e o sal atua como condutor que purifica e renova. “Não é superstição, é ciência ancestral. Assim como um remédio age no corpo, o banho age no espírito. Os antigos, ensinavam 3 tipos de banho. Sal grosso puro, mas que tira também um pouco de energia positiva, o banho de sal e açúcar que tira e renova as energias e o banho com sal, açúcar e um pouco álcool para trazer também o elemento da terra,, mais focado em abrir caminhos”, explica o sacerdote Pai Olavo.
4 – Uso de ervas medicinais em chás e infusões
Os curandeiros do Candomblé também utilizam ervas em preparos terapêuticos, respeitando seus princípios ativos. Folhas como boldo, erva-cidreira e manjericão são usadas para tratar desde dores de estômago até insônia. Eu gosto muito do suco feito de folha da fortuna (abamoda), é só colocar 2 folhas e bater no liquidificador. Faz muito bem para o estômago e trás sorte.
5 – Reza e palavra de axé
A força da palavra é sagrada. As rezas, cantigas e invocações aos orixás têm poder de cura emocional e energética. “O verbo é criação. Quando falamos com fé, transformamos a vibração à nossa volta”, conclui Pai Olavo.